terça-feira, 27 de janeiro de 2015

THOMAS MERTON - CONCLUSÃO (Serie 70, 28°)

            


      Chegamos, em fim, próximos ao dia 31 do corrente mês de janeiro, dia em que celebramos o 1° Centenário de nascimento de Thomas Merton. Lembramos com saudade sua vida e suas obras, sempre atuais, quer sobre o ponto de vista da espiritualidade; do dialogo com o mundo e com a questão da paz mundial.
         Lembro-me de um artigo de James Martin (IHU, 14/12/2008), escrito por ocasião do 40° aniversario de morte de Thomas Merton e este o proclamou “Thomas Merton, o santo dos paradoxos”. Para este, os paradoxos de Thomas Merton foram: - O primeiro paradoxo é explicado pelos seus escritos. Os trabalhos mais populares de Merton não são os pesados tomos teológicos, mas seus diários e escritos autobiográficos. Às vezes vivamente, loquaz e profundo, Merton luta com a oração, murmura contra a recusa de seu abade de deixá-lo viajar e se irrita por ser silenciado pelos trapistas quando ele escreve sobre paz durante a Guerra Fria. Próximo do fim de sua vida, ele se apaixona por uma enfermeira que ele conhece durante a estadia em um hospital. Em todas essas experiências, ele busca ver sinais de Deus.
Merton atrai os que buscam e os que têm dúvida por causa de sua inabalável honestidade em sua busca do “eu verdadeiro” e de Deus. Independentemente de quanto tempo ele foi um monge, Merton se considera a caminho para Deus. (Sua oração mais famosa começa assim: “Meu Senhor Deus, eu não tenho nem idéia para onde eu estou indo”). E ele não tem medo de mudar seu pensamento, rejeitando depois as passagens mais solipsísticas na sua autobiografia. “O homem que terminou ‘A montanha dos sete patamares` [...] está morto”, ele escreveu em 1951. Ele é aberto, transparente, curioso, multiforme e, por fim, humano.
Enfim, não ha ser humano que não tenha seus paradoxos. O que ele nos ensinou é sempre buscar. A verdade está sempre no Fim.


Digitou este artigo: Ricardo Rodrigues de Oliveira (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

domingo, 25 de janeiro de 2015

O PAPA FRANCISCO E A SOLIDARIEDADE (Serie 70, 26°)

               A nova consciência eclesial da igreja a respeito das questões sociais, depois do concílio Vaticano II, atingiu seu ápice com a encíclica Sollicitudo Rei Socialis. Foi nesta encíclica, que apareceu de maneira clara e assumida pelo magistério da Igreja, entre outras categorias o termo solidariedade. Ou, também chamada solidariedade ativa assumida por todos os que querem promover a justiça e a paz no mundo.
            Com o papa Francisco a solidariedade conforme seu próprio modo de falar e propor ações, a solidariedade assumiu formas mais concretas, diretas e incisivas, sem “entretantos”. No seu discurso em Roma aos representantes dos movimentos sociais, de várias partes do mundo, ele falou, com muita precisão, o que é, hoje, solidariedade:
            “... é lutar contra as causas estruturais da pobreza, da desigualdade, da falta de trabalho, da terra e da moradia, a negação dos direitos sociais e trabalhistas. É enfrentar... os deslocamentos forçados, as emigrações dolorosas, o tráfico de pessoas, a droga, a guerra, a violência e todas essas realidades que muitos de vocês sofrem... É estranho, mas se falo disso, para alguns significa que o papa é comunista... Hoje, ao fenômeno da exploração e da opressão se soma uma nova dimensão,... os que não podem ser integrados; os excluídos são dejetos, restos. Esta é a cultura do descarte... No centro de todo sistema social ou econômico tem que estar a pessoa, a imagem de Deus... a criação é um dom, é um presente, um dom maravilhoso que Deus nos deu para que cuidemos dele e o utilizemos em benefício de todos, sempre com respeito e gratidão... neste sistema (atual) ... se rende um culto idolátrico ao dinheiro! Porque se globalizou a indiferença! ... Porque o mundo se esqueceu de Deus, que é Pai; se tornou órfão porque deixou a Deus de lado”.

Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

sábado, 24 de janeiro de 2015

SOBRE CONEGOS E MONSENHORES (Serie 70, 26°)

