A
HISTORIA DA CIDADE DE JARDINÓPOLIS
FRANCISCO DE ASSIS CORREIA
Sua localização, sua origem, sua historia
A primeira parte deste texto, vem sendo redigida ha tempos. Era para ser
um texto único sobre a cidade de Jardinópolis, desde a formação de seu
patrimônio – patrimônio, alias, da Fabrica, da Matriz de Nossa Senhora
Aparecida de Jardinópolis – mas, contingencias alheias à minha vontade, e, a
minha recente deficiência visual, tornaram muito difícil prosseguir na minha
pesquisa e na minha redação por quanto só eu conseguia ler minhas anotações.
Por isso ficou uma história de Jardinópolis, muito aquém do que era meu intuito
inicial.
Jardinópolis esta situada a 330km de São Paulo. Limita-se ao norte com o
município de Sales de Oliveira; ao sul, como de Ribeirão Preto; ao oeste, com
os municípios de Brodowski e de Batatais; e ao leste, com os de Sertãozinho e
de Pontal
Sua temperatura media máxima é de 29º; ínima, 19º.
Sua altitude é de 586 metros do nível do mar.
A área do município é de 501km.
Sua população, segundo o censo de 2000, é de 30.723 habitantes.
Como
bom numero de cidades do interior do Estado de São Paulo, Jardinópolis nasceu
de um antigo pouso destinado a tropeiros. Esse teve o nome de Pouso da Ilha Grande.
A razão deste nome deve-se à ilha – ainda existente- no leito do Rio
Pardo, também chamada “Ilha do
Entroncamento”.
À margem direita do rio, havia uma
fazenda – Fazenda Ilha Grande – onde
carros de boi, animais de carga, tropeiros e viajantes pernoitavam e se
abasteciam, e dai, seguiam viagem.
O lugar de pouso, foi aos poucos se
tornando arraial, pertencendo ao município de Batatais, com o nome de
“quarteirão n 20 de Batatais”.
Em 18 de junho de 1859, os
lavradores Antônio Pereira da Silva, sua mulher, Maria Florência de Jesus e sua
cunhada, doaram 30 alqueires e Joaquim José D’ Araujo e sua mulher, Theodora
Maria de Jesus, 18 alqueires.
A doação foi nesses termos:
“Escritura publica de doação que fazem Antônio Pereira da Silva e sua mulher dona
Maria Florência de Jesus, Joaquim José d’Araujo e sua mulher dona Theodora
Maria de Jesus de uma sorte de terras na Fazenda da Ilha Grande, neste termo a
Nossa Senhora d’Aparecida para patrimônio da mesma Capela e com o mesmo titulo,
tudo pela forma seguinte – r$ 400$000.
Saibam
quantos este instrumento de escritura publica de compra e venda virem que sendo
no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e cinquenta
e nove (1859), nesta Vila de Batatais, comarca da Franca do Imperador, e sendo
ai, aos dezoito dias do mês de junho do dito ano em cartório de mim Tabelião ao
diante nomeado e abaixo assinado e sendo ai, compareceram presentes como
doadores Antônio Pereira da Silva e sua mulher dona Maria Florência de Jesus e
Joaquim José d’Araujo e sua mulher dona Theodora Maria de Jesus e ai por eles
me foi dito perante as duas testemunhas ao diante nomeadas e abaixo assinadas
que pela presente escritura de doação doava e de fato doado tinham para
patrimônio de Nossa Senhora da Parecida (sic) e de sua capela, que se tem de
edificar na fazenda denominada Ilha Grande, neste termo, um terreno que se
compõe de matos de culturas e campos de criar e cerrado, lugar alto e saudável
com agua dentro, sendo que doavam em comum na mesma fazenda das terras que eles
doadores tem e que são divisadas entre eles sócios, sendo que o sócio Antônio
Pereira da Silva e sua mulher doavam em campos e matos, trinta alqueires, e
Joaquim José d’Araujo, em campos e matos o numero de dezoito alqueires, que faz
(sic) o total da doação para o mesmo patrimônio em quarenta e outo alqueires,
que ambas as partes e terrenos doados estão compreendidos debaixo das divisas
seguintes: tem principio em um pau de Moreira, que esta na estrada que vai
desta vila para a Ilha Grande e deste pau de Moreira a rumo a um de solta cavalo
que se fez marca e deste voltando à direita em rumo à cabeceira bebedor até
aqui divisando com Joaquim de Araújo e desta cabeceira divisando com Antônio
Jose Brandão até o espigão da divisa da fazenda São Pedro e deste espigão
voltando à direita pelo mesmo espigão até o pau de Moreira donde teve principio
e fim esta divisa, ficando pertencendo ao mesmo patrimônio tudo o que contem
dentro destas divisas, cuja doação faziam muito de suas livres vontades e sem
constrangimento algum e para o mesmo patrimônio da mesma Senhora Parecida (sic)
a quem fazem esta doação e em cujo lugar querem que seja edificada sua capela
se dão desde já e para todo o sempre toda a posse, jus, domínio, senhorio, que
eles doadores tinham no mesmo terreno, acima divisando na parte que lhes
pertence e que jamais em tempo algum nem eles seus herdeiros e testamenteiros
poderão reclamar e anular esta venda digo esta doação por ser feito (sic) muito
de sua livre vontade e sem constrangimento algum ao que podiam a justiça de sua
Majestade Imperial deem e façam dar a esta escritura de doação toda a sua força
e vigor. E de como assim o disseram e declararam logo pelos doadores me foi
apresentado o conhecimento do selo o copiei pela força seguinte: Numero três.
Duzentos réis. Pagou de selo duzentos réis. Vila de Batatais, 18 de junho de
1859. O agente: Morato. Nada mais se continha em dito conhecimento que aqui o
copiei como dito fica declarado. E por essa forma supra e retro declarado (sic)
deram eles esta doação por feita e me pediram reciprocamente eles doadores que
lhes passasse a presente escritura de doação a qual depois de lhes ser lida e
achada conforme abaixo se assinam eles doadores e a rogo da doadora Maria
Florência de Jesus, Máximo de Arantes Marques e a rogo da doadora Theodora Maria
de Jesus, Diogo José de Araujo, com as testemunhas presentes Pedro José
Ferreira e José Antônio Gonçalves, todos de mim conhecidos, moradores nesta
vila que dou a minha fé e eu, João Zeferino de Almeida Silva escrivão do Termo
Municipal, o escrevi, (aa.) Antônio Pereira da Silva – Joaquim José de Araújo –
a rogo de Maria Florência de Jesus, Máximo Arantes Marques – A rogo de minha
mãe Theodora Maria de Jesus, Diogo José de Araújo – Pedro José Ferreira –
Joaquim Antônio Gonçalves”.
