quarta-feira, 5 de setembro de 2012

OS CATÓLICOS E O CENSO 2010


                                OS CATÓLICOS E O CENSO 2010

                                                                       Pe. Francisco de Assis Correia

            Três pontos principais do Censo 2010 são brevemente desenvolvidos nesta crônica: primeiro, a atual situação dos católicos no Brasil; segundo, as diferentes leituras dos dados e, terceiro, a saída.
            A atual situação dos católicos revelada pelo Censo 2010, mostra queda do numero dos mesmos! Em 1970, 91,1% dos brasileiros eram católicos. Agora, esta porcentagem, reduziu-se a 64,6%, correspondendo, numericamente, a 123,2 milhões, dentro de uma população cujo total é de 197,7 milhões! O Brasil de hoje mostra uma diversidade religiosa muito grande.
            O quadro presta-se a diferentes interpretações: uma delas é – como observou o Prof. Faustino Teixeira, docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, da Universidade Federal de Juiz de Fora-MG – “é a incapacidade dos setores eclesiásticos, no âmbito católico-romano, de perceberem com clareza a dimensão da crise em curso. Diante dos dados apresentados, reage-se com ingênuo otimismo. Ou se diz que aqueles que permanecem católicos são de fato os mais convictos, e que o catolicismo privilegia não o traço quantitativo, mas qualitativo; ou então se busca firmar um outro olhar, sinalizando, na contramão, a vitalidade do catolicismo. É o que se verificou com reação de muitos clérigos diante dos dados apresentados no último censo”.
            O certo é que o censo demonstra uma grande transformação do campo religioso brasileiro; que a diminuição da declaração de crença católica vem se acentuando há mais tempo; que “é das religiões tradicionais que as pessoas tendem a se afastar” ( Pierre Sanchis); que a Igreja Católica com a linguagem antiquada e incompreensível para a maioria do povo e a desatualizada abordagem dos temas vitais de moral afasta muitas pessoas; não se pode esquecer também que nosso testemunho igualmente dificulta a permanência dos fiéis... Isto sem falar dos casos de pedofilia e de outros escândalos que a mídia mostra com frequência.
            O que fazer?
            Propõem-se as comunidades de base como saída, para qual tem faltado “vontade política”.
            As grandes concentrações de gente, os megas templos não criam comunidade, não têm “senso de comunidade”. Os movimentos carismáticos revelaram não ser saída.
            Vale lembrar o que o padre Alberto Antoniazzi escreveu, tratando do Censo de 2000:
            “... não foram os fiéis que abandonaram a Igreja Católica, mas esta deixou sem o devido acompanhamento pastoral importantes grupos da população”.

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