         Segundo Aquilino de Pedro, “num principio são chamados cônegos os presbíteros que atendem ao serviço religioso numa catedral e levam vida comunitária. Desde o século XII, ao lodo dos cônegos regulares, que continuam vivendo em comunidade sob uma regra, aparecem os cônegos seculares, que não levam vida em comum, mas que continuam atendendo ao serviço da catedral ou de uma colegiada, principalmente na reza do oficio divino. Na atualidade continuam existindo cabidos em algumas catedrais ou em colegiadas. Cabe-lhes celebrar funções litúrgicas mais solenes na igreja catedral ou na colegiada, como também outros ofícios que lhes sejam confiados.”
           Hoje, os cônegos, na verdade, não tem mais nenhuma função prevista no código de direito canônico. Tanto assim, que, em 1970, anunciou-se que não existiriam mais, nem cônegos, nem monsenhores. Mesmo assim, continuam até hoje. Com o titulo de cônego, um padre passava do baixo clero para o alto clero, em tempos passados, um padre secular que não fosse cônego nem monsenhor era considerado “soldado raso”.
         Eu mesmo vi uma cena num encontro de ex-seminaristas, em que, um colega (saído do seminário) encontrou-se com outro, este padre, e foi logo lhe perguntando:
            - Você continua sendo só padre? Nem cônego você é?
       O interrogado, sentiu-se humilhado e entendeu sua pergunta como provocação e abriu-se uma discussão. Ao final, tornaram-se inimigos, e não mais se falaram!
            Monsenhor, segundo o mesmo autor, “ titulo que se da aos bispos e a outros eclesiásticos as quais a Santa Sé o concede pela relevância de sua função, seu emprego diminuiu a partir do Vaticano II, sobretudo para aqueles que não são bispos, dentro da tendência de eliminar o meramente honorifico”. 
            O titulo, no Brasil foi muito valorizado, e aquele que o recebia considerava-se tão importante como se fosse um titulo quase igual ao de um bispo!
            Dom Arnaldo Ribeiro certa vez contou em uma “rodinha” de padres, que foi visitar um monsenhor, e este, não se cabia de gratidão por ter sido nomeado monsenhor. Emocionado disse a Dom Arnaldo: “Agora, posso morrer feliz, por que recebi do Santo Padre o titulo que eu mais desejei, ser monsenhor!”
            O papa Francisco, recentemente, inspirando-se nas reformas introduzidas por Paulo VI em 1968, decidiu abolir o titulo honorifico pontifício de monsenhor para os padres seculares com idade inferior a 65 anos.
            “Mais um movimento para reformar o clero e eliminar o carreirismo na Igreja Católica.” 

Digitou este artigo: Ricardo Rodrigues de Oliveira (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O PAPA FRANCISCO E DOM HÉLDER CÂMARA (Serie 70, 25°)


            Lendo as notícias e os comentários sobre o dito “soco” do papa Francisco a quem ofendesse sua progenitora, lembrei-me de uma história que se passou com Dom Hélder Câmara, em Recife, quando ele estava em um ponto de ônibus. Um jovem, de moto, gritou para ele, dizendo:
            - “Filho da p”.
            Dom Hélder respondeu-lhe:
            - “Somos irmãos”.
            Está ai uma atitude, comum a Dom Hélder, de resistência não-violenta!
            Este fato que me veio à lembrança, fez-me pensar como entre o papa Francisco e Dom Hélder Câmara há muitas semelhanças e, assim, posso fazer algumas aproximações entre ambos:
1.      Querer uma igreja pobre e dos pobres;
2.      Ser pastor que gosta do cheiro de suas ovelhas;
3.      Ser mais preocupado com a vivência do Evangelho do que com qualquer outra norma; coerência evangélica;
4.      Falar de maneira convincente e com palavras fáceis de serem entendidas por todos, sem precisar, para isso, de intérpretes;
5.      Audácia em ações que lhe causaram oposições e maledicências entre seus próprios irmãos bispos;
6.       Proclamar a conversão permanente de toda a igreja, a partir de sua própria hierarquia;
7.      Pregação da paz e da não-violência;
8.      Ser injustiçado por aqueles que não concordam com a renovação na igreja para que seja verdadeiramente fiel a sua missão;
9.      Ser “irmão dos pobres” e querer estar sempre com eles;
10.  Ter força de profeta e não perder nunca a esperança abraâmica.

Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

“TEOLOGIA DE ‘BUTEQUIM” (Serie 70, 24°)

            A entrevista que o papa Francisco deu aos jornalistas, dentro do avião, que o conduzia às Filipinas, a uma pergunta que lhe fora dirigida sobre a questão da liberdade de expressão a certa altura, com toda a espontaneidade, respondera: ”Se o senhor... diz um palavrão contra a minha mãe, espera-lhe um soco (imita o gesto com a mão fechada). Mas é normal. Não se pode provocar. Não se pode insultar a fé dos outros.”
            A resposta do papa Francisco nessa forma em que foi feita, causou grande divisão na imprensa e entre teólogos e representantes da hierarquia católica. Algumas sinalizando que o papa dava razão à violência e outros, que não, pois “lembraram que o Evangelho nos convida a ‘dar a outra face.”
            É sempre a velha questão entre violência e não violência. Não podemos nos esquecer que há uma “não-violência ativa” que, não esquece que Jesus Cristo quando recebeu o soco no rosto do soldado, não lhe mostrou a outra face, porém, lhe perguntou: “Se eu digo a verdade, por que me bates”? Eis uma forma de “não-violência ativa”. Ela pergunta ao agressor por que? E esta pergunta pode ter muitas formas a tal ponto que o agressor não tem mais jeito, nem razão para continuar sua agressão (SF. HANS KUENG. Ser Cristão).
            Lembremo-nos de que Mahatma Gandhi fora adepto desta “não-violência ativa”.
            Por outro lado não se pode esquecer que soco é também, como diz Houaiss, “soco exprime desaprovação ou espanto”, e não necessariamente incitação à violência ou à própria violência.
            Alguns teólogos e prelados chamaram a fala do papa de “teologia de butequim”!
            Lembrei-me, então, do saudoso Pe. João Batista Libânio SJ que, ao oferecer seu recente livro publicado pela Paulus, dedicado ao tema da fé, ao cardeal Dom Serafim, referiu-se ao livro na sua dedicatória como sendo “teologia de butequim”. Humildade do autor e que grandeza de livrinho.


Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

sábado, 17 de janeiro de 2015

“O MUNDO PRECISA DE TERNURA” (Serie 70, 23°)

            


           No pronunciamento que o papa Francisco fez, na missa da vigília do Natal do ano de 2014 ele ressaltou que: “Nesta noite santa, ao mesmo tempo que contemplamos o Menino Jesus recém-nascido e reclinado numa manjedoura, somos convidados a refletir. Como acolhemos a ternura de Deus? Deixo-me alcançar por Ele, deixo-me abraçar, ou impeço-Lhe de aproximar-Se? << Oh não, eu procuro o Senhor! >> - poderíamos replicar. Porém a coisa mais importante não é procurá-Lo, mas deixar que seja Ele a procurar-me, a encontrar-me e a cobrir-me amorosamente das suas carícias. Esta é a pergunta que o Menino nos coloca com a sua mera presença: permito a Deus que me queira bem? E ainda: temos a coragem de acolher, com ternura, as situações difíceis e os problemas de quem vive ao nosso lado, ou preferimos as soluções impessoais, talvez eficientes mas desprovidas do calor do Evangelho? Quão grande é a necessidade que o mundo tem hoje de ternura! Paciência de Deus, proximidade de Deus, ternura de Deus”.
            Esta homilia fez-me lembrar do livro de Leonardo Boff: São Francisco de Assis: ternura e vigor: uma leitura a partir dos pobres – 13. Ed. – Petrópoles, RJ: Vozes, 2012; creio que a primeira edição desse livro seja de 1981, mas observem que Leonardo Boff antecipou-se nesta idéia de ternura, proposta ao mundo pelo papa Francisco, hoje.
            Uma das idéias fortes de Leonardo Boff frente a idéia do mundo moderno, ou seja, de querer estar sobre tudo, é a de proximidade com tudo. Não é estar sobre os outros ou sobre as coisas, mas estar com os outros, com o mundo ou dito ao modo do Boff, é estar com irmãos.
            É esta proximidade terna de Deus conosco e nós com Deus e com os outros que se quer ressaltar na homilia do papa Francisco.

Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

ALMA DE ESCOL (Serie 70, 22°)

       No tempo de seminário menor, 60 anos atrás, era muito comum os diretores espirituais ou pregadores de retiro proporem aos jovens seminaristas, “ter alma de escol”, ou seja, serem melhores em tudo, evitarem a mediocridade e a boçalidade.
       Um dia no retiro de padres ao jantar, um padre que bebia cerveja quis explicar (veja a petulância deste sacerdote!) ao Cardeal pregador desse retiro, que a marca da cerveja significava saúde em sueco, em flamenco etc.
       Um Cardeal ouviu atentamente a “sábia” explicação do padre e singelamente respondeu-lhe: neste caso meu caro, o rótulo quer dizer: “Sarah Kubitscheck de Oliveira”.
        O “sábio” padre para concluir, disse: “Sr. Cardeal, o Sr. verdadeiramente tem alma de escol!”.

Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

THOMAS MERTON (III) (Serie 70, 20°)