Em Ilha Grande, segundo testemunho do Sr. Domiciano Alves de Rezende –
fundador da cidade , em 1881, havia apenas três casas: uma de José Humberto
Lima Pereira e uma de Custódio José de Carvalho.
José Umbelino vivia em Batatais com sua família e um casal de escravos:
Gaspar e Isabel. Apos a morte de Antônio Pereira da Silva, José apodera-se do
patrimônio e fizera algumas benfeitorias como um monjolo onde, hoje,
localiza-se o prédio dos Correios na confluência das ruas Dr. José Teodoro e
Américo Sales.
Com agua da fazenda Niágara. Morto José Umbelino, seu irmão Isaac
Adolpho Pereira comprara de seus herdeiros o patrimônio e viera de Batatais
para tomar posse dos bens.
Foi ai, então, que surgiu a pendencia sobre os limites das terras e o
“patrimônio de Nossa Senhora Aparecida”, que seria reconhecido definitivamente
em 1894 como se verá mais a frente.
Entrementes, a população pedia a construção de um cemitério, pois os
mortos deviam ser sepultados em Batatais ou em qualquer lugar.
O sogro do Sr. Domiciano Alves de Rezende, José Pereira de Oliveira, pôs
à sua disposição um terreno para este fim, fora do patrimônio, no local onde
hoje se encontra a capela a Santa Luzia e adjacências. O Sr. Domiciano, então,
promoveu um abaixo assinado com as doações erigiu o esperado cemitério.
Os termos eram os seguintes:
“Nós, abaixo assinados
conhecendo a grande necessidade de um cemitério para a comodidade do povo deste
lugar, apelamos para o mesmo povo para cada uma pessoa concorrer com seu óbolo
para assim levarmos a efeito a realização do cemitério.
Depois do donativo em
caixa começará o trabalho, sendo a consenso.
Ilha Grande, 2 de dezembro
de 1890.”
Colaboraram Com Seus Donativos Os Seguintes Senhores (Na Ordem Do
Original): Jayme Antônio Guerra, Domiciano Alves de Rezende, Claudio Ribeiro da
Silva, Theodoro Joaquim da Silva, Joaquim de Souza Mourão, Jerônyma E. da
Rocha, José Marcetha, Francisco Jaci dos Reis, João Ramos Pereira, Evaristo
José Procópio, Angélica de Jesus, Anna e Maria, João Maciel, Jerônymo Divo do
Carmo, José Pearo Moreira, João Marques Rodrigues, José Nicolau, Joaquim
Manoel, Ezequiel Antônio Joaquim, João Domingos de Oliveira, Antônio Moreira Da
Silva, Antônio José de Paiva, Antônio Lucindo Pedroso, José L. Pedroso,
Francisco Theodoro da Silva, Casemiro Theodoro da Silva, Manoel Ignacio,
Belisário Antônio Corrêa, José Custodio de Faria, Jerônimo Alves Henrique,
Joaquim Lima de Oliveira, Joaquim Pedreira, Francisco Arminio Simoes, Joaquim
Pedreiro Sant’Anna, Joaquim Francisco de Souza, Antônio Basilio da Costa ,
Joaquim De Souza Neves, João Marques de Souza, Olimpyo B. Corrêa, José Parceno
Bernardes, Joaquim Vieira da Silva, Dorvalino Teixeira, Rosalina Alves de
Paulo, Manoel dos Santos, Joaquim Francisco Luiz, Antônio Luiz de Souza, Camilo
Miguel, Manoel Felizardo, Manoel Lino Corrêa, Manoel Bernardes Lemes, José
Joaquim, Duarte, Antônio Alves de Rezende, Honório B. Corrêa, Luiz Pereira,
José Bernardes dos Reis, José Bernardes Lemes, Manoel Moreira da Silva, Eugênio
José de Souza, Antônio José Luiz, João Dias de Carvalho, João Gregório, Luiz
Benedito de Souza, Emílio B. Corrêa, Pedro Garcia Corrêa Pereira, Ermenegildo
de Souza Pereira, Exéquias Neves Ferreira, Innocêncio Garcia Ferreira,
Francisco João, Luiza Cândida de Jesus, Antônio Tolentino de Barros, Bernardino
de S. Felippe, José Nicolau da Silva, Urbano Dias de Carvalho, José Camilo da
Silva, Luiz Alves Pereira, Pio Angélico de Souza, Tibúrcio Antônio de Souza,
Miguel Lucindo Pedroso, José Benedito de Veiga, Silvério Francisco Martins,
José Camillo, José Nicolau, José Corrêa de Souza, Galdino Luís Moreira, José
Félix da Silva, Maria Carolina de Paula, Antônio de Brito, Laurinda do Arraial,
Joaquim Mariano, Francisco Bernardes Corrêa, Domingos Adriano, Augusto Antônio
da Cunha e Francisco Espanhola.
Há no mesmo documento em que constam os nomes dos doadores, a anotação
seguinte, de próprio punho do senhor Dominicano:
“Em 20 de setembro de 1891 foi
bento pelo Pe. Joaquim Alves Ferreira de Batatais.”
O arraial da Ilha Grande ou ö quarteirão n20 de Batatais, foi
elevado à categoria de Distrito da Ilha Grande pela Lei Estadual n 115, de 1 de outubro de 1892. Segundo o depoimento do Sr.
Domiciano, quem apoiou este passo, foi seu próprio tio Joaquim Alves da Costa,
politico de prestigio em Batatais, que o conseguiu.
Nisto tudo terá papel de protagonista o Sr. Domiciano Alves de Rezende,
o “seu” Chanico como familiarmente era conhecido. Conforme provisão de D. Lino
Deodato Rodrigues de Carvalho, Bispo Diocesano de São Paulo, ele
fora nomeado Fabriqueiro da
capela de Nossa Senhora Aparecida da Ilha Grande, em Batatais como segue:
“D. LINO DEODATO
RODRIGUES DE CARVALHO,
por mercê de Deus e da Santa Sé Apostólica, Bispo de São Paulo, no
Brasil,
aos que esta nossa provisão virem, saúde e bênção no Senhor. Fazemos saber que atendendo no que
por sua petição vos representam o cidadão Domiciano Alves Resende.
Fabriqueiro da Capela de Nossa Senhora da Aparecida da Ilha Grande em
Batatais desta Diocese;
Havemos por bem, pela presente promovê-lo no mesmo emprego, por tempo de
um ano, se antes disso não mandarmos o contrario. A qual ocupação servira como
convém ao serviço de Deus e bem da Matriz, zelando juntamente com o Muito Rvd.
Pároco dos bens patrimoniais da respectiva fábrica, e esperamos que será muito
exato no cumprimento de seus deveres. Findo o dito tempo de um ano ficará esta
em vigor, e para continuar nos requererá novo provimento, juntando esta que
será apresentado ao Muito Rvd. Pároco e desta sorte haverá todos os
emolumentos, próes e percalços que legitimamente lhe pertencerem.
