segunda-feira, 6 de julho de 2015

JARDINÓPOLIS: MINHA TERRA, 117 ANOS! (Serie 70, 90°)


No próximo dia 27 de julho, Jardinópolis completará 117 anos de emancipação política. Aproveitando a ocasião, exponho minhas razões pelas quais defendo que o Sr. Domiciano Alves de Rezende – “Sô Chanico” – foi o fundador da cidade e, neste dia oito, lembramos seu falecimento.
Como bom número de cidades do interior do Estado de São Paulo, Jardinópolis nasceu de um antigo pouso destinado a tropeiros. Esse teve o nome de Pouso da Ilha Grande.
A razão deste nome deve-se à ilha – ainda existente – no leito do Rio Pardo, também chamada “Ilha do Entroncamento”.
À margem direita do rio, havia uma fazenda – Fazenda Ilha Grande – onde carros de bois, animais de carga, tropeiros e viajantes pernoitavam e se abasteciam e, dali, seguiam viagem.
O lugar de pouso foi, aos poucos, tornando-se arraial, pertencendo ao município de Batatais, com o nome de “quarteirão n° 20 de Batatais”.
Em 18 de junho de 1859, os lavradores Antônio pereira da Silva e sua mulher, Maria Florência de Jesus doaram 30 alqueires e, seu cunhado, Joaquim José D’araujo e sua mulher, Theodora Maria de Jesus, 18 alqueires.
O núcleo inicial, não deveria passar de três casas1.
José Umbelino vivia em Batatais com sua família e um casal de escravos: Gaspar e Isabel. De Batatais, vieram para Ilha Grande, após a morte de Antônio Pereira da Silva, José Umbelino e apoderara-se do patrimônio. Fizera algumas benfeitorias como um monjolo onde, hoje, localiza-se o prédio dos Correios na confluência das ruas Dr. José Teodoro e Américo Salles, com água da fazendo Niagara. Morto José Umbelino, seu irmão Isaac Adolpho Pereira comprara de seus herdeiros o patrimônio e viera de Batatais para tomar posse dos bens.
Foi aí, então, que surgiu a pendência sobre os limites das terras e o “patrimônio de Nossa Senhora Aparecida”, que seria reconhecido definitivamente em 1894.
Entrementes, a população pedia a construção de um cemitério, pois os mortos deviam ser sepultados em Batatais ou em qualquer lugar.
O sogro do Sr. Domiciano Alves de Rezende, José Pereira de Oliveira, pôs à sua disposição um terreno para este fim, fora do patrimônio, no local onde hoje se encontra a capela de Santa Luzia e adjacências. O Sr. Domiciano, então, promoveu um abaixo assinado e com as doações erigiu o esperado cemitério.
O Arraial da Ilha Grande ou “o quarteirão n° 20 de Batatais”, foi elevado à categoria de Distrito da Ilha Grande pela Lei Estadual n° 115, de 1° de outubro de 1892. Segundo o depoimento do Sr. Domiciano, quem apoiou este passo, foi seu próprio tio Joaquim Alves da Costa, político de prestígio em Batatais, quem o conseguiu.
Nisto tudo terá papel de protagonista o Sr. Domiciano Alves de Rezende, o “seu Chanico”, como familiarmente era conhecido. Conforme provisão de D. Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, Bispo Diocesano de São Paulo2, ele fora nomeado Fabriqueiro3 da capela de Nossa Senhora Aparecida da Ilha Grande, em Batatais.
Em 25 de abril de 1893, realizou-se a primeira eleição para Juiz de Paz do Distrito da Ilha Grande.
Aos 17 de setembro de 1894, o Sr. Domiciano Alves de Rezende, na condição de Fabriqueiro, foi o responsável pela escritura definitiva do “patrimônio de Nossa Senhora Aparecida da Ilha Grande”.