         Hoje, fala-se muito em três Quocientes que precisamos cultivar.
         O primeiro, Quociente Intelectual, é aquele com o qual a pessoa trabalha ao se tratar de coisas. Evidentemente, a referência não é exclusiva e nem representa algo separado. É preciso trabalhar bem todas as coisas com inteligência, tendo presente que só isto não basta. Tudo que se assume faz-se com todo o nosso ser e não de modo estanque.
         Segundo, Quociente Emocional, é com esse que lidamos com as pessoas e não havendo controle emocional, perdem-se relacionamentos que poderiam servir a uma boa convivência humana, pessoal, familiar, comunitária e social. Quantas pessoas inteligentes vivem solitárias por não saberem controlar suas emoções, seus sentimentos e seus desejos.
         Terceiro, Quociente Espiritual, é o que nos permite relacionarmos com o nosso eu, buscando fundamento da própria vida de suas aspirações e de respostas seguras o bastante. Chame-se a isto busca de Absoluto ou de Deus, não importa. O certo é que ninguém pode viver vida plenamente humana se não responder a esta questão.
         Vem, por isso, muito a propósito por ocasião do primeiro centenário de Thomas Merton, ver como esse Mestre de Espiritualidade resumiu a sua busca.
         Segundo ele, doar-nos a Deus é algo profundamente sério. Não é suficiente meditar sobre um caminho de perfeição que inclua sacrifício, oração e renúncia do mundo. Temos, na verdade, que jejuar, orar, negar a nós mesmos e nos tornar homens interiores caso quiséramos ouvir a voz de Deus dentro de nós”.
         “O amor busca não só servi-Lo mas a amá-Lo, comungar com Ele em oração, abandonar a si próprio a Ele em contemplação”.
         “Orar é a forma mais importante para se buscar a Deus (...) persevere”.
         “A fé é a entrega total a Cristo, que coloca toda a nossa esperança em Deus e espera toda força e santidade de seu amor misericordioso”.
         “A fé é o dom de todo o nosso ser com a verdade, com a palavra. É o centro e o significado de toda a existência. A fé rejeita tudo o que não é Cristo, para que toda a vida, verdade, esperança seja encontrada nele. A fé apoia-se completamente n’Ele em perfeita confiança (...) deixando-O cuidar de nós sem saber como ele assim o fará”.
         “O que é a perfeição final? Plena manifestação de Cristo em nossas vidas. A misericórdia de Deus em nós. Nossa vida mística destina-se aos outros também. Aqueles que recebem mais têm mais para dar. Sem amor e compaixão com os outros, o nosso próprio amor de Cristo é uma ficção. Amemos em ação”.
         “Aqueles que alimentaram os famintos e deram abrigo ao estrangeiro e visitaram os doentes e prisioneiros – então serão levados ao reino porque fizeram todas aquelas coisas para o próprio Cristo”.


Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

domingo, 11 de janeiro de 2015

O CULTO DO BOM JESUS

6 de agosto lembra: festa da Transfiguração do Senhor, a bomba atômica sobre Hiroshima no Japão e o culto do Bom Jesus.
Neste culto, como sublinhou Riolando Azzi, quatro eventos da vida de Jesus Cristo são evocados pelos devotos do Bom Jesus: “a coroação de espinhos e a flagelação de Cristo; o caminho doloroso em direção ao Calvário; a morte na cruz, e, por último, o seu sepultamento”.
Cada evento deste tem um (ou vários) nome: Bom Jesus da Cana Verde, “Ecce Homo” (Eis o Homem); Senhor dos Passos; Senhor do Bom Fim (ou seja, “o Senhor que encerra a sua missão redentora sobre a terra”) ou, Bom Jesus da Lapa; e o Senhor Morto.
Para o povo, “todas as imagens... são consideradas vivas, isto é, portadoras de graça, vida e saúde para os devotos”.
Segundo Riolando Azzi, nestas devoções, há a paixão sofrida por Cristo e sua Compaixão pelo povo.
Outros vêem nesta e noutras devoções populares, longe de ser alienação e ópio, resistência para sobreviver e enfrentar as dificuldades e os obstáculos da vida.
Ou, “se Jesus sofredor ajuda as pessoas a suportarem o peso dos sofrimentos da vida, não falta, também, por vezes, a denúncia daqueles que idolatram o poder e a riqueza”.


HIROSHIMA NUNCA MAIS

Dia 6 de agosto, na liturgia da Igreja Católica, é dia da Transfiguração do Senhor, ou seja, da memória daquilo que aconteceu no Monte Tabor (segundo a tradição): Jesus manifestou-se aos discípulos em todo o esplendor da vida divina!
Mas, a mencionada data, lembra, também, o que aconteceu em 1945 no Japão: a desfiguração (e morte imediata de 130 mil pessoas) causada pelo lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima!
É inevitável, entretanto, a lembrança, tão presente e inapagável de Fukushima, igualmente no Japão (11/03/2011): o terremoto, o “tsunami” e a radiação do vazamento de suas usinas atômicas!
De Hiroshima ressoou o urgente imperativo de se ter um mundo sem armas nucleares! No mundo atual, existem 20 mil, localizadas em 111 lugares, em 14 países!
“Visto de um ponto de vista jurídico, legal, político, de segurança, além de tudo, moral, não há nenhuma justificativa para continuar mantendo armas nucleares”, afirmou recentemente Dom Francis Chullikatt, representante do Vaticano na ONU.
De Fukushima, veio o alerta – como profetizou o texto da Campanha da Fraternidade deste ano – de que “a energia atômica continua ameaçadora por causa das contaminações possíveis em vazamentos e com seu lixo” e, no que diz ao Brasil, propôs “provocar e/ou reforçar a mobilização da sociedade brasileira para exigir, do governo federal, uma política energética que tenha o sol, o vento e as ondas do mar como fontes prioritárias”.
Bem disse Kenzaburo Oe, prêmio Nobel de Literatura: “desenvolver a energia nuclear no Japão é uma traição às vítimas de Hiroshima. Mas talvez Fukushima seja o ponto de virada, não apenas para o Japão, mas para o resto do mundo também”.
  Revendo o filme de Kiyoshi Kurosawa, Kairo (2001) – uma visão hiperrealista do que aconteceu em Hiroshima – ele nos assusta (Kairo quer dizer circuito, cerco...) e leva-nos à pergunta: Temos futuro?