Dada em Câmara Episcopal desta Cidade de São Paulo, sob nosso Sinal e
Selo das Nossas Armas, aos 7 de março de 1893. E eu, o Padre Júlio Marcondes de
Araujo e Silva, Escrivão da Câmara Eclesiástica e Secretario do Bispado, a
escrevi.
registrada às fls. 44 de livro 43
São Paulo, 7 de março de 1893.
Provisão de Fabriqueiro da Capela da Ilha Grande, Paroquia de Batatais
por tempo de um ano, a favor de Dominicano Alves Resende
Para V. Exc. Rev.ma ver e assinar.
Em 25 de abril de 1893, realizou-se a primeira eleição para Juiz de Paz
do Distrito da Ilha Grande. Os resultados foram os seguintes:
Joaquim de Souza Neves, 26 votos;
Joaquim Prudente Corrêa, 24 votos;
Domiciano Alves Resende, 23 votos;
Joaquim Portugal Filho, 8 votos;
Virgílio Alves da Cruz, 7 votos;
Francisco Bernardes Corrêa, 5 votos.
Aos 17 de setembro de 1894, o Sr. Domiciano Alves Resende, na condição
de Fabriqueiro, foi o responsável pela escritura definitiva do “patrimônio de
Nossa Senhora Aparecida” da Ilha Grande.
“Eu, Francisco
Tristão da Silva, Serventuário Vitalício do 1º Oficio de comarca de Batatais,
Estado de São Paulo, certifico que revendo em cartório os livros de notas, no
ano de nº 40 a fls 53 encontrei a seguinte escritura:
escritura de
acordo entre o proprietário Isaac Adolpho Ferreira e a Fábrica da Capela de
Nossa Senhora da Aparecida da Ilha Grande desta Paróquia.
Saibam todos
quantos esta pública escritura de acordo virem que aos dezessetes dias do mês
de outubro de mil oitocentos e noventa e quatro, nesta cidade de Batatais, em
casa de residência do Cônego Joaquim Alves Ferreira, onde vim a chamado,
compareceram as partes entre si justas contratadas a saber: Isaac Adolpho
Ferreira por si e como curador de sua mulher dona Francisca Cândida de Paula
com o protesto de exibir o competente alvará de licença da autoridade
competente, proprietária residente nesta cidade e Domiciano Alves Resende
Fabriqueiro da referida capela de Nossa Senhora de Aparecida da Ilha Grande,
reconhecidos de mim e das testemunhas abaixo assinadas do que dou fé; e perante
as quais pelas partes acima referidas foi dito que sendo o primeiro
proprietário de terras anexas ao patrimônio da capela referida com o direito a
litígio sobre as mesmas terras do patrimônio conforme provou com documentos que
remetem à Câmara Eclesiástica de São Paulo , instruindo a repetição que foi
despachada em 24 de agosto do corrente ano, e para fixar as divisas
respectivas, na conformidade do acordo que estabeleceu entre ele proprietário e
a fabrica mencionada, em virtude da decisão proferida pela comissão, que para
resolver a divisa dos terrenos do patrimônio fora nomeado por portaria de 22 de
outubro do corrente, expedida pela Câmara Eclesiástica deste bispado, declarava
assim ele proprietário que pela presente escritura de acordo legalizava a
doação feita por Antônio Pereira da Silva, sua mulher Theodora Maria de Jesus,
em dezoito de junho de mil oitocentos e cinquenta e nove, a qual doação teve
por fim constituir o patrimônio da capela acima referida, com a restrição
porém, de ser o seu perímetro determinado pela forma que vai declarada na
presente escritura deixando portanto de vigorar o que se acha determinado na
doação primitiva e ratificada hoje pela presente, não só porque os marcos ali
determinados se confundiram de tal modo que parte deles é impossível ser
exatamente fixados, como também porque não tendo sido aquela primitiva doação
legalizada em termos, como provam os documentos, em virtudes dos quais se
reconheceu senhor dos terrenos do patrimônio, ele proprietário depõe do direito
de desmandar e avocar a si a posse dos mesmos e portanto se reconhece com o
direito de indicar e fazer prevalecer nova demarcação para constituir os
limites do patrimônio, reservando para si toda a posse, jus, domínio dos
terrenos que ficar para fora do perímetro inscrito nesta escritura.
Conseguintemente propunha a cumprir em seu nome e de sua mulher de quem é
curador, tudo o que prometeu em sua petição
submetida ao conhecimento do bispo de São Paulo e que foi despachada
pelo vigário geral em vinte e quatro de agosto de corrente ano. Disse mais que
a fim de seu ato de ratificação ser perfeitamente esclarecido havia feito levantar
pelo agrimensor Camilo Kohn uma planta do perímetro do patrimônio a qual exibia
para ser arquivada na referida fábrica, e nessa planta estava perfeitamente
traçado não só o perímetro que foi possível realizar-se da primeira doação,
como ainda a que de hoje em diante deve vigorar para demonstrar a realidade do
atual patrimônio estabelecido pelo acorde entre as partes presentes e a
comissão nomeadora pela Câmara Eclesiástica. Essa carta vai assinada pelas
partes acordantes, pelo dito agrimensor e pela comissão composta pelos cidadãos
doutor Pamphilo de Carvalho, o Fabriqueiro já referido, Cônego Joaquim Alves
Ferreira, Tenente Coronel Manoel Theodolindo do Carmo, José Theodoro de Lima e
pelo proprietário mencionado, a qual carta fica fazendo parte da presente
escritura, sendo esta também assinada pela comissão presente. O perímetro hoje
fica determinado pelo presente acordo, o terreno do patrimônio da dita capela é
o seguinte:
Daqui seguindo
em direção
De64º N.O. até
a distancia
De 478 metros
em um pau terra
Perto dois
metros de duas árvores
Antigamente
conhecidas por
“copudas” e
das quais hoje só
Antônio José
Brandão e hoje
Com diversos.
Daqui à direita
Em angulo de
90º pela cerca de
Arame e depois
atravessando al-
guns quintais,
e ruas da capela
Seguindo
sempre pelo espigão até
Uma cova que
se fez à beira
Da estrada de
Batatais, 45 metros
Abaixo de uma
árvore alta
Ali existe e
que se supõe
Ser caneleira;
daqui seguindo
À direita em
angulo de 43º S.E.
