sábado, 28 de fevereiro de 2015

O MENINO CUSTOSO (Serie 70, 40°)


            Meus amigos João Luís e Heloísa foram, outro dia, passar dois dias de folga num hotel fazenda em São João Batista do Glória – MG, fiquei surpreso com a data do município:1949! Fiquei pensando, que surpresa a minha: sou mais velho que o município, quando, em geral, os municípios de Minas Gerais serem mais do que centenários!
            Eles, ao voltarem, indicaram pro Tio Zé e a Tia Virgínia o local onde ficaram, como uma boa alternativa para o fim de semana deles. O que aconteceu uma semana depois. Ambos gostaram imensamente do hotel fazenda.
Tio Zé gostou dos passeios e, ao mesmo tempo, das promoções organizadas pelo guia. Disse que a primeira coisa que ele perguntou a esse guia, foi seu nome. O rapaz prontamente lhe respondeu: “Beneser”. Tio Zé perguntou de novo o nome dele e ouviu a mesma resposta, disfarçou um sorriso. Ele fez outra pergunta, chamando-o de: “Ô Benê”. E os que estavam em volta riram da espontaneidade do Tio Zé.
Tia Virgínia perguntada sobre o que ela mais gostou, respondeu: “Sem sombra de dúvida: da comida, farta, variada e muito gostosa. Comida bem mineira”.
João Luís, entretanto, além de gostar demais da comida, bem como a Heloísa, gostaram dos passeios e das cachoeiras da fazenda. Aliás, São João Batista do Glória é conhecida como “cidade das cachoeiras”. Foi perto de uma delas que João Luís presenciou inesquecivelmente esta cena: no grupo havia trigêmeos, de cerca de 6 anos, um menino e duas meninas. O menino João começou a jogar pedrinha nas duas irmãs. O guia chamou lhe a atenção várias vezes para não fazer isso. A certa altura, impaciente gritou-lhe: “Para, João! Êta menino custoooouso, gente!”
Não houve quem não risse do “custoooouso” do Beneser.

Entre nós paulistas, o termo custoso, atualmente, tem um sentido de “custa caro, dispendioso”; entre os mineiros o termo, até hoje, significa “teimoso, que faz bagunça, tumultua, arteiro” (HOUAISS).


Digitou este Artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

JOHANN SEBASTIAN BACH (1685 – 1750) (Serie 70, 39°)


            O jornalista e crítico musical João Marcos Coelho1 fez excelente resenha do livro As Cantatas de Bach2.
            A referida obra de Alfred Dürr (1918 – 2011) é fruto de exaustivo trabalho de toda uma vida dedicada ao compositor J. S. Bach.
            Essa é mais uma obra para especialistas e eruditos e entendidos em música clássica, mas todos os que se interessam por Bach encontraram nela ainda mais motivos para gostar de Bach.
            A riqueza do referido texto expressa-se por excelentes explicações das Cantatas e de comparações com a variegada obra completa deste compositor.
            “Esta é uma imensa variedade linguística como afirma João Marcos Coelho, parecendo abraçar todas as músicas que se produziam na Europa da primeira metade do século XVII, que faz a genialidade de Bach e o consolidou como pai fundador legitimado por todos os compositores que o sucederam nos últimos três séculos. De Beethoven a Stravinsky, de Mozart a Debussy, e de Brahms a Schoenberg, todos, sem exceção, reverenciaram desse modo o autor do Cravo Bem Temperado, da Paixão Segundo São Mateus, da Missa em Si Menor, dos Concertos de Brandenburgo, das Variações Goldberg e Arte da Fuga, além do majestoso, inigualável monumento formado por cerca de duas centenas de cantatas sacras, cobrindo quatro vezes o ano litúrgico cristão”.
            Um crítico de música erudita dissera: “Os outros compositores compuseram para os homens; Bach compôs para Deus. Daí a sublimidade de sua música”.
            Quando ouvimos Bach, somos como que elevados a transcendência e nos beneficiamos deste estado que nos integra totalmente e dá-nos um estado de plenitude, como se estivéssemos no céu.
            Citações
  1.      CF. OESP. 24/02/2015 in: IHU, 26/02/2015.
 2.     ALFRED DÜRR. As cantatas de Bach. Tradução de Stefano Paschoal e Claudia Dornbusch. Bauru, SP, EDUSC, 2014.

Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

COMPLEXIDADES DA PÓS-MODERNIDADE I (Serie 70, 37°)

Não bastassem os novos ateísmos contemporâneos, surgem as discussões acirradas em torno do monoteísmo e do politeísmo. A revista Concilium, nº 333 (2009/4) revela o debate: Monoteísmo - Repensando Divindade e Unidade. Este é seu título. As perguntas são muitas:
Seria mesmo o monoteísmo fonte e estimulo de violência, de perversidade, de exclusão? Seria o monoteísmo mortífero? Maleficente? Seria o monoteísmo avanço da razão? Seria, ainda hoje, válido e legitimo o monoteísmo? Por que as três religiões monoteístas (Judaismo, Cristianismo e Islamismo) se debatem? Os judeus acusam o Cristianismo de politeísta por afirmar Jesus Cristo como Filho de Deus e Messias... O Islamismo por negar a Trindade das Pessoas Divinas.
O debate já vem de longe. Desde o Iluminismo para cá. Na década de 60 do séc. 20, entre biblistas protestantes e católicos, o assunto voltou com intensidade explicita! E, mais recentemente, a partir de 1997, com a publicação, em alemão, da obra: Moisés, o Egípcio de Jan Assmann, o debate teológico ampliou-se!
A insistência no monoteísmo como violento, exclusivista, autoritário e o politeísmo como pacífico, inclusivista e tolerante predomina.
Vale, aqui, lembrar a tese de Hans Küng e pela qual vem trabalhando: não haverá paz no mundo, enquanto não houver paz entre as religiões!
 Isto vai além de todo ecumenismo, de diálogo interreligioso e interhumano!

A aceitação do Deus Triuno (Trindade), Comunhão de Pessoas Divinas é o modelo de toda comunidade humana. Nela não há lugar para exclusões, para nenhum tipo de violência, nem de autoritarismo (nem religioso!)...

Editou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

COMPLEXIDADES DA PÓS-MODERNIDADE II (Serie 70, 38°)

De 2004 para cá, vem ocorrendo uma série de catástrofes: o Tsunami na Ásia, um grande terremoto no norte do  Paquistão, o furacão Katrina, que inundou Nova Orleans, o Ciclone Nargis devastou o  Delta do Irrawaddy na Birmânia/ Myammar, o terremoto na província de Sichuan na China, com  milhares de mortos,  os incêndios na  Austrália,... Agora, recentemente, o terremoto no Haiti, no Chile, no Japão... Qual será a próxima catástrofe?
O que a Teologia oferece, como resposta  a estas  questões  ecológicas?
Os ateus servem-se destas  desgraças  para, mais uma vez “provar”, a inexistência de Deus;  os agnósticos para mostrar que, se  Ele existisse,  não deveria permitir tais  sofrimentos...
A Ecoteologia (Teologia que leva em conta a nossa casa comum, a Terra) tenta   responder a  estas  questões: deveríamos agir eticamente com a Terra num “ relacionamento  humano com todas as criaturas”(L. Boff), “como devemos nomear Deus em face das questões que o gemido da Terra coloca diante de nós no momento presente? (Anne Elvey). Ela propõe “humildade diante da própria materialidade que nos cerca; uma “ecoteologia inter-religiosa”, uma “visão holística e abordagem harmônica da natureza”, “superar o antropocentrismo e uma consciência histórica exagerada” (Felix Wilfred); “trocar o logos analítico e instrumental pelo logos simbólico”(Alírio Cáceres Aguine); “a práxis é um elemento necessário para responder ao gemido da Terra” (Jacques Haers); uma  espiritualidade  com  “chave  animada por uma  consciência ecológica”(Neil Darragh); “conversão ecológica nos moldes ecofeministas de  duas   organizações chilenas(“Con-Spirando” e  “Capacitar”(Mary Judith Ress); “abordagem ecocêntrica da educação “(John Clammer); “uma teologia da criação para  hoje”(Josias da Costa Júnior), etc...

