quinta-feira, 16 de julho de 2015

A EMPREGADA E O TELEFONE (Serie 70, 92°)


Segundou Houaiss, o telefone é “aparelho destinado a transmitir e reproduzir à distancia o som, esp. o da fala humana, por meio de correntes eletromagnéticas”.
Para Murilo Mendes “o telefone é um objeto de metal, geralmente pintado de preto, geralmente redondo: uma boca sem corpo aderindo a uma e solicitando outa boca através do espaço”.
Sou da época em que o telefone permanecia fixado a uma parede, tinha uma manivela e sua campainha podia ser ouvida a distancia. Para a gente se comunicar com uma pessoa, era necessário recorrer ao centro telefônico local , para que fizesse a ligação. Quando chovia, para se falar da cidade a uma fazenda, só era possível se não houvesse galho caído em cima das linhas...
Veio, a seguir, o telefone automático. Fazia-se a ligação direta, sem a mediação de um centro telefônico. A rapidez com que tudo se processava era espantosa, surpreendente, e parecia que tínhamos chegado ao ápice da telefonia.
Hoje, com os telefones celulares, cada vez mais complexos e ao mesmo tempo leves e simples, não há como não se falar por meio deles, virou até vicio seu uso em qualquer lugar e hora. A dificuldade vem das operadoras, que prometem muito e, na pratica, ficam muito a desejar. Outro dia, meu enfermeiro, plantonista diário às 05:45 subia a rua Lafaiete, vindo da rodoviária, tinha a sua frente duas senhoras, empregadas domesticas, que andavam céleres para seus locais de trabalho. O enfermeiro ouviu uma delas confidenciando à outra:
- tomara que hoje o telefone esteja mudo, que nem ontem. Porque onde eu trabalho, ninguém atende o telefone, “tudo é eu”, isso atrapalha e muito o meu trabalho.
O telefone estava mudo porque a operadora não conseguia captar o sinal.  O que causava dificuldades de trabalho para uns, a mudez do telefone causava facilidade para outra.

Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.




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