quarta-feira, 8 de abril de 2015

A RECEPÇÃO E A IMPLANTAÇÃO DOS DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II (1962 – 1965), NA ARQUIDIOCESE DE RIBEIRÃO PRETO (1966 – 1981) (Serie 70, 59°)

INTRODUÇÃO
           
Nas comemorações dos cinquenta anos do encerramento do Concílio Vaticano II, meu ensejo é descrever, de forma cronológica por etapas, como se deram a recepção e a implantação dos documentos deste Concílio.
            O período aqui estudado, 1966 a 1981, corresponde ao imediato término do Concílio e até 1981, ano do falecimento de Dom Bernardo José Bueno Miele (22 de dezembro).
Este período é áureo, porque foi nele que se acontecerão a recepção e a implantação dos documentos, através de palestras, de estudos e de reuniões destinados ao clero secular e regular, de religiosos e de leigos.

1ª Etapa

Pode-se afirmar que, a partir deste período, 1966, iniciou-se verdadeiramente, na Arquidiocese de Ribeirão Preto o esforço, na vida concreta de “ajustar a igreja arquidiocesana, o mais rápido e plenamente possível, à imagem de Igreja do Vaticano II”1.
Dom Frei Felício César da Cunha Vasconcelos, OFM, que assumiu a Arquidiocese em 1965, não obstante sua abalada saúde, teve um papel singular nesta história: foi ele que solicitou um bispo auxiliar; foi ele que nomeou o primeiro coordenador de pastoral arquidiocesano. O bispo auxiliar, na verdade foi Dom Bernardo José Bueno Miele (1966 – 1981), com o título de arcebispo coadjutor com direito a sucessão e o primeiro coordenador arquidiocesano de pastoral foi o Cônego Angélico Sândalo Bernardino (1966 – 1974)2.
Nesta primeira etapa, foi marcante o 1°. Curso para o Clero, nesta fase pós-conciliar, dedicado à Pastoral Familiar (sic). O curso contou com os seguintes assessores:
- Monsenhor Roberto Mascarenhas Roxo que tratou das perspectivas históricas do Vaticano II; da Igreja mistério, da Igreja jurídica; da Igreja serviço, sinal e sacramento e destacou quatro “serviços” fundamentais da Igreja:
“1. Hierarquia: manifesta o Cristo como Chefe, Pastor e Rei, da comunidade.
2. Religiosos: por sua “despreocupação” pelas cousas terrenas, manifestam a escatologia, antecipam a glória da Ressureição; são o sacramento de Cristo glorioso.
3. Leigos: são o sacramento do Cristo em todos os aspectos vivenciais da existência.
4. Casados: são o sacramento da presença do Cristo em seu amor pela Igreja peregrina.”
- Frei Luiz Gonzaga, coordenador da pastoral familiar do estado de São Paulo, “discorreu sobre os vários aspectos pastorais da família”.
- Pe. Gil tratou da espiritualidade conjugal.
- Monsenhor Milani falou sobre os problemas da moral conjugal a respeito do número de filhos (ainda não havia a Humanae Vitae).
- Dª. Alzira Lopes tratou da necessidade e urgência de escola de pais.
Não faltou a abordagem sobre a Pastoral de Conjunto e de suas seis linhas.
Por isso para o ano de 1967, a coordenação da Pastoral propôs, já em outubro de 1966, o que segue:

PLANO DE PASTORAL DE CONJUNTO
ARQUIDIOCESE DE RIBEIRÃO PRETO
- 1967 -
Sintetizando as grandes linhas, perspectivas, da “LUMEN GENTIUM”, e em especial do capítulo primeiro, podemos afirmar que o OBJETIVO GERAL DE AÇÃO da Igreja é “levar todos os homens à plena comunhão de vida com o Pai e entre si em Jesus Cristo, no dom do Espírito Santo, pela mediação visível da Igreja”.
A Igreja no Brasil, bendito seja Deus, possui Plano de Pastoral de Conjunto cujo OBJETIVO GERAL é o de “criar meios e condições para que a Igreja no Brasil se ajuste, o mais rápida e plenamente possível, à imagem de Igreja do Vaticano II”.
A Arquidiocese de Ribeirão Preto, em sua ação pastoral, visa realizar o objetivo geral de ação da Igreja, enquadrando-se nos objetivos do Plano de Pastoral de Conjunto.
UNIDOS ao pastor e Pai da Arquidiocese, D. Frei Felício, Sacerdotes, Religiosos, Religiosas e Leigos, formamos a Família Arquidiocesana, colocada em dinamismo de amor, para a realização da vontade de Deus.
FIÉIS seremos aos ensinamentos do Papa que, ao Episcopado latino-americano, em 1965, dizia: “Como os problemas de hoje são gerais, requerem soluções de conjunto. Ninguém os pode resolver sozinho. Daqui se segue o caráter unitário que deve resistir a ação pastoral de hoje... A planificação impõe opções e comporta renúncias mesmo do que, às vezes, seria o melhor; e a concentração de esforços intensiva e extensiva nos objetivos essenciais nos obriga a deixar realizações que embora belas, sejam limitadas ou supérfluas”.
Das seis LINHAS DE TRABALHO do Plano de Pastoral de Conjunto, tiramos algumas atividade para serem CONCRETIZADAS, em 1967. A escolha de tais atividades foi ditada pelo resultado de levantamento sócio-religioso da Arquidiocese de Ribeirão Preto por Frei A. ROLIN3; pelos assuntos debatidos nas reuniões das Vigararias e proposições dos sacerdotes apresentadas no último retiro do Clero.
DE nossa parte, procuraremos oferecer aos “REALIZADORES” os meios e sugestões para que as atividades propostas, realmente, possam ser levadas à prática, para a maior glória da Santíssima Trindade. Estas sugestões e meios, dentro em breve, serão apresentados a todos. Hoje, somente, damos conhecimento do plano das atividades para 1967.

Citações
1. É o que se lê na apresentação do boletim TRAÇO DE UNIÃO n°. 1 (novembro de 1966) p.1, da Coordenação de Pastoral da Arquidiocese de Ribeirão Preto;
2. A data refere-se a sua nomeação como coordenador de pastoral até sua nomeação como bispo auxiliar de São Paulo;
3. CF FREI ANTÔNIO ROLIM. Levantamento Sócio-Religioso da Arquidiocese de Ribeirão Preto. 1963 (texto mimeografado).


(Continua)

Digitou este texto: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).

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