Cf. CONCILIUM, nº331 (2009/3)

Editou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

domingo, 22 de fevereiro de 2015

O EPISCOPADO BRASILEIRO (Serie 70, 35°)


Li o artigo do Professor Sérgio Ricardo Coutinho1 e lembrei-me de artigo semelhante, publicado na REB, há cerca de 47 ou 48 anos atrás em que um religioso europeu, especialista em sociologia da religião, tratou da situação do episcopado brasileiro naquela época, sob o ponto de vista de titulação universitária, ou seja: doutores, mestres, especialistas etc. O referido autor constatou entre os bispos brasileiros um número muito baixo de portadores destes títulos, o que indicava na época, uma dificuldade de os bispos entenderem os textos do Concílio Vaticano II e muito mais a dificuldade de suas aplicações nas próprias dioceses.
Vários autores, posteriormente, trataram desse empecilho que os bispos brasileiros já tinham ao ouvir as discussões na Aula Magna do Concílio. Não conheciam no Brasil, as discussões teológicas, litúrgicas, pastorais... que se passavam na Europa. Ajudaram-lhes à época, a entender em parte, os principais temas, as conferências promovidas por Dom Helder Câmara na Domus Mariae (Veja contribuições sobre esse tema, vindas do Pe. José Comblin, do Pe. Oscar Beozzo etc).
O autor religioso europeu, estranhamente, teve de retornar ao seu país, pela tamanha audácia de avaliar o nosso episcopado! Observem, por isso, o risco que corre um padre ao tocar em tão delicado tema!

Quando o autor de Os pecados de um padre2, Pe. Andrew M. Greeley, coloca na boca do Pe Hoffiman seu descontentamento com as nomeações de bispos dos EUA por volta de 2004, a acusação mais frequente é de “bispos medíocres”, “incompetentes”, “mau administradores”, “alcoólatras”, etc. Nossa situação atualmente não está longe do que o autor norte americano denunciara.

O Historiador Riolando Azzi em sua obra: História da Igreja no Brasil: ensaio de interpretação a partir do povo: terceira época: 1930-19643, relata:

“Embora o episcopado brasileiro nunca se tenha destacado pela riqueza, tanto na época colonial como no período imperial, gozava de muito prestígio, ocupando um lugar privilegiado na sociedade, em modo análogo à nossa nobreza e à aristocracia luso-brasileira. A partir da Proclamação da República, os bispos foram perdendo lentamente o prestígio social, sobretudo nos grandes centros urbanos, embora dentro do âmbito da instituição eclesiástica continuassem a manter uma postura de príncipes eclesiásticos, utilizando as roupas típicas dessa dignidade eclesiástica, com longas capas de cauda, com brasões e títulos de excelência, sendo saudados pelos fiéis e pelo clero, mediante o ósculo do anel, em atitude genuflexa. E, é claro, continuavam a usar o plural majestático em sua linguagem oral e escrita.”
“Assim sendo, tanto a falta de riqueza efetiva como a diminuição do reconhecimento oficial de sua dignidade contribuíram para que o episcopado se apresentasse como uma aristocracia decadente, num ambiente republicano onde emergiam, pouco a pouco, os novos valores burgueses e democráticos, com padrões de vida cada vez menos protocolares.”

