INTRODUÇÃO
Nas comemorações dos
cinquenta anos do encerramento do Concílio Vaticano II, meu ensejo é descrever,
de forma cronológica por etapas, como se deram a recepção e a implantação dos
documentos deste Concílio.
O
período aqui estudado, 1966 a 1981, corresponde ao imediato término do Concílio
e até 1981, ano do falecimento de Dom Bernardo José Bueno Miele (22 de
dezembro).
Este período é áureo, porque
foi nele que se acontecerão a recepção e a implantação dos documentos, através
de palestras, de estudos e de reuniões destinados ao clero secular e regular,
de religiosos e de leigos.
1ª
Etapa
Pode-se afirmar que, a
partir deste período, 1966, iniciou-se verdadeiramente, na Arquidiocese de
Ribeirão Preto o esforço, na vida concreta de “ajustar a igreja arquidiocesana,
o mais rápido e plenamente possível, à imagem de Igreja do Vaticano II”1.
Dom Frei Felício César da
Cunha Vasconcelos, OFM, que assumiu a Arquidiocese em 1965, não obstante sua
abalada saúde, teve um papel singular nesta história: foi ele que solicitou um
bispo auxiliar; foi ele que nomeou o primeiro coordenador de pastoral arquidiocesano.
O bispo auxiliar, na verdade foi Dom Bernardo José Bueno Miele (1966 – 1981),
com o título de arcebispo coadjutor com direito a sucessão e o primeiro
coordenador arquidiocesano de pastoral foi o Cônego
Angélico Sândalo Bernardino (1966 – 1974)2.
Nesta primeira etapa, foi
marcante o 1°. Curso para o Clero, nesta fase pós-conciliar, dedicado à Pastoral
Familiar (sic). O curso contou com os seguintes assessores:
- Monsenhor Roberto
Mascarenhas Roxo que tratou das perspectivas históricas do Vaticano II; da
Igreja mistério, da Igreja jurídica; da Igreja serviço, sinal e sacramento e
destacou quatro “serviços” fundamentais da Igreja:
“1. Hierarquia: manifesta o
Cristo como Chefe, Pastor e Rei, da comunidade.
2. Religiosos: por sua
“despreocupação” pelas cousas terrenas, manifestam a escatologia, antecipam a
glória da Ressureição; são o sacramento de Cristo glorioso.
3. Leigos: são o sacramento
do Cristo em todos os aspectos vivenciais da existência.
4. Casados: são o sacramento
da presença do Cristo em seu amor pela Igreja peregrina.”
- Frei Luiz Gonzaga,
coordenador da pastoral familiar do estado de São Paulo, “discorreu sobre os
vários aspectos pastorais da família”.
- Pe. Gil tratou da
espiritualidade conjugal.
- Monsenhor Milani falou
sobre os problemas da moral conjugal a respeito do número de filhos (ainda não
havia a Humanae Vitae).
- Dª. Alzira Lopes tratou da
necessidade e urgência de escola de pais.
Não faltou a abordagem sobre
a Pastoral de Conjunto e de suas seis linhas.
Por isso para o ano de 1967,
a coordenação da Pastoral propôs, já em outubro de 1966, o que segue:
PLANO
DE PASTORAL DE CONJUNTO
ARQUIDIOCESE
DE RIBEIRÃO PRETO
-
1967 -
Sintetizando as grandes
linhas, perspectivas, da “LUMEN GENTIUM”, e em especial do capítulo primeiro, podemos
afirmar que o OBJETIVO GERAL DE AÇÃO da Igreja é “levar todos os homens à
plena comunhão de vida com o Pai e entre si em Jesus Cristo, no dom do Espírito
Santo, pela mediação visível da Igreja”.
A Igreja no Brasil, bendito
seja Deus, possui Plano de Pastoral de Conjunto cujo OBJETIVO GERAL é o de “criar
meios e condições para que a Igreja no Brasil se ajuste, o mais rápida e
plenamente possível, à imagem de Igreja do Vaticano II”.
A Arquidiocese de Ribeirão
Preto, em sua ação pastoral, visa realizar o objetivo geral de ação da Igreja,
enquadrando-se nos objetivos do Plano de Pastoral de Conjunto.
UNIDOS ao pastor e Pai da
Arquidiocese, D. Frei Felício, Sacerdotes, Religiosos, Religiosas e Leigos,
formamos a Família Arquidiocesana, colocada em dinamismo de amor, para a
realização da vontade de Deus.
FIÉIS seremos aos
ensinamentos do Papa que, ao Episcopado latino-americano, em 1965, dizia: “Como
os problemas de hoje são gerais, requerem soluções de conjunto. Ninguém os pode
resolver sozinho. Daqui se segue o caráter unitário que deve resistir a ação
pastoral de hoje... A planificação impõe opções e comporta renúncias mesmo do
que, às vezes, seria o melhor; e a concentração de esforços intensiva e
extensiva nos objetivos essenciais nos obriga a deixar realizações que embora
belas, sejam limitadas ou supérfluas”.
Das seis LINHAS DE TRABALHO
do Plano de Pastoral de Conjunto, tiramos algumas atividade para serem CONCRETIZADAS,
em 1967. A escolha de tais atividades foi ditada pelo resultado de levantamento
sócio-religioso da Arquidiocese de Ribeirão Preto por Frei A. ROLIN3;
pelos assuntos debatidos nas reuniões das Vigararias e proposições dos
sacerdotes apresentadas no último retiro do Clero.
DE nossa parte, procuraremos
oferecer aos “REALIZADORES” os meios e sugestões para que as atividades
propostas, realmente, possam ser levadas à prática, para a maior glória da
Santíssima Trindade. Estas sugestões e meios, dentro em breve, serão
apresentados a todos. Hoje, somente, damos conhecimento do plano das atividades
para 1967.
Citações
1. É o que se lê na apresentação do boletim
TRAÇO DE UNIÃO n°. 1 (novembro de 1966) p.1, da Coordenação de Pastoral da
Arquidiocese de Ribeirão Preto;
2. A data refere-se a sua nomeação como
coordenador de pastoral até sua nomeação como bispo auxiliar de São Paulo;
3. CF FREI ANTÔNIO ROLIM. Levantamento
Sócio-Religioso da Arquidiocese de Ribeirão Preto. 1963 (texto mimeografado).
(Continua)
Digitou este texto: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).
Nenhum comentário:
Postar um comentário