Na distancia
de 580 metros,
Do pau capitão
ao pé solta
Cavalo; daqui a direita em
Ângulo de 65º
e 15º até a
Distancia de
850 metros onde
Pau capitão e
solta cavalo;
Daqui à
direita em ângulo
De 61º até 335
metros onde fez
Outra cova que
fica na beira
Do mato, até
aqui divisava com
José Joaquim
de Araújo e hoje
Com o
acordante Issac Adolpho
Ferreira;
desse ponto seguindo à
Beira do mato
e campo até
O pau de Ipê onde teve principio
Divisando aqui
com os herdeiros de Manoel Bernardes
O patrimônio
fica portanto constituído com 118 hectares e 58 ares ou quarenta e nove
alqueires, segundo consta da carta que se refere a presente escritura e carta
apresentada pelo agrimensor. Conseguintemente declarou lelé proprietário
acordante que ratificando a doação a que se referiu protestava não invocar
sobre o terreno dado para patrimônio da capela de Nossa Senhora Aparecida da
Ilha Grande de Batatais, qualquer direito, jus, domínio, ação e posse
prometendo mais respeita-lo como proprietário da dita capela a quem,
transferida pela presente escritura o direito e posse da mesma. Pelo
Fabriqueiro Domiciano Alves Resende foi dito que ratificava a doação do mesmo
valor primitivo de quatrocentos mil réis. E de como assim o disseram do que dou
fé, lavrei esta que sendo lida e achada conforme aceitaram e assinaram com as
testemunhas Manoel Resende Gonçalves e Francisco Vitor Balthazar. Eu, Bento
Arruda tabelião escrevi. (a.a.) Isaac Adolpho Ferreira – Dominicano Alves
Resende – Padre Joaquim Alves Ferreira. Manoel T. Do Carmo – Camilo Kohn – José
Theodoro Lima – Pamphilo de Carvalho – Manoel Resende Gonçalves – Francisco
Vitor Balthazar. Nada mais se continha em dita escritura para aqui bem e
fielmente transcrita de seu próprio original em meu poder e cartório. O
referido é verdade e dou fé.
Batatais, 28
de dezembro de 1940. Eu, Francisco Tristão de Lima, tabelião subscrevo, conferi
e assino:
(a)
Francisco Tristão de Lima
Pela sua iniciativa, liderança e luta em favor do povo da
Ilha Grande, o Sr. Domiciano Alves de Rezende é tido com razão, como fundador
da Cidade de Jardinópolis – alias, a rua que leva seu nome, a antiga rua
Alfredo Ellis, tem na sua placa seu nome e em baixio – “fundador da cidade”.
Domiciano, ou “inspetor Chanico”, ou simplesmente “seu”
Chanico, como era conhecido, nasceu na fazenda São Felipe, então pertencente ao
Município de Batatais- SP – hoje, a Jardinópolis-, a 6 de janeiro de 1863,
sendo filho de José Antônio Alves de Resende e de Mariana Francisca de Resende.
Casou-se aos dezoito anos de idade, com Maria das Dores de Oliveira, filha de
José Pereira de Oliveira e de Anna Rosa de Jesus, donos da antiga fazenda Ilha
Grande. O casamento foi realizado na matriz de Batatais, conforme cópia da
certidão de casamento:
“Aos trinta (30) dias de julho de 1881 na Igreja
Matriz do Senhor do Jesus da Cana Verde, em presença do Rev. mo. Pe. Joaquim
Alves Ferreira e das testemunhas Francisco Armino Lemos e Primo Bernardes Lemos
contraíram o matrimonio indissolúvel em face da Igreja Nibente Domiciano Alves
Resende. A Nubente Maria Carolina das Dores. Ele, filho de José Antônio de
Resende e Mariana Francisca de Jesus, nascido na Paróquia de (não consta no
livro) Diocese de (nada consta), aos (não consta) de (não consta) de (não
consta), batizado (não consta) livro x.x.x filhas x.x.x. Ela, filha de José
Pereira de Oliveira e Anna Rosa de Jesus, nascida na paróquia de (não consta no
livro), diocese (não consta). Aos (não consta) de (não consta), de (não
consta), batizada em (nada consta) livro x.x.x
folha x.x.x”. (livro n. 03, folhas n. 155, sob n. X.X.).
Casado veio
morar no Arraial de Ilha Grande, em 1881, onde foi nomeado Inspetor de
Quarteirão – dai, o apelido de inspetor Chanico”.
Seus pais
tiveram, além de Domiciano, mais dois filhos: Antônio e Francisco.
José Antônio
Alves de Rezende, seu pai, originário de Minas Gerais, serviu na guerra do
Paraguai, onde foi ferido, e tendo voltado, faleceu aos 32 anos de idade, na
fazenda São Felipe.
“Seu Chanico”
e dona Maria das Dores tiveram cinco filhos: José, casado com Dona Francisca
Frota Resende; Eurico, casado com Dona Regina Saran Rezende; Mariana, casada
com o Sr. Cristalino Ribeiro Arantes; Maria Luiza, casada com o Sr. Vicente de
Paula Borges; Ana Rosa, casada com o Sr. Antônio Guedes da Silva; Joaquina,
casada com o Sr. Pedro Garcia Borges; Augusta, casada com o Sr. Alfredo
Villela.
Já vimos que
“Seu Chanico” foi nomeado inspetor de quarteirão em 1881 e 1º Fabriqueiro da
capela de Nossa Senhora Aparecida da Ilha Grande, paróquia de Batatais, a 7 de
março de 1883; que no dia 1º de agosto de 1885 requisitou um mutirão com 56
homens e esquadrejou o Largo do Commercio (hoje, Rua Américo Salles) que, em
janeiro de 1886, com 63 homens em mutirão, abriu as primeiras ruas,
construiu a capela de Nossa Senhora Aparecida- que, hoje, está a Matriz, que
promoveu a construção do 1º cemitério, auxiliado por José Celestino dos Reis,
em 1890- inaugurado a 20 de setembro de
1891.
Aos 6 de
dezembro de 1892, “Seu Chanico” foi nomeado, por Carta Patente do Vice-Presidente
da Republica, Floriano Peixoto, Alferes da Guarda Nacional.
Aos 6 de
dezembro de 1896, Dominicano Alves de Resende foi nomeado por Carta Patente do
Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil, Tenente da 2º companhia
do 40º Batalhão de infantaria da guarda nacional, cujo teor é o seguinte
“O presidente da República dos Estados Unidos do
Brasil
Faz saber, aos que esta
Carta Patente virem, que por decreto de 30 de dezembro de 1895 foi nomeado o
cidadão Domiciano Alves de Resende para o posto de Tenente da 2º companhia d0
40º batalhão de Infantaria da guarda Nacional do comarca de Batatais, no Estado
de São Paulo, e como tal gozará de todas as honras e direitos inerentes ao
posto; pelo que manda a autoridade competente que lhe dê posse depois de
prestada a solene promessa de bem servir, aos Oficiais superiores que o
reconheçam, e a todos os seus subalternos que o obedeçam e guardem suas ordens.
Para servir de titulo, lhe mandei passar a presente Carta por mim assinada, que
se cumprirá depois de selada com o selo das Armas da República.
