terça-feira, 7 de agosto de 2012

ABBÉ PIERRE (1912-2007)

                                                        ABBÉ PIERRE
                                                     (1912-2007)

                                                                    Pe. Francisco de Assis Correia

      Ainda no seminário menor, já ouvíamos falar de padres que, de uma maneira ou de outra, transformavam a vida ministerial, para além das sacristias! Fenômeno que hoje se dá ao contrário. Volta-se às sacristias, às batinas, aos roquetes rendados e barretes... Triste fenômeno!
      Ouvíamos falar (e, às vezes, líamos) de Thomas Merton, de Fulton Sheen, de Damião de Molokai, de Padres Operários ( por exemplo, de Jacques Loew, que viveu no Brasil e conheci pessoalmente em Santo André – SP), Charles de Foucould ( um colega nosso de seminário foi ser Irmãozinho de Jesus – o Benedito Prezia) e... de Abbé Pierre, cujo centenário de nascimento acabamos de celebrar ( 05/08/1912 - 05/08/2012).
      Estudou com os Jesuítas até aos 19 anos. A seguir, foi ser capuchinho. Foi ordenado padre em 24 de agosto de 1938. Por sete anos, permaneceu capuchinho e depois tornou-se padre secular.
      Durante a segunda guerra mundial ajudou muitas pessoas a escapar da policia nazista, falsificou passaportes e ajudou judeus e perseguidos políticos a escapar da deportação para um campo de concentração.
      Foi preso em 1944 e conseguiu fugir para a Argélia, escondido num malote do correio!
      Voltando à França em 1945 foi eleito deputado da Assembleia Nacional Francesa, cargo que ocupou até 1951 quando renunciou em protesto contra uma lei eleitoral que considerou injusta.
      Abbé Pierre se notabilizou pela fundação das Comunidades de Emaús e dos Discipulos de Emaús. Estes vivem exclusivamente do trabalho e da solidariedade em beneficio dos mais pobres e lutando contra as causas da miséria. “As comunidades recolhem coisas velhas, usadas e não necessárias na casa de pessoas, fazem triagem das mesmas, as restauram e vendem em lojas de solidariedade e feiras”.
      Ele também se notabilizou por assumir posições próprias sobre o celibato dos padres, sobre a ordenação de mulheres, sobre a homossexualidade, sobre a renuncia dos papas aos 75 anos e, já idoso, ter confessado publicamente seus próprios pecados. Foi, entretanto, testemunha de trabalho engajado no combate à miséria e ter amado o convívio com os pobres, bem antes de se falar em “opção pelos pobres”.
      Sua vida de padre secular, para além da sacristia, é exemplo atualíssimo.

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