quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

“TEOLOGIA DE ‘BUTEQUIM” (Serie 70, 24°)

            A entrevista que o papa Francisco deu aos jornalistas, dentro do avião, que o conduzia às Filipinas, a uma pergunta que lhe fora dirigida sobre a questão da liberdade de expressão a certa altura, com toda a espontaneidade, respondera: ”Se o senhor... diz um palavrão contra a minha mãe, espera-lhe um soco (imita o gesto com a mão fechada). Mas é normal. Não se pode provocar. Não se pode insultar a fé dos outros.”
            A resposta do papa Francisco nessa forma em que foi feita, causou grande divisão na imprensa e entre teólogos e representantes da hierarquia católica. Algumas sinalizando que o papa dava razão à violência e outros, que não, pois “lembraram que o Evangelho nos convida a ‘dar a outra face.”
            É sempre a velha questão entre violência e não violência. Não podemos nos esquecer que há uma “não-violência ativa” que, não esquece que Jesus Cristo quando recebeu o soco no rosto do soldado, não lhe mostrou a outra face, porém, lhe perguntou: “Se eu digo a verdade, por que me bates”? Eis uma forma de “não-violência ativa”. Ela pergunta ao agressor por que? E esta pergunta pode ter muitas formas a tal ponto que o agressor não tem mais jeito, nem razão para continuar sua agressão (SF. HANS KUENG. Ser Cristão).
            Lembremo-nos de que Mahatma Gandhi fora adepto desta “não-violência ativa”.
            Por outro lado não se pode esquecer que soco é também, como diz Houaiss, “soco exprime desaprovação ou espanto”, e não necessariamente incitação à violência ou à própria violência.
            Alguns teólogos e prelados chamaram a fala do papa de “teologia de butequim”!
            Lembrei-me, então, do saudoso Pe. João Batista Libânio SJ que, ao oferecer seu recente livro publicado pela Paulus, dedicado ao tema da fé, ao cardeal Dom Serafim, referiu-se ao livro na sua dedicatória como sendo “teologia de butequim”. Humildade do autor e que grandeza de livrinho.


Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

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