terça-feira, 28 de julho de 2015

A FESTA DA LAPA (Serie 70, 97º)

A FESTA DA LAPA

Francisco de Assis Correia


       Estamos na novena da festa do Bom Jesus da Lapa, em Jardinópolis- SP.
    Segundo a tradição oral a festa teria surgido, em 1913, mas até o presente, não se descobriu nenhum documento histórico que certifique  sua origem.
Sabe-se que, a fundadora foi a Pequena do Nascimento, cujo nome verdadeiro era Juventina Pereira do Nascimento.
    Nasceu em Condeúba – BA (mesmo local para onde vão anualmente os voluntários do sertão” dirigidos  por  “Dorinho”) aos 15 de maio de 1885.
    Ha entretanto, duvidas quanto a data de seu aniversario de nascimento e do ano de seu nascimento.
      O certo é que ela iniciou a festa em sua casa, em Jardinópolis, no local, onde hoje, esta instalada o lar S. Vicente de Paulo (Rua Prof. Euclydes Berardo, nº 67) no então Largo da Santa Cruz.
     Depois, por implicação dos vizinhos, transferiu-se para o local, onde hoje se encontra a imagem do Sagrado Coração de Jesus, ao lado da então curva da morte.
     Por fim, estalou-se, em capela, em local próprio, onde hoje se encontra o santuário do Senhor Bom Jesus da Lapa.
     A festa, teve oposição da Igreja, primeiro por que era uma festa particular e não oficial da paróquia local. Depois, por que os recursos da mesma, ficavam com sua proprietária.
      O Bispo Diocesano de Ribeirão Preto na época,  Dom Alberto José Gonçalves, chegou até mesmo a ameaçar de excomunhão quem frequentasse a festa da lapa.
      O vigário que mais se opôs à festa, fazendo uma concorrente na mesma data, na praça da matriz, Pe. Jayme Noguera, sempre obedecendo às normas da Diocese, e se opondo à Pequena do Nascimento, viu-se frustrado e “traído” pelo próprio vigário geral da Diocese, Monsenhor Dr. João Laureano. Este, muito amigo do mais influente líder politico da região na época: Dr. Mário Guimarães de Barros Lins. Com o auxilio deste, conseguiu fazer o acordo com a Pequena do Nascimento e com o mesmo, liberou a festa de toda a interdição do Bispo e a mesma, passou a ser liderada pelo vigário local, até o presente momento
       Padre Jayme Noguera, percebeu nitidamente como funcionaram as coisas sem sua participação e anuência. Para todos os efeitos, ele teria pedido ao seu amigo e colega Pe. José Vingelli, que estava em Santa Cruz das Palmeiras, para trocar com ele a paróquia de Jardinópolis e, assim, foi feito.
        No II Livro de Tombo da Paróquia de Santa Cruz das Palmeiras (1904-1957), Pe. Jayme registra o motivo pela qual deixou a Paróquia de Jardinópolis. Ele, segundo eu entendi, ficou magoado com a politica que levou ao acordo sobre a Festa da Lapa, que não incluiu o Vigário. Dá a entender que foi uma manobra politica do Partido Republicano Paulista, tendo à frente Dr. Mário Lins[1]. Mas não registrou nada sobre seu retorno a Jardinópolis, segundo o qual ele teria presidido e celebrado a festa em 1935, com chegada solene na estação de trem, com discurso do Dr. Mário Lins, celebração de missa às 10h e procissão.[2]
         Quanto a Pequena do Nascimento, esta, faleceu em Jardinópolis no dia  17 de setembro de 1950
          Pe. Jayme Noguera, veio falecer em Mogi Guaçu no dia 13 de maio de 1941.
           





*Padre, 70 anos. Pároco emérito. Foi professor de filosofia e de teologia no CEARP. Econtra-se com deficiência visual completa, desde março de 2013. Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. Serie 70 anos, 97°.





[1] II Livro de Tombo da Paróquia de Santa Cruz das Palmeiras, p. 126v-127v.
[2][2]  Pe. FRANCISCO DE ASSIS CORREIA. A PEQUENA DO NASCIMENTO E O BOM JESUS DA LAPA DE JARDINÓPOLIS (1913-1950). Brodowski. Ed. Grafcolor, 2005, p. 91-92.

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