AS SÁS
Pe. Francisco de Assis Correia
Quando menino,
Conheci duas Sás:
A Sá Josefa
E a Sá Idelma.
A Sá Josefa, diziam,
Era Filha de escravos.
Teria quase 100 anos.
Solteira? Viúva?
Morava em casa de pau- a - pique.
Uma “pobreza de dar tristeza”!
Não se lamentava
Não amaldiçoava
Não se desesperava!
Diziam que ela tinha parte
Com os bons espíritos
E vivia iluminada por eles.
Por isso, benzia
E ensinava abençoados remédios!
Sá Idelma, negra, gorda, forte
Sempre de pé no chão:
Em casa, na roça, na horta...
Casada, muitos filhos...
De pé, comia na tampa da panela...
Como sorria a Sá Idelma...
Sua horta,
Grande e variada,
Dava inveja a japoneses...
Como era boa a Sá Idelma
A quem minha avó Maria
Chamava sempre de “comadre’delma”
E ao marido,
“compadre Chico Leme”!
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