Septuagésimo Aniversário de Morte
Quem
foi D. Bonhoeffer?
“Foi
um pastor luterano, um professor universitário com doutorado em teologia, um
pioneiro do movimento ecumênico, um escritor prolifico, um poeta e uma figura
central na luta contra o regime nazista” (Igreja Evangélica Luterana na
Itália).
Pela
síntese oferecida pela edição italiana, contida na tradução do IHU
(09/04/2015), transcrevo o que segue:
“Nascido em Breslau (Alemanha)
em 1906, com a irmã gêmea Sabine,
Dietrich foi o sexto de oito filhos de Karl e Paula Bonhoeffer. Seu pai era um importante professor de
psiquiatria e neurologia; a mãe, uma das poucas mulheres formadas da sua
geração.
Formando-se em teologia em Berlim, em 1927, Bonhoeffer iniciou a atividade de pastor em uma
igreja alemã em Barcelona,
em 1928. Em 1930, foi estudar em Nova York,
no Union Theological
Seminary. Em 1931, começou a lecionar na Faculdade de Teologia de Berlim e foi ordenado pastor.
Naquele período, ele começou
a atividade no nascente movimento ecumênico, estabelecendo contatos
internacionais que, depois, teriam grande importância para o seu empenho na
resistência.
Em 1931, ele foi eleito
secretário juvenil da União Mundial para a
Colaboração entre as Igrejas e,
em 1933, passou a fazer parte do Conselho Cristão
Universal "Life and Work" (do qual nasceria, depois, o Conselho Ecumênico de Igrejas).
Com a ascensão de Hitler ao
poder no fim de janeiro de 1933, a Igreja Evangélica
Alemã, a qual Bonhoefferpertencia,
entrou em uma fase difícil e delicada. Muitos protestantes alemães acolheram
favoravelmente o advento do nazismo. Em particular, o grupo dos chamados
"cristãos-alemães" (Deutsche Christen)
tornou-se porta-voz da ideologia nazista dentro da Igreja, chegando até a pedir
a eliminação do Antigo Testamento da Bíblia.
No verão de 1933, aqueles que, inspirando-se nas leis arianas
do Estado, propuseram um "parágrafo ariano" para a Igreja, segundo o
qual era impedido que os "não arianos" se tornassem ministros de
culto ou professores de religião. A disputa que se seguiu daí provocou uma
profunda divisão dentro da Igreja: a ideia da "missão para os judeus"
era muito difundida, mas agora os cristãos-alemães defendiam que os judeus fossem
uma raça separada que não podia se tornar "ariana" nem mesmo mediante
o batismo, negando assim a validade do Evangelho.
Bonhoeffer se opôs firmemente ao parágrafo ariano, afirmando que a sua ratificação
submeteria os ensinamentos cristãos à ideologia política: se aos "não
arianos" fosse impedido o acesso ao ministério, então os pastores teriam
que renunciar em sinal de solidariedade, também sob o custo de fundar uma nova
Igreja, livre da influência do regime.
No artigo de abril de 1933
intitulado "A Igreja diante do problema dos judeus", Bonhoeffer foi
o primeiro a abordar o tema da relação entre a Igreja e a ditadura nazista,
defendendo fortemente que a Igreja tinha o dever de se opor à injustiça
política.
Em setembro de 1933, quando o
parágrafo ariano foi aprovado pelo Sínodo nacional da Igreja Evangélica, Bonhoefferse comprometeu a informar e sensibilizar o
movimento ecumênico internacional sobre a gravidade da questão. Ele também
recusou um posto de pastor em Berlim, por solidariedade com aqueles que eram
excluídos do ministério por razões raciais, e decidiu se mudar para uma
congregação de língua alemã, em Londres.
Em maio de 1934, nasceu a
chamada Igreja Confessante por obra de uma minoria interna da Igreja Evangélica Alemã, que adotou a Declaração de Barmen em oposição ao
nazismo. Em abril de 1935, Bonhoeffer voltou para aAlemanha para dirigir, antes em Zingst e
depois em Finkenwalde,
um seminário clandestino para a formação dos pastores da Igreja Confessante,
que estava sofrendo pressões crescentes por parte da Gestapo, que culminaram em
agosto de 1937, no decreto de Himmler que declarava ilegal a atividade de
formação de candidatos a pastores para a Igreja Confessante.
Em setembro, o seminário de Finkenwalde foi
fechado pela Gestapo.
Nos dois anos seguintes, Bonhoeffer continuou a atividade de professor na
clandestinidade; em janeiro de 1938, a Gestapo o baniu de Berlim e,
em setembro de 1940, proibiu-o de falar em público.
Em 1939, Bonhoeffer se
aproximou de um grupo de resistência e conspiração contra Hitler, constituído entre outros pelo advogado Hans von Dohnanyi (seu
cunhado), pelo almirante Wilhelm Canaris e pelo general Hans Oster. O teólogo constituiu um elo fundamental entre
o movimento ecumênico internacional e a conspiração alemã contra o nazismo.
A sua atividade para ajudar
um grupo de judeus a fugir da Alemanha levou à sua prisão em abril de 1943.
Durante os dois anos de prisão que precederam a sua morte, nas cartas ao amigo Eberhard Bethge, Bonhoeffer explorou o significado da fé cristã em
um "mundo que se tornou adulto", perguntando-se: "Quem é Cristo para
nós hoje?".
O cristianismo muitas vezes
fugiu do mundo, tentando encontrar um último refúgio para Deus em um canto
"religioso", a salvo da ciência e do pensamento crítico. Mas Bonhoeffer afirmou
que é justamente a humanidade na sua força e maturidade que Deus exige e
transforma em Jesus Cristo, "a pessoa pelos outros".
Depois de uma tentativa
fracassada de atentado contra Hitler no dia 20 de julho de 1944, Bonhoeffer foi
transferido para a prisão de Berlim, depois para o campo de concentração de Buchenwald e,
por fim, para o de Flossenbürg,
onde foi enforcado junto com outros conspiradores.
Durante a sua vida, Bonhoeffer publicou,
em 1930, Sanctorum communio;
em 1931, Ato e ser, em 1937,Discipulado;
em 1938, A vida comum. As cartas e as
anotações escritas durante sua prisão e enviadas ao amigoEberhard Bethge foram publicados por ele postumamente
em 1951, junto com as cartas para os pais e para algumas poesias, sob o título
de Resistência e
submissão.
Apareceram postumamente as
obras que, segundo o autor, deviam constituir a sua maior contribuição: Ética (1949);Tentação (1953); O mundo maior de idade (1955-1966) (NEV, 13-14/2005).
Obras de
Bonhoeffer editadas no Brasil:
Prédicas e Alocuções,
Editora Sinodal, 2007; Ética, Editora Sinodal, 2005; Discipulado, Editora
Sinodal, 2004; Resistência e Submissão: Cartas e Anotações Escritas na;
Prisão, Editora Sinodal, 2003; Tentação, Editora Sinodal, 2003; Vida
em comunhão, Editora Sinodal, 1986; com Salmos, Editora Encontro,
1995.Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.
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