O autor analisa a seguir duas posições que os bispos tomaram: uma que assumiu a “posição hierárquica na instituição eclesiásticas” que, para mim foram muito estimuladas pelo Papa João Paulo II e pelo Papa Bento XVI, até nas vestes litúrgicas; e a outra que começou a “adaptar-se aos novos tempos, procurando atuar de forma mais simples e preocupada muito mais com os sérios problemas sociais do país”.
Trazendo para hoje o que proclama o Papa Francisco: “bispos que gostem do cheiro do seu rebanho”.
Os ditadores e os autoritários preferem o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo. Quem não se lembra do General (Ditador) João Figueiredo? Ele declarara certa vez preferir “cheiro de cavalo, a cheiro de povo”.

O jornalista e escritor J. D. Vital em Como se faz um bispo: segundo o alto e o baixo clero4, mostra parcialmente o que hoje acontece de fato com as nomeações episcopais.
Constata-se, atualmente, como revelou o artigo de Sérgio Ricardo Coutinho, que o episcopado brasileiro continua a aumentar em quantidade, porém, como há pelo menos 50 anos, desqualificado, com bispos medíocres, sem liderança alguma, sem profecia, com horizontes estreitos, repetindo a mesmice pré-conciliar.
 Augura-se que a igreja do Brasil, assuma liderança profética e tenha pastores que gostem do cheiro do seu rebanho e escutem seus clamores.

Citações:

1.                      SÉRGIO RICARDO COUTINHO. Os “novos” bispos de Francisco no Brasil: mudar para que as coisas continuem as mesmas. IHU. 19/02/2015.
2.                      Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2006.
3.                      Petrópoles, RJ: Editora Vozes, 2008, p. 578.
4.                      Rio de Janeiro, RJ: Editora Civilização Brasileira, 2012.


Digitou este Artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).

AMIZADE CANINA (Serie 70, 36°)


Seu dono viajou para a Inglaterra, onde ele irá permanecer por seis meses. Recompensa por ter se saído bem nos estudos de sua faculdade. É um prêmio e ocasião para seu aprimoramento na carreira.
            Deixou para traz seus familiares, que, não obstante a saudade, têm assimilado bem a ausência desse membro.
            Quem está mal é a sua cachorra: amuada no seu canto, não sai do lugar, nem aceita sua ração, nem mesmo com a ajuda de um veterinário. Parece não ter mais razões para viver sem a presença de seu amigo cuidador e companheiro de brincadeira diária. Ele assoviava a cem metros de distância, e ela já ia correndo ao encontro dele. Quando escuta barulho semelhante, ela se levanta e o procura. Volta frustrada por não ser ele quem ela espera ansiosamente.
            Espera-se que ela não morra de saudades antes de seu amigo chegar.

            Bem diz o provérbio popular: “O cão é o melhor amigo do homem”.

P.S.:
1. A referida cachorra morreu no dia 02/03/2015;
2. Veja o Filme: “Sempre ao seu lado”. Confira a semelhança das duas histórias!

Escreveu este Artigo: Ricardo Rodrigues de Oliveira (Enfermeiro e Cuidador do Autor) 

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O PÓS-CARNAVAL (Serie 70, 34°)



Em tudo, há um antes, um durante e um depois.
Antes do carnaval há uma preparação psicológica, que é característica de toda espera de festa, pois esta, seja do tipo que for, sempre representa uma interrupção da rotina para ser momento de alegria, momento de convivialidade, de gratuidade, de suspensão do trabalho etc.
Tanto as festas religiosas como as assim chamadas seculares têm essas mesmas características.
Lembro aqui, o que disse sobre o carnaval o escritor Gilberto Amado (1887 – 1969):
“O carnaval entre nós deixa de ser ... a festa pagã que o cristianismo não estragou de todo – e em que resta alguma vivacidade e algumas alegrias dionisíacas – para ser mais do que tudo isto: uma tradição venerável, uma festividade adorada, um hábito da sociedade que tem a significação de um desafogo na existência árida do brasileiro, que vive sem comodidade, sem dinheiro, sem orgulho, sem heroísmo, sem coisa nenhuma.”1
Ou como dizia Ribeiro Couto (1898 – 1963):
"O carnaval é a única festa nacional que consola a gente do calor, da queda do mil-réis, da política, dos programas de salvação pública e dos desastres de aviação militar.”2
Ou, finalmente, como disse Júlio Camargo (1928 – 2007):
“O carnaval é uma amostra, na terra, de como será o inferno no céu.”3
Quando o carnaval termina, faz-se querendo ou não uma avaliação explícita ou implicitamente: pode significar estar-se gratificado por ter participado dele; satisfeito com a festa; ou também sentindo-se chateado consigo mesmo por ter usado excessivamente do álcool, ou abusado dionisiacamente do eros ou, enfim, ter absolutizado uma festa que, como todas as outras têm infelizmente seu fim e só resta esperar pela próxima. Afinal, “tudo que é bom dura pouco”. Apesar de tudo é preciso esperar.
  