Palácio
da Presidência no Rio de Janeiro, em dezoito de janeiro de mil oitocentos e
noventa e seis, oitavo da República.
A residência do Domicicano
Alves Resende era a Rua Américo Salles – hoje, nº1165 ( o prédio onde moravam
Sr. Manoel Lima e sua família foi, infelizmente demolido). Nela reuniam-se os
fazendeiros e lideres locais, formando o Club
dos lavradores. Foi, neste clube, que se acalentou a ideia da criação do
município. Os Coronéis José Theodoro de Lima, Joaquim Prudente Correia,
Clementino José de Paula e Dominicano Alves de Resende envidaram todos os
esforços para a concretização da ideia. O Cel. José Theodoro passou a atuar em
São Paulo, onde, também, tinha residência. Sua função era a de conseguir o
necessário apoio dos políticos da Capital, no sentido de se obter a emancipação
de Jardinópolis – ainda ilha Grande.
Em Batatais, havia
oposição à divisão de seu município e o Tenente Joaquim Alves da Costa,
importante politico batataense, sempre pronto a cooperar com o distrito,
declarou-se neutro diante do assunto!
Em 1898 quando se deu a
emancipação, graças à liderança incansável do “Seu Chanico” e se instalou a
Câmara dos Vereadores, aos nove de março de 1899, ele não tomou parte.
Na segunda eleição que se
realizou em Jardinópolis, aos 16 de novembro de 1901, para o triênio 1902-
1905, Domiciano foi eleito vereador com 156 votos. Aos 7 de janeiro de 1902,
foi eleito intendente e criou o ensino primário no município. Voltou a este
cargo em 1906, em 1918 e, finalmente, em 1936.
Domiciano Alves de Resende faleceu aos 93 anos de idade
no dia 08 de julho de 1956, às 21 horas e 15 minutos no pavilhão Tinoco, em
Ribeirão Preto, em virtude de uma queda acidental, na rua que hoje leva seu
nome.
Foi sepultado, segundo o CORREIO DA SEMANA (15/07/1956),
após os despojos, de Ribeirão Preto fora a residência do Sr. Eurico Neves, foi
velado por numerosos parentes e amigos, verificou-se às 16 do dia, com extraordinário
acompanhamento. Ao baixar o corpo à sepultura, fizeram-se ouvir diversos
oradores, que exaltaram as virtudes do morto.
O distrito de Ilha Grande crescia e novo arruamento foi
feito, agora pelo engenheiro Emmanuel de Oliveira Pinho.
O aumento da população,
neste período, deveu-se à “aura eufórica do café” (Antônio Cândido) e o
Distrito tomou um impulso acelerado, dado que o café foi fator preponderante de
surto demográfico. Muitos mineiros, baianos, cariocas... vieram trabalhar nas
fazendas e, no final da ultima década do século XIX, já eram muitos, também, os
italianos (sobretudo: dentre estes vieram os nossos: Saran, Colli, Fiacadoni,
Fileganesi, Priolli) os espanhóis, os libaneses e sírios..
As fazendas, extensos latifúndios, possuíam grandes
colônias.
Estas eram constituídas de
gente migrada para esta região, em busca das lavouras de café, “o ouro da
região.” Isso explica como, quando chegou a Companhia Mogiana de Estrada de
Ferro à região (1899), estações fossem construídas em grandes fazendas,
como: Cresciúma, Urupês, Porangaba, Guaivira, Entroncamento, Sarandy (Jurucê) e
Visconde do Parnaíba. E parte do território do Município era, ainda,
atravessada pela Estrada de Ferro Progresso de Morro Agudo.
Posteriormente, algumas fazendas tiveram até mesmo serviço de Jardineiras,
como a Fazenda Vale Formoso.
Os grandes latifundiários, morando nas sedes de suas
fazendas ou em Ribeirão Preto – a “capital do café” – não deixavam de
influenciar a vida da cidade nascente, estando em continuo contato com a
liderança local, quando não eram eles mesmos os principais lideres, os
vereadores, os prefeitos...
Os primeiros proprietários rurais, os coronéis, os
primeiros representantes das profissões liberais, os comerciantes, etc...
vieram todos de fora... de Minas Gerais vieram: os Pereira Lima, Os
Marques, os Resende, os Araujo, os Fagundes... do Rio de Janeiro: os
Guimarães ( o Cel. João Guimarães), os Leite (José Fernandes Magalhães Leite,
Horácio Leite...) o Capitão Vicente Salles Pinto (foi vereador e dono da
fazenda Galhada), o Sr. Mário Teixeira da Luz (médico, fazendeiro e foi
vereador)... da Itália, principalmente para o trablaho na lavoura,
viera: os Bonadio, os Mariani, os Berardo, os Vendramini, os Costacurta, os
Brigliadori, os Fiacadori, os Fregonesi, os Fávaro, os Priolli, os Colli ( ou
Colle), os Argentato..., de Portugal: os Gouvêa, os Vasconcellos (Cel.
Antônio da Silva Vasconcellos)..., da Espanha: Manuel Rezende de
Gonçalves (Fabriqueiro, comerciante e, também, um dos construtores da Santa
Casa de Misericórdia); Manuek Ryas Martins (comerciante da Casa Ruas: foi
vereador e vice-prefeito); árabes: Jorge Abib (foi, também, juiz de
paz): os Saul, os Abrahão, os Said, os Felipe, os Miguel.
Aos 24 de dezembro de 1896, pela Lei Estadual nº 484, O
distrito da Ilha Grande passou a se chamar Distrito de Jardinópolis, em
homenagem ao ardoso republicano Silva Jardim, tragicamente desaparecido no
Vesúvio, na Itália.
O nome Jardinópolis segundo “Seu Chanico”, foi sugerido
pelo Senador Joaquim Miguel Martins de Siqueira, fazendeiro e advogado na
região e, ainda, cunhado de Américo Salles de Oliveira – que, depois, ocupou
importantes cargos políticos na cidade e muito fez pelo município. Um nome
sugerido em sua homenagem foi Americanópolis. Mas ele, Américo de Salles
Oliveira não aceitou, e por isso lhe agradeceu também.
Só em 1898, porém, Jardinópolis conseguiu sua emancipação
politica! Pela Lei Estadual nº 544, de 27 de julho de 1898, o município foi
criado, desmembrado de Batatais, conforme segue:
“Lei nº 544- de 27
de julho de 1898
Eleva à categoria de
município o distrito de paz de Jardinópolis. O doutor Francisco de Assis
Peixoto Gomide, Vice- Presidente do Estado de São Paulo.
Faço saber que o
Congresso Legislativo decretou e promulgou a lei seguinte:
Artigo 1º. Fica elevado à categoria de município o Distrito de paz de
Jardinópolis.