sábado, 10 de janeiro de 2015

THOMAS MERTON (II) (Serie 70, 18°)



              Transcorre, agora, no próximo dia 31 de janeiro do corrente ano, o 1° Centenário do nascimento de Thomas Merton (França, 31/01/1915 – Tailândia, 10/12/1968). Em vários lugares do mundo ocidental se farão diferentes homenagens nos centros de estudos mertonianos. Com efeito a grandeza e profundidade da sua personalidade não permitem que se faça apenas uma descrição atual e vivo pensamento.
            Lembro-me, aqui, do propósito que fez a Associação Thomas Merton Itália. Esta propôs-se a “fazer de tudo para que, até o fim de 2015, a figura de Merton possa ser reavaliada dentro da igreja como um homem ecumênico e do diálogo inter-religioso, como homem de oração e de sugestões espirituais úteis para quem quiser se aproximar de uma busca espiritual séria e também bela, dada a qualidade de muitos dos seus passos”.
            Dentre os membros dessa Associação destacam-se três: Antonio Montanari, Maurício Renzini e padre Mario Zaninelli, autores do livro: Il sapore dela libertà (O sabor da liberdade), Paoline, 2014.
            Esta obra, segundo o padre Zaninelli, é uma biografia de Thomas Merton escrita por italianos, pois segundo o mesmo “todas as biografias eram traduzidas do inglês, então pensamos em dar este livro nas mãos do público italiano pensando como italianos. O seu verdadeiro valor é o de fazer os textos de Merton falarem, coletados e selecionados depois de dois anos de pesquisas realizadas em nível mundial”.
            Exemplo que poderia ser seguido por estudiosos e amigos de Merton, no Brasil, com sotaque bem brasileiro.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O BOM JESUS DA LAPA DE JARDINÓPOLIS (1913-2011)


A festa do Bom Jesus da Lapa de Jardinópolis surgiu a partir de uma mulher humilde, simples, baiana de Cordeúba, de vida bastante conturbada e nada conforme os preceitos da Igreja. Seu nome de Batismo era Juventina Pereira do Nascimento, mas ficou conhecida como Pequena do Nascimento ou, simplesmente, Dona Pequena, falecida em Jardinópolis – SP, a 17 de setembro de 1950. Baiana devota do Bom Jesus da Lapa da homônima cidade da Bahia, trouxe essa devoção para Jardinópolis. O início foi doméstico, em sua própria casa, no local onde, hoje, localiza-se o Lar São Vicente de Paulo (rua Prof. Euclydes Berardo, nº 67). Depois, passou-se a uma pequena capela perto da Curva da Morte, mais ou menos onde há a rotatória do Sagrado Coração de Jesus e, por fim, em 1919, estabeleceu-se definitivamente no local onde se encontra atualmente.
No início, a festa teve oposição de vizinhos (barulho, arruaça, etc) e de fazendeiros (trabalhadores de fazenda ficavam na cidade e não iam trabalhar na colheita de café).
Depois, começou também a oposição da Igreja, porque a festa estava nas mãos de uma mulher fora dos padrões exigidos e, além do mais, contrariando os Regulamentos paras as Festas da Diocese de Ribeirão Preto, datados de 19 de março de 1918.
Em 3 de agosto de 1928, Dom Alberto José Gonçalves, Bispo de Ribeirão Preto, estabeleceu o Interdito Proibitório da Festa. Não adiantou.
O Vigário Pe. Jayme Noguera chegou a promover a Festa da Lapa na matriz. Mas não conseguiu com isso acabar com a da Pequena.
Nem mesmo a ameaça da excomunhão (06/07/1934) aos freqüentadores e colaboradores da festa da Pequena obteve êxito!
Aos 31 de julho de 1935, com a ajuda de políticos do Partido Republicano Paulista, tendo à frente o Dr. Mário Lins, fechou-se o acordo entre a Diocese e a Pequena do Nascimento.
A partir daí, a Festa da Lapa tornou-se, então, Festa “legalizada” da Paróquia, tendo à sua frente o Vigário e uma Comissão especial para ela, aprovada pela Cúria Diocesana!
A capela foi elevada à categoria de Santuário, por Dom Arnaldo Ribeiro, então Arcebispo Metropolitano de Ribeirão Preto, aos 27 de novembro de 2005 e sua instalação oficial deu-se em 20 de maio de 2006.


