A FESTA DA LAPA
Francisco de Assis
Correia
Estamos na novena da festa do Bom Jesus da
Lapa, em Jardinópolis- SP.
Segundo a tradição oral a festa teria
surgido, em 1913, mas até o presente, não se descobriu nenhum documento
histórico que certifique sua origem.
Sabe-se que, a fundadora foi a Pequena do
Nascimento, cujo nome verdadeiro era Juventina Pereira do Nascimento.
Nasceu em Condeúba – BA (mesmo local para
onde vão anualmente os voluntários do sertão” dirigidos por
“Dorinho”) aos 15 de maio de 1885.
Ha entretanto, duvidas quanto a data de
seu aniversario de nascimento e do ano de seu nascimento.
O certo é que ela iniciou a festa em
sua casa, em Jardinópolis, no local, onde hoje, esta instalada o lar S. Vicente
de Paulo (Rua Prof. Euclydes Berardo, nº 67) no então Largo da Santa Cruz.
Depois, por
implicação dos vizinhos, transferiu-se para o local, onde hoje se encontra a
imagem do Sagrado Coração de Jesus, ao lado da então curva da morte.
Por fim,
estalou-se, em capela, em local próprio, onde hoje se encontra o santuário do
Senhor Bom Jesus da Lapa.
A festa, teve oposição da Igreja,
primeiro por que era uma festa particular e não oficial da paróquia local.
Depois, por que os recursos da mesma, ficavam com sua proprietária.
O Bispo
Diocesano de Ribeirão Preto na época,
Dom Alberto José Gonçalves, chegou até mesmo a ameaçar de excomunhão
quem frequentasse a festa da lapa.
O vigário
que mais se opôs à festa, fazendo uma concorrente na mesma data, na praça da
matriz, Pe. Jayme Noguera, sempre obedecendo às normas da Diocese, e se opondo
à Pequena do Nascimento, viu-se frustrado e “traído” pelo próprio vigário geral
da Diocese, Monsenhor Dr. João Laureano. Este, muito amigo do mais influente
líder politico da região na época: Dr. Mário Guimarães de Barros Lins. Com o
auxilio deste, conseguiu fazer o acordo com a Pequena do Nascimento e com o
mesmo, liberou a festa de toda a interdição do Bispo e a mesma, passou a ser
liderada pelo vigário local, até o presente momento
Padre Jayme
Noguera, percebeu nitidamente como funcionaram as coisas sem sua participação e
anuência. Para todos os efeitos, ele teria pedido ao seu amigo e colega Pe.
José Vingelli, que estava em Santa Cruz das Palmeiras, para trocar com ele a
paróquia de Jardinópolis e, assim, foi feito.
No II Livro
de Tombo da Paróquia de Santa Cruz das Palmeiras (1904-1957), Pe. Jayme
registra o motivo pela qual deixou a Paróquia de Jardinópolis. Ele, segundo eu
entendi, ficou magoado com a politica que levou ao acordo sobre a Festa da
Lapa, que não incluiu o Vigário. Dá a entender que foi uma manobra politica do
Partido Republicano Paulista, tendo à frente Dr. Mário Lins[1].
Mas não registrou nada sobre seu retorno a Jardinópolis, segundo o qual ele
teria presidido e celebrado a festa em 1935, com chegada solene na estação de
trem, com discurso do Dr. Mário Lins, celebração de missa às 10h e procissão.[2]
Quanto
a Pequena do Nascimento, esta, faleceu em Jardinópolis no dia 17 de setembro de 1950
Pe. Jayme
Noguera, veio falecer em Mogi Guaçu no dia 13 de maio de 1941.
*Padre, 70 anos. Pároco emérito. Foi professor de filosofia
e de teologia no CEARP. Econtra-se com deficiência visual completa, desde março
de 2013. Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador
do autor. Serie 70 anos, 97°.
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