Artigo 2º. As suas divisas serão as seguintes: partindo do Rio Pardo no
primeiro espigão acima da barra do córrego do Jacutinga, subindo por este espigão
até a porteira Queimada, e desta rumo ao córrego da colônia de Francisco
Fagundes, córrego este que fica próximo da porteira referida, descem por esse
córrego até onde ele faz barra com o córrego de Phelippe Noronha, e descem por
este até onde faz barra com o córrego da moradia do Cel. Lúcio Eneas de Melo
Fagundes, desta barra seguem em rumo ao córrego da “Posse” no lugar onde se
acha o açude da moradia Velha denominada “Posse”, que outrora pertencia a
Honorio Bernardes Correia; deste açude seguem em rumo à cabeceira do córrego de
São Felipe e desta em rumo à cabeceira do córrego do Descoberto e desta em rumo
à barra de Ribeirão da Mata com o Ribeirão de São Pedro; desta barra seguem em
rumo ao espigão da margem direita do Ribeirão São Pedro ( rumo este pelo qual
existe uma cerca de arame divisa das terras de Custódio José Vieira com
outros); seguem à direita sempre pelo espigão até o lugar encontram as divisas
de Augusto Bernardino da Silva Marques com Isaac Pereira Lima e órfãos de
Antônio Joaquim Pereira Lima. (Ponto este conhecido por Boca da Mata); deste
lugar seguem em rumo à barra do córrego da Onça com o Ribeirão do engenho (rumo
que é divisa das terras de Augusto
Marques com aqueles órfãos); nesta barra apanham as divisas do município de
Nuporanga pelas quais seguem até o Rio Pardo e por este acima até o espigão
onde tiveram começo.
Artigo 3º. Enquanto não
se fizer o recenseamento da população, será de seis vereadores a representação
do município.
Artigo 4º. A sua
instalação ficará dependente da existência de edifício apropriado ao
funcionamento da municipalidade e mais autoridades locais.
Artigo 5º. O município
de Jardinópolis ficará pertencendo à comarca de Batatais.
Artigo 6º. Revogam-se
as disposições em contrário.
O secretario de Estado
dos Negócios do Interior assim a faça executar.
Palácio do Governo do
Estado de São Paulo, ao vinte e sete de julho de 19898.
Francisco A. Peixoto
Gomide.
João Baptista de Mello
Peixoto
Publicada na Secretaria
de Estado dos Negócios do Interior, aos 27 de julho de 1898 – o diretor, Alvaro
de Toledo”.
A primeira
eleição para a Câmara de Vereadores de Jardinópolis ocorreu no dia 18 de
fevereiro de 1899. Foram eleitos os seguintes vereadores: Domiciano Leite de
Assis, Cel. José Theodoro de Lima, Francisco Pereira Lima (o “Majorzinho”),
Claudio Ribeiro da Silva, Dr. João Muniz de Sapucaia e Afonso Gomes Nogueira
Cobra.
A instalação
solene do município, com a eleição pela Câmara, de seu primeiro Intendente (1º
Prefeito Municipal) deu-se no dia 9 de março de 1899. Foi eleito o Dr. João
Muniz de Sapucaia – médico, vindo da Bahia e radicado em Jardinópolis. Presidiu
a primeira sessão, o mais velho dos vereadores, Cel. José Theodoro de Lima e
secretario da mesma foi o mais moço dentre os vereadores, o Sr. Cláudio Ribeiro
da Silva.
Foram eleitos:
Presidente da Câmara: Domiciano Leite de Assis; Vice Presidente: Cel. José
Theodoro de Lima.
O mandato de
intendentes era de um ano. Em janeiro de 1900, o Dr. João Muniz de Sapucaia foi
reeleito, mas não terminou seu mandato, pois faleceu aos 11 de agosto deste
ano, vitima de “enfisema pulmonar aguda”.
No seu
governo, destacam-se a construção de um novo cemitério – o atual- no qual veio
a ser o primeiro a nele ser sepultado – sepultamento nº1, o plano de abastecimento
de agua, apresentado pelo engenheiro Carlos Lendgren, a construção do 1º prédio
da câmara; o primeiro levantamento topográfico da cidade, que foi realizado
pelo engenheiro José Montouro; a concorrência publica para a construção do
matadouro municipal – vencida pelo Sr. Felício Del Chiaro.
No lugar do
Dr. Sapucaia foi eleito intendente o Sr. Claudio Ribeiro da Silva, cujo mandato
prolongou-se até 1901.
Em 1902 o Sr.
Domiciano Alves de Rezende foi eleito Intendente e ele criou o ensino
municipal. Antes havia dois professores particulares que ensinavam em suas
casa.
A primeira
iluminação publica foi à querosene. Para isso, pela lei municipal nº 112, de 2
de maio de 1903, foram adquiridos os lampiões pela prefeitura.
O serviço
telefônico foi instalado, em Jardinópolis, em 1905, sendo José Dionísio dos
Santos, autorizado a ter a concessão por 15 anos.
Em 1906, sendo
intendente o Sr. Domiciano Leite de Assis, foi promulgado o 1º Código Municipal
e foi instalada a rede de água. Ainda, neste ano, pela Lei Estadual nº 1.038, a
sede municipal foi elevada à categoria de cidade.
A iluminação
elétrica data de 1907 e teve como engenheiro, André Verissimo Rebouças.
Neste ano,
teve inicio a construção do grupo escolar Américo Salles Oliveira – inaugurado
em 1909.
Em janeiro de
1914, chegara, a Jardinópolis as então chamadas Irmãs Franciscanas Missionarias
do Egito, procedentes de malograda experiência em Sacramento – MG. Era vigário
em Jardinópolis, o Pe. Henrique Pellegrini que ofereceu a sua casa paroquial
para que as Irmãs e órfãs que com elas vieram, nela se estabelecessem
provisoriamente, até que ficasse pronto o Colégio Sagrado Coração de Jesus,
cuja pedra fundamental foi lançada no dia 27 de agosto de 1914, em terreno
doado pelo Dr. Pedro de Barros Albernaz, então, Prefeito Municipal
É necessário,
ainda, lembrar as escolas rurais que existiram nas seguintes fazendas: São
João, Barra, Mata da Chuva. Bebedouro, São Pedro, Guanabara, Cresciúma, São
Jerônimo, Soledade, Santa Quitéria, Sant` Ana, Jequitibá, São Luiz, Serra e nas
Estações de Porangaba, Jacutinga, Santo Antônio, Santa Fé e Visconde do
Parnaíba.