FUNDAMENTALISMO E INTOLERÂNCIA


Causaram surpreendente impacto no mundo os atentados ocorridos na Noruega, por ser país de imensa tranqüilidade e alto nível de vida! Quem poderia imaginar que um norueguês mesmo fosse cometê-los?
A primeira versão logo acusou um grupo terrorista islâmico!  Pobres muçulmanos. “Tudo eles?”
Depois, descobriu-se o verdadeiro autor. Tão próximo. Tão de casa!
Ele é fundamentalista, intolerante, de extrema direita.
Como fundamentalista ou radical só aceita o que está escrito literalmente. Por isso é intolerante. Não admite o diferente, o pluralismo e a diversidade.
Como extremista de direita é contra o partido trabalhista da Noruega, o estrangeiro, principalmente islâmico.
O pior é que parece crescer, cada vez mais, esta tendência na Europa, como afirma o respeitado professor de Cambribge, T. J. Winter, para quem a ameaça nasce no Ocidente e não no Oriente, dadas as “tendências políticas de direita e convicções antimuçulmanas” e, ainda, de tipo neonazista!
Enquanto isso, há quem acredite firmemente na possibilidade de cristãos e muçulmanos conviverem em paz!
Trata-se, por exemplo, da mesquita, na Jordânia, dedicada ao “Profeta Jesus”. Seu imã explicou que “a mesquita quer levar uma boa notícia de convivência e de tolerância”!
Há, ainda, na mesma Jordânia, “A Fraternidade do Sermig” que quer o diálogo entre cristãos e muçulmanos, através da partilha de vida!
              Belos exemplos de superação do fundamentalismo e da intolerância hodiernos

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

OS MINISTROS ORDENADOS DA IGREJA, SEGUNDO O PAPA FRANCISCO (Série 70, 4°)

O Papa Francisco tem uma linguagem fácil de entender. Seu conteúdo é direto. Como diria Dias Gomes, ele vai logo “aos finalmente”, e deixa de lado “os entretanto”.
Na Audiência Geral (12/11/14), falando sobre o ministério dos bispos, padres e diáconos, ele afirmou:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia.
Evidenciamos nas catequeses precedentes como o Senhor continua a apascentar o seu rebanho através do ministério dos bispos, coadjuvados pelos presbíteros e pelos diáconos. É neles que Jesus se faz presente, no poder do seu Espírito, e continua a servir a Igreja, alimentando nela a fé, a esperança e o testemunho da caridade. Estes ministros constituem, então, um grande dom do Senhor para cada comunidade cristã e para toda a Igreja, enquanto são sinais vivos da sua presença e do seu amor.
Hoje queremos nos perguntar: o que é pedido a estes ministros da Igreja, para que possam viver de modo autêntico e fecundo o próprio serviço?
1. Nas “Cartas pastorais” enviadas aos seus discípulos Timóteo e Tito, o apóstolo Paulo se concentra com cuidado na figura dos bispos, dos presbíteros e dos diáconos – também sobre a figura dos fiéis, dos idosos, dos jovens. Concentra-se em uma descrição de cada cristão na Igreja, delineando para os bispos, os presbíteros e os diáconos aquilo a que foram chamados e as prerrogativas que devem ser reconhecidas naqueles que são escolhidos e investidos nesses ministérios. Ora, é emblemático como, junto aos dotes inerentes a fé e a vida espiritual – que não podem ser negligenciados, porque são a própria vida – são elencadas algumas qualidades puramente humanas: o acolhimento, a sobriedade, a paciência, a mansidão, a confiança, a bondade de coração.
É este o alfabeto, a gramática de base de cada ministério! Deve ser a gramática de base de cada bispo, de cada padre, de cada diácono. Sim, porque sem esta predisposição bela e genuína a encontrar, a conhecer, a dialogar, a apreciar e a se relacionar com os irmãos de modo respeitoso e sincero não é possível oferecer um serviço e um testemunho realmente alegre e credível.
2. Há depois uma atitude de fundo que Paulo recomenda aos seus discípulos e, por consequência, a todos aqueles que são investidos pelo ministério pastoral, sejam esses bispos, sacerdotes, presbíteros ou diáconos. O apóstolo exorta a reviver continuamente o dom que foi recebido (cfr 1 Tm 4, 14; 2 Tm 1, 6). Isto significa que deve estar sempre viva a consciência de que não se é bispo, sacerdote ou diácono se é mais inteligente, melhor que os outros, mas somente em força de um dom, um dom de amor dado por Deus, no poder do seu Espírito, para o bem do seu povo. Esta consciência é realmente importante e constitui uma graça a pedir todos os dias!
De fato, um pastor que é consciente de que o próprio ministério surge unicamente da misericórdia e do coração de Deus não poderá nunca assumir uma atitude autoritária, como se todos estivessem aos seus pés e a comunidade fosse a sua propriedade, o seu reino pessoal.
3. A consciência de que tudo é dom, tudo é graça, também ajuda um Pastor a não cair na tentação de colocar-se no centro da atenção e de confiar apenas em si mesmo. São as tentações da vaidade, do orgulho, da suficiência, da soberba. Ai de um bispo, um sacerdote ou um diácono se pensassem saber tudo, ter sempre a resposta correta para cada coisa e não precisar de ninguém. Pelo contrário, a consciência de ser ele por primeiro objeto de misericórdia e da compaixão de Deus deve levar um ministro da Igreja a ser sempre humilde e compreensivo nos confrontos dos outros. Estando na consciência de ser chamado a proteger com coragem o depósito da fé (cfr 1 Tm 6, 20), ele se colocará em escuta do povo. É consciente, de fato, de ter sempre algo a aprender, mesmo com aqueles que podem ser ainda distantes da fé e da Igreja. Com os próprios irmãos, depois, tudo isto deve levar a assumir uma atitude nova, com o compromisso da partilha, da co-responsabilidade e com a comunhão.
Queridos amigos, devemos ser sempre gratos ao Senhor, porque na pessoa e no ministério dos bispos, dos sacerdotes e dos diáconos continua a guiar e a formar a sua Igreja, fazendo-a crescer ao longo do caminho da santidade. Ao mesmo tempo, devemos continuar rezando para que os Pastores das nossas comunidades possam ser imagem viva da comunhão e do amor de Deus.  (IHU, 12/11/2014)
Estas palavras são fonte para se refletir em retiro espiritual desses ministros e também, coordenadas para o exame cotidiano de consciência.