Citações:
1. PAULO RÓNAI. Dicionário Universal de Citações. São Paulo: Nova Fronteira S.A., 1985, p. 144;
2. Idem;
3. Ibidem.

Digitou este Artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

CARNAVAL, QUARESMA E CAMPANHA DA FRATERNIDADE (Serie 70, 33°)

CARNAVAL

            Segundo os latinistas, a palavra vem de: carne, vale. Quer dizer: “adeus, ó carne”, o que significa despedida da carne, uma vez que se entraria, na quarta-feira de cinzas, num período de abstinência de carne por quarenta dias. Nessa despedida da carne, havia, em vários lugares, diferentes festejos, como por exemplo brincadeiras de rua, como até hoje há em algumas cidades da Europa (Veneza, p.ex.), bailes, apresentações teatrais em que um servo apresentava-se como rei ou um leigo como um bispo etc.
            No Brasil, desde que o início da sua história, o carnaval foi celebrado de diversas formas, como se pode ver até hoje.

            QUARESMA

            Período de cinco semanas, através das quais somos convidados a nos preparar para a Páscoa, esforçando-nos a nossa conversão, isto é, mudança de mentalidade, de hábitos, para correspondermos ao apelo evangélico de mudança de vida, para melhor (metânoia). Nesse processo, três atitudes são propostas, liturgicamente, pela quaresma: a da oração, o interior silenciosa, só com Deus não é para ser vista ou ouvida pelos outros; a da esmola, entendida como partilha com os pobres e necessitados, para que só o Pai a veja e não os outros; a do jejum, não para acumular mais, mas para privar-se de algo em favor dos pobres. Não adianta privar-se de algo se não for para partilhar com quem não tem alimento. Não nos esqueçamos que este jejum pode ainda ser entendido, também como p. ex., não ripostar, isto é, não responder a quem nos ofende, a quem nos maltrata, a quem nos falta com o respeito...

            CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2015


            No Brasil durante a quaresma, tem-se sempre a campanha da fraternidade, com o tema escolhido por causa da sua atualidade e urgência. Neste ano de 2015, o tema é: “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema é “Eu, vim para servir”.
            “A Campanha da Fraternidade (CF) 2015 buscará recordar a vocação e missão de todo o cristão e das comunidades de fé, a partir do diálogo e colaboração entre Igreja e Sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II”.


Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).

sábado, 7 de fevereiro de 2015

METAFÍSICA DA FINITUDE (Serie 70, 32°)