Nestas escolas
lecionavam, entre outras, as professoras: Anna Silva, Celisa Uchôa Tenório,
Emma Ferreira Noronha, Emília Cândida de Castro, Esther Dia Tavares, Lúcia
Borges Pagnano, Nécia de Lima, Cenira Pinheiro, Emília S, Anna Martins, Helena
Caldararo, Helena de Paula Tostes, Hortência Feliz Bonfim, Maria C, T, de
Souza, Norma Valério, Ophélia Ribeiro, Sylvia Pippi, Zilda Miraculada, Maria J.
Vieira Fagundes, Nilva Martins Ferraz, Stella Mello, Maria Aparecida Marques
(“Dna. Patita”)...
O Colégio
Estadual, funcionou por alguns anos, no próprio Grupo Escolar.
Depois viera:
o grupo escolar “Dr. Mário Lins” no Distrito de Jurucê; o grupo escolar da Vila
Paulista, em convenio com a Prefeitura Municipal e o SESI.
PREFEITOS DE JARDINÓPOLIS
1899- 1900: Dr. João Muniz de Sapucaia
1900- 1902: Cláudio Ribeiro da Silva
1902- 1903: Domiciano Alves de Rezende
1903-1906: Cel. Domiciano Leite de Assis
1906- 1908: Domiciano Alves de Rezende
1908- 1908: Américo de Salles Oliveira
1908-1909: Dr.
Pedro de Barros Albernaz
1909-1910:
José Bento Teixeira Sampaio
1910-1911: Dr.
Lincoln Guimarães
1911-1915: Dr.
Pedro de Barros Albernaz
1915-1917: Cel.
Antônio da Silva Vasconcelos
1917 -1922:
Américo de Salles Oliveira
1922-1923:
Manoel Ruas Martins
1923-1924:
Américo de Salles Oliveira
1924: Júlio
Camargo de Moraes
1924-1925:
Pedro Barbosa de Salles Pinto
1925: Júlio
Camargo de Moraes
1925-1926: Pedro
Barbosa de Salles Pinto
1926-1927:
Cel. Pacifico José Nogueira
1927-1928:
Júlio Camargo de Moraes
1928-1929:
Francisco Marques Rezende
1929-1930: Dr.
Mário Guimarães de Barros Lins
1930: Junta
Governativa: Ignácio da Costa Andrade, José dos Santos Nogueira, Altino da
Silva Reis, Floriano Peixoto Corrêa, Antônio Arantes de Moura e César Berardo.
A junta nomeou para prefeito Municipal Antônio Arantes de Moura.
1930-1931:
Antônio Arantes de Moura.
1931: Júlio
Camargo de Moraes
1931-1932: Dr.
Mário Guimarães de Barros Lins
1932: Dr.
Virgílio Costacurta
1932-1933: Dr.
Mário Guimarães de Barros Lins
1933: Dr.
Mário Marcondes de Mello
1933-1934: Dr.
Mário Guimarães de Barros Lins
1934-1936: Dr.
João Theodoro Lima
1936:
Domiciano Alves de Rezende
1936-1939: Dr.
Mário Guimarães de Barros Lins
1939-1941:
Itamar dos Santos
1941: Joaquim
da Silva Salles
1941: Joaquim
da Silva Salles
1941-1942:
Plinio Alves Rubião
1942-1945:
Eurico Alves de Rezende
1945: João
Gomes de Oliveira
1945: Carlos Figueiredo
Júnior
1945-1947:
João Gomes de Oliveira
1947-1948:
Plinio da Silva Reis
1948: Dr.
Virgílio Costacurta
1949-1950: Dr.
Virgílio Costacurta
1950-1951:
Luís Marino Mariani
1951-1952: Dr.
Virgílio Costacurta
1952-1956:
Almerindo Francisco Mariani
1956-1960: Dr.
Newton Princivalli da Silva Reis
1964-1969: Dr.
Newton Princivalli da Silva Reis
1973-1977: Dr.
Nilton Toscano
1977-1983: Dr.
Newton Princivalli da Silva Reis
1983- 1989:
José Luiz Gininho Marchió
1989-1993: Dr.
Newton Princivalli da Silva Reis
1993-1997: Dr.
João Ciro Marconi
1997-2001:
José Amauri Pegorano
2001-2005:
José Amauri Pegorano
2005-2009: Mário Reis
“Cebola
2009-2013: José Antônio
Jacomini
2013-2016: José Antônio
Jacomini
A necessidade
de um hospital para a nascente cidade era sentida, quer pelos serviços
ordinários de Saúde, quer pelos surtos de doenças que, de tempos em tempos,
assolavam a região.
Assim, em
1899, diante dos muitos casos de varíola surgidos, a Prefeitura Municipal teve de improvisar um “hospital” de
pau-a-pique para abrigar os portadores desta doença e deles trata-los, na
Chácara da Dona Maria Alves. Passada a epidemia, queimou-se a casa, com tudo o
que nela havia: camas, colchões, roupas, utensílios, etc.
Em 1902, na
chácara da Prefeitura, perto do cemitério municipal, onde hoje localiza-se a
Vila Reis, construiu-se um “Lazareto” para abrigar portadores de moléstias
contagiosas.
A ideia da
construção do Hospital de Jardinópolis – Santa Casa de Misericórdia -
partiu, entretanto, do 1º Vigário desta Paróquia, Pe. João Salata, em 1905.
O primeiro
nome deste hospital foi Hospital Internacional Pio X, em homenagem ao
Papa da época, hoje, São Pio X. Alias, veio desse Papa a importância de 500
francos para o Livro de Ouro de sua fundação.
A Comissão para sua construção fora
composta pelos seguintes elementos:
Presidente:
Pe. João Salata.
Tesoureiro:
Cap. José Bento Teixeira
Secretario:
Tenente Joaquim Portugal
Membros: Dr.
Alberto Portugal e Manuel Rezendi Gonçalves.
Os primeiros
contribuintes citados no referido Livro de Ouro são:
Dr. Joaquim
Miguel de Siqueira: 1.000$000
Dona Luiza
Guimarães: 100$00
Cândido
Pereira Lima: 100$00
Antônio
Azevedo de Souza Júnior: 50$00
Domiciano
Alves de Rezende: 50$00
José Bento
Sampaio: 50$00
Pe. João
Salata faleceu no dia 5 de agosto de 1906. Pe. Manoel Vinheta continuou as
obras.
Em 1912, houve
novo surto de varíola no município.
Em 1918, foi a
gripe espanhola que ceifou muitas vidas. Os “antigos de Jardinópolis” têm
sempre algum parente, amigo ou conhecido que faleceu, nesta época, vitima dessa
grupe: João Tibúrcio da Silva, Dr. Gilberto Guimarães, Dona Celina Cordeiro
Guimarães... “todos na flor da idade” dizia-me “Seu” Eurico Rezende.
As
dependências do grupo escolar transformaram-se em hospital, com doentes por
toda a parte. Dirigiam os trabalhos profiláticos o, então, Vice-prefeito Domiciano
Alves de Rezende – Prefeito em exercício – e o farmacêutico Aldovrando Matos
Dias e o delegado de polícia, Sr. Arthur de Sales Pacheco.