O FUNDADOR DA CIDADE

Pela sua iniciativa, liderança e luta em favor do povo da Ilha Grande, o Sr, Domiciano Alves de Rezende é tido, com razão, como fundador da cidade de Jardinópolis – aliás, a rua que leva seu nome, a antiga rua Alfredo Ellis, tem na placa seu nome e em baixo – “fundador da cidade”.
Domiciano ou “inspetor Chanico”, ou simplesmente “seu” Chanico, como era conhecido, nasceu na fazenda São Felipe, então pertencente ao Município de Batatais – SP – hoje, a Jardinópolis -, a 6 de janeiro de 1863, sendo filho de José Antônio Alves de Rezende e de Mariana Francisca de Rezende. Casou-se aos 18 anos de idade, com Maria das Dores de Oliveira, filha de José Pereira de Oliveira e de Anna Rosa de Jesus, donos da antiga fazenda Ilha Grande. O casamento foi realizado na matriz de Batatais.
Casado veio morar no Arraial de Ilha Grande, em 1881, onde foi nomeado Inspetor de Quarteirão – daí o apelido de “inspetor Chanico”.
Seus pais tiveram, além de Domiciano, mais dois filhos: Antônio e Francisco.
José Antônio Alves de Rezende, seu pai, originário de Minas Gerais, serviu na guerra do Paraguai, onde foi ferido e, tendo voltado, faleceu aos 32 anos de idade, na fazenda São Felipe.
“Seu Chanico” e dona Maria das Dores tiveram 7 filhos: José, casado com Dona Francisca Frota Rezende; Eurico, casado com Dona Regina Saran Rezende; Mariana, casada com o Sr. Cristiano Ribeiro Arantes; Maria Luiza, casada com o Sr. Vicente de Paula Borges; Ana Rosa, casada com o Sr. Antônio Guedes da Silva; Joaquina, casada com o Sr. Pedro Garcia Borges; Augusta, casada com o Sr. Alfredo Villela.
Já vimos que “Seu Chanico” foi nomeado inspetor de quarteirão em 1881 e 1° Fabriqueiro da capela de Nossa Senhora Aparecida da Ilha Grande, paróquia de Batatais, a 7 de março de 1883; que no dia 1° de agosto de 1885 requisitou um mutirão com 56 homens e esquadrejou o Largo do Commercio (hoje, Rua Américo Salles) que, em janeiro de 1886, com 63 homens em mutirão, abriu as primeiras ruas, construiu a capela de Nossa Senhora Aparecida – onde, hoje, está a Matriz, que promoveu a construção do 1° cemitério, auxiliado por José Celestino dos Reis, em 1890 – inaugurado a 20 de setembro de 1891.
Aos 6 de dezembro de 1892, “Seu Chanico” foi nomeado, por Carta Patente do Vice-Presidente da República, Floriano Peixoto, Alferes da Guarda Nacional.
Aos 6 de dezembro de 1896, Domiciano Alves de Rezende foi nomeado por Carta Patente do Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, Tenente da 2ª companhia do 40° Batalhão de infantaria da guarda nacional.
A residência de Domiciano Alves de Rezende era à Rua Américo Salles – hoje, n° 1165 (o prédio onde moravam Sr. Manoel Lima e sua família foi, infelizmente, demolido). Nela reuniam-se os fazendeiros e líderes locais, formando o Club dos Lavradores. Foi, neste clube, que se acalentou a ideia da criação do município. Os coronéis: José Theodoro de Lima, Joaquim Prudente Correia, Clementino José de Paula e Domiciano Alves de Rezende, envidaram todos os esforços para a concretização da ideia.
O Cel. José Theodoro passou a atuar em São Paulo, onde, também, tinha residência. Sua função era a de conseguir o necessário apoio dos políticos da Capital, no sentido de se obter a emancipação de Jardinópolis – ainda Ilha Grande.
Em Batatais, havia oposição à divisão de seu município e o Tenente Joaquim Alves da Costa, importante político batataense, sempre pronto a cooperar com o distrito, declarou-se neutro diante do assunto”.
Em 1898 quando se deu a emancipação, graças à liderança incansável do “Seu Chanico” e se instalou a Câmara dos Vereadores, aos nove de março de 1899, ele não tomou parte.
Na segunda eleição que se realizou em Jardinópolis, aos 16 de novembro de 1901 para o triênio 1902-1905, Domiciano foi eleito Vereador com 156 votos. Aos 7 de janeiro de 1902, foi eleito intendente e criou o ensino primário no município. Voltou a este cargo em 1906, em 1918 e, finalmente, em 1936.
Domiciano Alves de Rezende faleceu aos 93 anos de idade, no dia 8 de julho de 1956, as 21 horas e 15 minutos, no Pavilhão Tinoco Cabral, em Ribeirão Preto, “em virtude de uma queda acidental, na rua que hoje leva seu nome.
Seu sepultamento, segundo o Correio da Semana (15/07/1956), após a transladação dos despojos, de Ribeirão Preto para a residência do Sr. Eurico Alves de Rezende, onde, em câmara ardente, foi velado por numerosos parentes e amigos. Verificou-se às 16 horas do dia 9 deste, com extraordinário acompanhamento.
Ao baixar o corpo à sepultura puderam-se ouvir diversos oradores, que exaltaram as virtudes do morto.

