quarta-feira, 15 de abril de 2015

A RECEPÇÃO E A IMPLANTAÇÃO DOS DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II (1962 – 1965), NA ARQUIDIOCESE DE RIBEIRÃO PRETO (1966 – 1981) (Serie 70, 64°)


(Continuação)

3ª ETAPA

Curso de Atualização

            Um dos instrumentos para atingir os objetivos de uma pastoral renovada é o Curso de Atualização.
            Assim se expressou um convite para o Curso de Atualização:
            “Vamos falar de atualização Paroquial, melhor: em tempos de atualização paroquial, evidentemente, em tal assunto, precisávamos ouvir Pe. César Luzio...”7
                No número do TRAÇO-DE-UNIÃO intitulado “COORDENAR A VIDA...”, Con. Angélico descrevendo a situação da Igreja particular de Ribeirão Preto, desta forma, se expressou:
            “AQUI estamos, novamente, no serviço do ser traço-de-união de vida.
            É preciso, com efeito, que digamos, com alegria, que em todos os cantos e recantos da Arquidiocese de Ribeirão Preto há muita vida. Vida que desponta, que cresce, que transmuda. Em muitos setores, ordenadamente; em outros, no crescer selvagem das plantas não classificadas.
            AOS poucos, o esforço por ordenar, coordenar as manifestações da vida vai se concretizando.
(...)
            NA REALIDADE, por mais que se organize, a vida escapa por novas formas. Por novas surpresas. Isto, evidentemente, não quer justificar nossa falta de organização! Bendito seja Deus – que é com grande alegria que o dizemos – abrimos caminhos largos no sentido de Pastoral organizada, coordenada. E muito temos a fazer ainda neste sentido. Com as luzes e força do Espírito, iremos caminhando na concretização de tudo o que vai se evidenciando como devendo ser feito. Conservamo-nos, contudo, na simplicidade de quem sabe que a vida sempre oferecerá novos detalhes, novas fórmulas.
            É ASSIM que vemos nossa Arquidiocese. Suas estruturas e valentes, dedicadas pessoas que, de mil e uma maneiras, em inúmeras posições, trabalham na construção do Reino. Aos poucos, na conjugação maravilhosa e multicolorida de esforços, vamos “criando meios e condições para que a Igreja na Arquidiocese se ajuste, o mais rápida e plenamente possível, à imagem da Igreja do Vaticano II”8.
            Na preocupação de formar para agir consciente e consistentemente, de 19 a 22 de agosto de 1968, em Brodowski, organizou-se um curso de atualização sobre a Gaudium et Spes e sobre a Humanae Vitae; destinado ao clero, mas aberto aos religiosos e aos leigos.
            Dom Bernardo José Bueno Miele falou sobre “aspectos gerais da Gaudium et Spes”.
            Pe. Rolando Jalbert sobre “a família na Gaudium et Spes”.
            Dr. Nelson e Sra. Moema Rocha Augusto sobre “aspectos médicos da Humanae Vitae”.
            Dr. Alberto, Pe. Efrém e o operário Marcelino, presidente da Frente Nacional do Trabalho, sobre “realidade brasileira”, Frente Nacional do Trabalho e Igreja e a realidade econômico-social”.
            “Falou-se muito, também sobre a “não violência”, notando-se a firme decisão por parte de todos, de que sejam colocadas em práticas, as exigências da Doutrina Social Cristã, em nossa região, através do difícil e operoso trabalho da “não violência””9.
            Mais à frente, o clima que vive a Arquidiocese de Ribeirão Preto é descrito como “PRIMAVERIL”. “Estado de Concílio. Alegria, perplexidades, desejo incontido de caminhar”10.
            O TRAÇO-DE-UNIÃO seguinte – outubro de 68 a fevereiro de 69 – abre-se contextualizando o momento histórico do CELAM, da CNBB e CRB e situa a Igreja Particular de Ribeirão Preto desta maneira:
            “A ARQUIDIOCESE de Ribeirão Preto, por entre tensões e esperanças que marcam nosso tempo, também caminha. E o faz sempre com a maior firmeza. Sabe, na pessoa de seus Arcebispos, Presbíteros, Religiosos, Religiosas e Leigos, que deve criar meios e condições, para que a Igreja, aqui, se ajuste o mais rápida e plenamente possível, à imagem de Igreja do Vaticano II. Através de cursos, encontros, mentalidade nova está surgindo. Temos – crescendo – nosso Secretariado de Pastoral e a Coordenação Arquidiocesana de Pastoral que, aos poucos, descobre sua missão. Não se trata de criar novas e complicadas estruturas. Trata-se de viver um espírito novo, em plenitude, servindo-se de um mínimo de estruturas. Cria-se em nós, firmemente a convicção de que coordenar é convergência, na unidade da vivência.
            ATENDENDO ao apelo desta Coordenação Arquidiocesana de Pastoral, os diversos movimentos que atuam na Arquidiocese nos apresentaram os programas de suas atividades, de outubro de 1968 a fevereiro de 1969. Tal programa não é ainda fruto de um processo de planejamento levado a efeito. Caminhamos para lá. Muitos movimentos elaboraram tal programa de atividades (que, na íntegra, hoje, estamos publicando), em reunião de escritório, de um dia para outro. Os dados da realidade não são bem conhecidos e, pois, a resposta da Igreja nem sempre adequada. Trata-se porém, de sério caminhar. Isto tudo nos levará, aos poucos, à convicção daquilo que Paulo VI dizia ao CELAM, em 1965: “Na obra pastoral, não se pode andar às cegas; o apóstolo não é alguém que corre incerto ou se bate contra o ar (1Cor 9,26); evita hoje a acomodação e o perigo do empirismo. Uma sábia planificação, portanto, pode oferecer também à igreja um meio eficaz e incentivo ao trabalho... A planificação impõe opções e comporta renúncias mesmo do que, às vezes, seria o melhor; e a concentração de esforços intensiva e extensiva nos objetivos essenciais obriga a deixar realizações que, embora belas, sejam limitadas ou supérfluas”.
            CONHECENDO as atividades dos diversos movimentos, a Coordenação de Pastoral melhor poderá estar presente para animá-las e servi-las. Não é nossa intenção, repetimos, neste trabalho a que nos demos descobrir nossa finalidade, missão, ser órgão burocrático, estrutura nova a se somar tantas outras. Queremos ser vida ao encontro da vida. Vida a fomentar unidade entre os vivos. A colaborar no corte àquilo que ameaça a vida. A incentivar o aparecimento da vida, onde a realidade o exigir, num esforço honesto, verdadeiro, conjunto, para colocar a Igreja na Arquidiocese, sempre mais, em participação no processo de desenvolvimento de todos os homens e do homem todo, para a glória do Pai”11.
           
Citações

7. Idem, p. 2-3.
8. TRAÇO-DE-UNIÃO. N° 4 (1968), p.1.
9. Idem, p. 2.
10. TRAÇO-DE-UNIÃO. N° 5, p.1.
11. TRAÇO-DE-UNIÃO. N° 6, p.1.

(Continua)

Digitou este Artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfemermeiro e Cuidador do Autor).

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