O jornal Local
– O JARDINÓPOLIS (nº 1771, de 31 de outubro de 1918) – fez o seguinte apelo ao
povo:
“Promoveu-se uma reunião na sala de sessão da
Câmara local, a fim de ser designado uma diretoria e comissão para todos os
efeitos da humanitária sociedade, sendo eleitos para presidente, o Sr. Linconln
Guimarães; tesoureiro: o Sr. M. L. Wernek; secretario: Eduardo Vassimon e
provedores, os Srs. Aldovrando M. Dias, José Anchieta Nogueira, Alfredo Vilela,
Haroldo Leite, José F. Magalhães Leite, João da Silva Nobre, Virgilio Corazza,
Henrique Mariotti, Hilário Tavares, Jorge Saud e Antônio Saud.
A sessão prolongou-se até as 17:50, tendo ficado
deliberado a criação de um hospital para os gripados, o qual funcionará no
edifício do grupo escolar, que foi solicitado para esse fim.
Ai encontrarão os enfermos pobres, recursos
necessários para o tratamento, todo cuidado possível para aniquilar o mal.
Para a manutenção desse hospital a comissão
empenhe-se em angariar donativos e assim é que no momento em que ficou tudo
isso deliberado, abriu-se uma lista após a sessão, conseguindo para começar a
soma de Rs 690$000, inclusive Rs 300$000, enviados pelo Dr. Lincoln Guimarães.
A sessão foi assinada por muitas pessoas de nossa
sociedade, além daquelas pertencentes à comissão.
Abrimos nesta folha a subscrição em favor desse
hospital.”
Em 1920, o
hospital funcionava precariamente.
O primeiro
livro de registro de enfermos traz, como primeiro paciente o jovem Berlarmino
Pereira, com 20 anos de idade, solteiro, vitima de traumatismo craniano,
conforme registro datado de 7 de março de 1920.
Neste mesmo
ano, foi construída uma sociedade.
A data de
fundação foi 1º de agosto de 1920.
A primeira
Diretoria do Hospital foi formada pelos seguintes senhores:
Provedor:
Joaquim Pereira Lino
Vice-Provedor:
Américo Salles Oliveira
Tesoureiro: Carlos Costacurta
Secretário:
Álvaro de Carvalho
Membro: Manoel
Ruas Martins.
Em 1921, a
situação financeira do hospital piorou e o edifício foi à praça pública!
Manuel Rezende
Gonçalves foi quem salvou a construção do hospital e deu continuidade ao
funcionamento do mesmo. É, com razão, apontado como o segundo fundador!
Em 1929,
novamente, o hospital passou por serias dificuldades. Venceu-as o trabalho
persistente de Candido Pereira Lima e de Paulo Corsini.
É interessante
observar, também, que, nesse período, o hospital – devido sua fundação – foi
sempre dirigido, direta ou indiretamente pelos principais proprietários rurais.
Em 1896, foi
criada a subdelegacia de policia de Jardinópolis e teve como subdelegado, Dino
Bueno.
A primeira
cadeia, depois da emancipação do município, esteve situada na esquina das ruas,
hoje 7 de setembro e Américo Sales.
Posteriormente,
foi construído outro prédio para delegacia e cadeia, situada, onde depois,
funcionou o Posto de Tracoma. Mudou-se a seguir, para a Rua Domiciano Alves de Rezende, onde, hoje,
encontra-se o posto de saúde.
Em 1940, foi
transferida para onde se encontra atualmente.
FESTAS E BANDAS DE MUSICA
A vida da cidade, em termos de
movimentação de gente, era aos domingos. Pela manhã, na praça da matriz, para
as missas, um vez que essas eram celebradas somente na parte da manha (as
missas vespertinas datam de 1953); à noite, havia reza (terço; benção do
Santíssimo era dada nas grandes solenidades e aos domingos).
As grandes
festas eram as da Igreja: Natal, Ano Novo, São Sebastião (20 de janeiro);
Semana Santa e Páscoa. Santo Antônio (13 de junho); São João Batista (24 de
junho); São Pedro (29 de junho); São Roque (16 de agosto); Nossa Senhora
Aparecida (7 de setembro, na época; hoje, 12 de outubro); Santa Luzia (13 de
dezembro)...
No ano
agrícola, as festas religiosas desempenham importante divisão no tempo.
Aplica-se bem
aqui o que disse ANTÔNIO CÂNDIDO:
“Marcando esta divisão especial do ano segundo o
ritmo agrário, devemos lembrar a festa de São João, a 24 de junho, que o
encerra; e a 16 de agosto a de São Roque, importante em toda essa região do
Estado, que inicia carregado de votos e esperanças relativas à labuta que se
reabre. Ambas, devidas em grande parte ao cumprimento de promessas feitas em
prol do bom rendimento da lavoura, mas exprimindo dois momentos diferentes: o
da certeza sobre o que foi; o da incerteza sobre oque será.”
As irmandades
religiosas (Apostolado da Oração, Irmandade do Santíssimo Sacramento, Liga
Jesus, Maria e José, Irmandade do Rosário, Filhas de Maria, Cruzada
Eucarística...) abrilhantavam as novenas e as procissões, com suas fitas, seus
estandartes... como em quase todo o Brasil, também, em Jardinópolis, as
Irmandades, no passado, sempre exerceram a função de organizar as festividades
na matriz e nas capelas
ARCHIVO DA DIOCESE DO
RIBEIRÃO PRETO (1908-1928), P. 17 Conservado na Cúria Metropolitana de Ribeirão
Preto - SP
CORREIO
DA SEMANA (15/07/1956)
D`INCAO, CONCEIÇÃO, MARIA. O Bóia-Fria. 3º ed. Petrópolis: Vozes,
1976,
Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Nova Cultura, 1998, p.
5.387).
*Padre, 70 anos. Pároco emérito. Foi professor de filosofia e de teologia no CEARP. Econtra-se com deficiência visual completa, desde março de 2013. Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. Serie 70 anos, 98°.
A
fábrica é em geral uma parte dos bens eclesiásticos ou dos seus rendimentos,
destinada à conservação e reparos das Igrejas e às despesas do culto divino.
Convém este nome aos bens com esta aplicação, e também às pessoas que os
administram, que se chamam comumente entre nós, - “fabriqueiros”. É o que dizem
as “Instituições sobre Fábricas”. De autoria de Dom Alberto José Gonçalves,
primeiro Bispo Diocesano de Ribeirão preto e datadas de 2 de abril de 1924. Cf.
ARCHIVO DA DIOCESE DO RIBEIRÃO PRETO (1908-1928), P. 17 Conservado na Cúria Metropolitana
de Ribeirão Preto - SP