            Tenho as seguintes razões para considerar “Seu Chanico” o verdadeiro fundador da cidade de Jardinópolis:

1.      Ter sido o Inspetor do quarteirão n° 20 (hoje, Jardinópolis) de Batatais (1881);
2.      Ter ele feito o primeiro arruamento do distrito, a primeira praça, a primeira capela – Nossa Senhora Aparecida. Tudo em sistema de mutirão (1885);
3.      Ter construído o primeiro cemitério (1891 – 1892);
4.      Ter sido o 1° Fabriqueiro de Patrimônio da Capela de Nossa Senhora Aparecida (1893);
5.      Ter sido o 1° Juiz de Paz (1893);
6.      Ter lutado pela emancipação do município de Jardinópolis (1898);
7.      Ter criado o ensino primário no município, quando de seu primeiro mandato como intendente municipal (1902).

Citações:
1.      Carta de Campinas-SP., datada de 01/11/1952, ao seu filho, morador de Jardinópolis, Sr. Eurico Rezende, conservada no arquivo da família deste e cedida para fotocópia integral por sua filha, Prof. Maria Helena Rezende;
2.      VASCO SMITH DE VASCONCELLOS. História da Província Eclesiástica de São Paulo. São Paulo: Oficinas Gráficas da Saraiva S.A., 1857, pp., 81-85.

3.      ARQUIVO DA DIOCESE DO RIBEIRÃO PRETO (1908 – 1928), P. 17. Conservado na Cúria Metropolitana de Ribeirão Preto – SP.

Digitou este Artigo Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).

4 comentários:

  1. Parabéns pelo Blog. Jardinópolis precisa se conhecer, começando por sua bela história.

    João Cilli

    ResponderExcluir
  2. boa noite, procurando no google nome dos meus avós encontrei referencia deles nessa pagina (Maria Luiza, casada com o Sr. Vicente de Paula Borges;) porem nao localizei no texto. seria possível me dizer algo deles?

    ResponderExcluir
  3. boa noite, gostaria de me corresponder com os parentes do sr chanico . Eu me chamo Alexandra medeiros borges e sou neta de Dona maria luiza. email: alexandrapsicologa@hotmail.com

    ResponderExcluir
  4. Acabo de ler a postagem sobre meu avô Domiciano e observei que foi omitido o nome de um de seus filhos, também chamado Domiciano Alves de Rezende. Casado com Alice Pascoal Rezende, faleceu aos 33 anos de idade, em Jardinópolis. Eram,portanto, 8 filhos.

    ResponderExcluir