quinta-feira, 26 de julho de 2012

CARTA AOS MEUS EX – ALUNOS DE TEOLOGIA

                   CARTA AOS MEUS EX – ALUNOS DE TEOLOGIA

         Bom dia, Jovens!
         Que vocês estejam bem!
         Quanto a mim, como dizem (ou diziam) os mineiros, “vou pelejando, graças a Deus”.
         Dom Felicio, nosso, então, Santo Arcebispo, perguntado “como estava” respondia: “Como o Senhor é servido”! Eu, que não sou santo (no sentido atual), só posso responder: “pelejando, com a ajuda da graça de Deus”! Afinal... “tudo é graça”!
         O motivo desta é convidar vocês à leitura do número da REB (Revista Eclesiástica Brasileira, Fascículo 283, julho, 2011). Desculpem o atraso. É que somente neste mês de julho de 2012 consegui um digitador. Manuscrito, o artigo já completou um ano. Mas leiam principalmente a parte “Comunicados”. Dentre esses (leiam todos, por favor!), a entrevista do meu querido contemporâneo e amigo do Pio Brasileiro, Pe. João Batista Libânio (pp. 730-735, só 5 páginas!). Ainda neste mesmo ano, enviei-lhe um e-mail pelo seu jubileu de ouro de ordenação presbiteral. Na sua resposta, dizia que se lembrava de mim “alto e forte” (não nos vemos há quase trinta anos!). Valeu essa lembrança...
         O titulo de sua entrevista é: “A liberdade cristã: um dos núcleos da teologia de José Comblin”.
         É sobre o teólogo Pe. Comblin falecido em 27 de março de 2011, aos 88 anos de idade, em local próximo a Salvador, na Bahia e sepultado no Santuário de Santa Fé do Pe. Ibiapina, em Guarabira, na Paraíba.
         Belga de nascimento, veio para o Brasil, em 1958. Lecionou no Seminário Menor de Campinas e depois, fez longo percurso, como teólogo, pelo Brasil e pela América Latina.
         Veio do mesmo colégio de Lovaina (Bélgica) para Sacerdotes que desejavam trabalhar na America Latina.
         É deste mesmo colégio que Dom Luis do Amaral Mousinho, nosso 1º Arcebispo Metropolitano, esperava receber professores especializados em diferentes disciplinas para lecionarem no seminário de Brodowski! (aqueles apartamentos do pavilhão da frente do mesmo eram destinados a professores: escritório, quarto e banheiro. No final do corredor a sala destinada à biblioteca dos professores!).
         Mas de Lovaina não vieram para nós Padres Professores e, sim, Padres Pastores: primeiro foi o Pe. Emilio Jarbinet. Tinha sido missionário em Moçambique onde, também, foi professor de seminário menor; chegou ao Brasil em 26 de setembro de 1962; trabalhou primeiro como vigário cooperador da Catedral de Ribeirão Preto, assessorou a JOC (Juventude Operária Católica), o Círculo Operário Ribeirãopretano, a Cooperativa Popular de Consumo e, de 1964 a 1968, foi vigário ecônomo da Paróquia Senhor Bom Jesus da Lapa, em Ribeirão Preto, primeira Paróquia dos “belgas”. Pe. Jarbinet – como era chamado – faleceu solitariamente em São Paulo aos 16 de novembro de 1968!
         Depois dele vieram os Padres: Renato Verschelden, Paulo Verschelden, Balduíno, Estevão Remi Bruyland e Francisco Vannerom.
         Voltando ao artigo do Pe. Libânio, como sempre, o que ele escreve é de enorme riqueza! Desde o “olhar do teólogo” do semanário JORNAL DE OPINIÃO (sempre à página 9), às suas muitas e variegadas obras. Pois bem. Seu mencionado artigo da REB é muito mais do que uma memória sobre o pranteado Comblin. É um texto para Introdução à Teologia, para o método de estudar Teologia, para uma visão teológica atual, para diferentes enfoques nas disciplinas teológicas, etc... até mesmo utilíssimo para quem se dispuser a elaborar sua “monografia” sobre José Comblin ou sobre algum tema atual especifico.
         Observem atentamente, meus ex-alunos, o que o Pe. Libânio menciona como temas teológicos atuais: Jesus histórico, pobre, andarilho, sem pretensões de poder, kenótico; teologia corajosa e crítica, ecumenismo, diálogo inter-religioso, construção de novo paradigma teológico de libertação, “que além de tocar os aspectos estruturais da realidade político-econômica, avanço para os campos da etnia, ecologia, consumismo, pacifismo...”
         Vejam que riqueza, meus caros!
         Em um destes “comunicados” – Prof. Domingos Zamagna – meu amigo há mais de 40 anos, também do Pio Brasileiro, o autor menciona:
         “Falando dele (Comblin) para alunos, dentre os quais muitos seminaristas, a maior parte nem sequer sabe quem foi este teólogo” (p. 718).
         Espero que vocês se lembrem de quanto o citava!
         Até, por isso mesmo, tive de ouvir uma agressiva irritação de um ex-aluno e, hoje, ex-padre que me enfrentou com essa aleivosia:
         “O senhor não tem outro teólogo... só fala nele?!”
         Ainda que fosse... só teríamos a ganhar...
         O certo que, sem muita leitura, estudo... só teremos “Padres de pouca leitura e muita conversa, sem articular coisa com  coisa...”
         Vamos estudar, Jovens!
         Abraço fraterno a todos.
                                                  Pe. Francisco de Assis Correia. 

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