Digitou este artigo: Ricardo Rodrigues de Oliveira (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

FIM DA TABELA DE EMOLUMENTOS? (Serie 70, 3°)

            Quando se fala em tabela, entende-se que esta palavra oriunda de 1690 (HOUAISS) significa: “lista de preços”, ou também, mais precisamente,  o que se deve pagar ao se pedir uma intenção de missa, um batizado, uma crisma, um matrimonio, etc. etc. etc.
            É o que se vê, no quadro de avisos das paroquias quando se entra na igreja. Situação esta que o Papa Francisco chama de: “escândalo”.
            “As igrejas, jamais se tornem casas de negócios, pois a redenção de Jesus é gratuita”. “Eu penso- explicou o pontífice- no escândalo que podemos dar ao povo com o comercio, o escândalo da mundanidade”.
            O papa comentando o episodio da purificação do templo por Jesus, tratou justamente deste tema da “venda” de sacramentos e serviços religiosos!
            Quantas vezes vemos - disse o papa-  que, entrando numa igreja ainda hoje, encontra-se ali a lista dos preços: para o batismo, as intenções para a missa. E o povo se escandaliza”.
            Esta posição do Papa Francisco provocou, como não poderia deixar de ser, discordância por parte de cardeais, bispos, e padres!
            O papa falou com base na triste realidade que lhe fora denunciada, segunda a qual fieis lhe denunciaram “algumas realidades em que o comercio dos sacramentos e das missas era tão difundidos a ponto de provocar o protestos dos fiéis”.
            O pedido do Papa Francisco, significa então, o fim da tabela de emolumentos?
É mais evangélico seguir o papa!

Digitou este artigo: Ricardo Rodrigues de Oliveira (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

AS BENÇÃO PAPAIS (Serie 70, 2°)



           Quem nunca viu, ao entrar na sala de algum casal de classe media alta, católico,  exposta em quadro, uma benção papal para o casal, por ocasião de casamento ou bodas? Pois é, este privilegio acabou!
        Ha anos, o famoso vaticanista Claudio Rendina, no seu livro, Os Pecados do Vaticano  (Rio de Janeiro: ed. Gryphus;, 2012, p.111-112), denunciava este erro que data do papa Leão XIII e que perdurou ate o ano de 2014. Segundo RENDINA, este costume simoníaco data de 1878!
        O Papa Francisco , entretanto, iniciou uma reforma na igreja, não quer que haja privilégios, “Para tornar a igreja mais modesta e parcimoniosa”.
        Segundo o jornal LA STAMPA, publicado no dia 07/09/2014, o Papa Francisco tomou a decisão de: Acabar com o privilegio concedido a cerca de 50 comerciantes de vender pergaminhos com bênçãos apostólicas”.
        Com isso, o papa evita a acusação de “simonia”, o que quer dizer: “venda e compra de bens espirituais.
        Acrescente-se o fato, de que o Papa Francisco não quer o culto a sua personalidade, conforme revelou o sitio argentino InfoNew no dia 26/11/2014.

Digitou este artigo: Ricardo Rodrigues de Oliveira (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

MANOEL DE BARROS (1916- 2014) (Serie 70, 1°)


No dia 13/11/2014, faleceu em Campo Grande Manoel de Barros.

Este grande poeta – pouco conhecido – admirador do Pe. Antônio Vieira, -”encantador de palavras”-, nasceu em Cuiabá – MT, no Beco da Marinha, à beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916.

Morou em Corumbá - MS – e, ultimamente, em Campo Grande – MS.

Foi advogado, fazendeiro e poeta, descoberto aos setenta anos de idade! Seu nome completo era Manoel (daí o apelido familiar de Néquinho) Wenseslau Leite de Barros.

Aos 8 anos foi para o Colégio interno em Campo Grande e, depois, foi para o Rio de Janeiro onde se formou em Direito em 1949.

Passou uns tempos na Bolívia e no Peru seguindo depois para Nova Iorque, onde estudou cinema e pintura.

Voltando para o Rio de Janeiro, conheceu a mineira Stella com a qual se casou. Tiveram três filhos: Pedro, João e Martha.

Graças a Millor Fernandes, Fausto Wolff, Antônio Houaiss, João Antônio e outros tornou-se conhecido nacional e internacionalmente.

Chegou-se a compará-lo, na poesia, ao que fez, na prosa, Guimarães Rosa: revolução na poesia!

          Deixou- nos as seguintes obras:

         1937-Poemas concebidos sem pecado

         1942-Face imóvel

         1956- Poesias

         1960-Compêndio para uso dos pássaros

         1966-Gramática expositiva do chão

         1974-Matéria de poesia

         1982-Arranjos para assobio

         1985-Livro de pré-coisas (Ilustração da capa: Martha Barros)

         1989-O guardador das águas

         1990-Poesia quase toda

         1991-Concerto a céu aberto para solos de aves

         1993-O livro das ignorãças

         1996-Livro sobre nada (Ilustração de Wega Nery)

         1998-Retrato do artista quando coisa (Ilustrações de Millôr Fernandes)

         1999-Exercícios de ser criança

         2000-Ensaios fotográficos

         2001-O fazedor de amanhecer (infantil)

         2001-Poeminhas pescados numa fala de João

         2001-Tratado geral das grandezas do ínfimo (Ilustrações de Martha Barros)

         2003-Memórias inventadas (A infância) (Ilustrações de Martha  Barros)

         2003-Cantigas para um passarinho à toa

         2004-Poemas rupestres (Ilustrações de Martha Barros)

         2005-Memórias inventadas II (Ilustrações de Martha Barros)

         2007-Memórias inventadas III (Ilustrações de Martha Barros)

2010-Menino do Mato

         2010-Poesia completa. São Paulo: Leya

        

 Dessa ultima obra, colhi estas citações:

“Um bicho muito pretinho com pouca experiência de sofrimento”, 25.

 “Mascava uma raíz de pobreza coisa que serve”, 27.

 “... Vocês poetas são uns intersexuais”, 31.

 “Mulheres mastigando as esperanças mortas”, 36.

 “Que ficou como certas casinhas tortas, que jamais podem ser evocadas fora da paisagem”, 44.

“Passar, como nuvem...”, 49.

 “Vadio e evadido

Vagabundeio só”, 51.

“Tangido vou”, 52.

“Ele me fará frutificar como as árvores na chuva”, 53.

“Vi o homem andando para semente

E a semente no escuro remando para a raiz”, 57.

 “Lembrar da casa da gente, das irmãs, dos irmãos e dos pais da gente.

Lembrar que eles estão longe e ter saudades deles....

Lembrar da cidade onde se nasceu,  com inocência e rir.

Rir de coisas passadas.Ter saudade da pureza”, 59

                                       (...)                                                                                                                                       

“Para falar a verdade, sentir-se quite com a vida.

Lembrar dos amigos. Recordar um por um.

Acompanhá-los na vida.

Como estão longe, meu Deus! Um aqui. Outro lá, tão distantes...

Que fez deste o destino? E daquele?

Quase vai se esquecendo do rosto de um... Tanto tempo!”, 61

 “Estou simples”, 78.

“com um ar de triste ar“, 105.

“encantador de palavras”,10.

 “O homem que possui um pente e uma árvore

Serve para poesia”, 145.

“Poesia é a loucura das palavras:

Na beira do rio o silêncio põe ovo”, 153.

“O poema é antes de tudo um utensílio”,174.

“uma teologia do traste”, 176.

“Para entender nós temos dois caminhos: o da sensibilidade que é o entendimento do corpo, e o da inteligência que é o entendimento do espírito”, 178.

“Minhocas arejam a terra; poetas, a linguagem”, 219.

 “Poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina”, 257.

 “- Imagens são palavras que nos faltaram.

- Poesia é a ocupação da palavra pela imagem.

- Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser”,263

 “Notei que descobrir novos lados de uma palavra era o mesmo que descobrir novos lados do Ser”, 280.

 “Poesia é voar fora da asa”, 302.

 “A minha independência tem algemas”, 310.

 “esticador de horizontes”, 322.

“Cristo monumentou a Humanidade quando beijou os pés dos seus discípulos”, 343

 “Morrer é uma coisa indestrutível”, 370

 “A maior riqueza do homem é a sua incompletude”, 374

 “Poema é lugar onde a gente pode afirmar que o delírio é uma sensatez”, 374.

 “Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro. Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas)”, 403.

“Poesia é uma graça verbal”, 404.

 “A gente só chega ao fim quando o fim chegar!

Então pra que atropelar”, 407.

 “Eternidade

É palavra

Encostada em Deus”,415.

 “Poeta

É uma pessoa

Que reverdece nele mesmo”, 420.

 “As águas são a epifania da criação”,455.

 “Sentado sobre uma pedra

No mais alto do rochedo

Aquele gavião se achava principal:     

Mais principal do que todos.

 Tem gente assim”,483.

 “E Deus choveu na roça do homem.

E o homem agradeceu aquela graça

Como quando o azul se abre para nós”,483.