            O objetivo desse artigo é refletir sobre a finitude humana e a finitude do nosso mundo. Somos finitos, perecemos e experimentamos esta dura realidade ao longo da nossa vida, principalmente nestas dimensões: De seres temporais, livres, que temos dor, sofrimento e sabemos, mais que tudo, que morreremos, e o próprio mundo terá também seu fim. Nunca, talvez, na história da humanidade, esta consciência tornou-se tão preocupante como agora. Exemplo disto é a atual e angustiante preocupação com a água.
            Como seres temporais, temos consciência de que o tempo real é só o presente. O passado é experimentado como perda. Passou e dele só podemos ter saudade ou o que sobrou de ontem. Esse sentimento de perda deixa-nos angustiados sobre tudo, se foi mal vivido ou mal gerenciado por nós mesmos, ou pelas muitas dificuldades encontradas independentemente da nossa vontade. Aí, o passado, mais do que uma perda, torna-se um fardo a ser carregado no presente e no futuro.
            Se o passado é perda ou fardo, o presente é a única realidade temporal que possuímos. Mais angustiante é a terceira dimensão do tempo que é o futuro. Mas, este é incerto. Não sabemos se o teremos. Para um jovem, o futuro parece um leque de muitas possibilidades. Quando vai se avançando a idade, este leque vai se diminuindo, e inevitavelmente, leva-nos a perguntar: quanto tempo ainda tenho pela frente? Daí, a sensação da incerteza que o futuro nos provoca.
            Desde a antiguidade grega, distingue-se tempo como Cronos, ou seja, o tempo, simplesmente como tal, e Cairós, isto é, tempo, como conjunto de possibilidades, como graça, como momento de escolha, de decisão, e por isso, ele deve ser aproveitado, no sentido de saber dispô-lo, e não ser perdido, jogado fora. Com razão, diz um antigo provérbio: “A felicidade consiste em viver bem cada momento”. 
            O certo é que, a dimensão temporal provoca-nos o desejo permanente de eternidade. Não nascemos para o tempo, mas para a eternidade sem fim.
            Como seres livres, evidentemente, prezamos muito a nossa liberdade vivida como dom de Deus, e como tarefa permanente para sermos libertos de tudo aquilo que atravanca a nossa liberdade.
             Um momento muito forte da nossa liberdade, é por demais manifesto, quando temos de tomar alguma decisão, lembrando que decisão implica escolher algo, e renunciar a outras coisas. Refiro-me, claro a decisões que são fundamentais para a nossa vida, não à aquelas decisões que são epidérmicas na nossa vida, como por exemplo: ir ou não ao cinema hoje. As fundamentais são aquelas que norteiam ou nortearão nossas vidas, como por exemplo: escolha profissional, matrimonio, opção religiosa etc.
            É no momento da decisão que percebemos o risco contido na nossa liberdade. Ela é dom, sim, mas é tarefa. É tarefa muitas vezes difícil, angustiante, dolorida, mas, necessária para nossa realização humana integral, não só como pessoas e, sim, com as pessoas, com o mundo. O santo é, justamente, aquela pessoa que conseguiu integrar sua liberdade como dom e tarefa. E o mais alto nível disto é sua total disponibilidade, entrega e amor. Livre é enfim, o que sabe amar plenamente, ou seja, doar-se plenamente. C. Duquoc sublinhou que Jesus foi um “ser livre”, e, com toda a liberdade entregou-se ao Pai no seu sacrifício da cruz.
            Somos também limitados por uma tríplice realidade: a da dor, a do sofrimento e da morte.
            Toda dor limita a pessoa humana. Pode ser de maneira passageira (uma simples dor de cabeça), como de maneira permanente (como certas doenças crônicas), como certas incapacidades, cânceres etc. Há até mesmo uma antropologia da dor e do sofrimento, que nos mostra fenomenologicamente, todos os seus aspectos: pode tratar-se de uma doença passageira, como pode tratar-se de uma doença prolongada que lança a pessoa num leito; não poder decidir por sim mesmo, com liberdade; impossibilidade de andar, de ir aonde se quer; perda da sua privacidade e intimidade; ser incapaz de tomar todas as suas decisões sem interferência de familiares e de outros profissionais...
            A dor é, na maioria das vezes localizável. A pessoa diz (indicando com a mão) dói-me aqui, ali etc. Ela é localizável. Por exemplo, dor de dente (não foi à toa que Fernando Pessoa afirmou que a dor faz pensar), já o sofrimento, sem levar em conta a diversidade de sofrimentos: sofrimento físico, sofrimento moral, sofrimento psicológico, sofrimento espiritual (lembro-me de um pesquisador médico, que chorava por não conseguir acreditar em Deus!), o sofrimento social, por injustiça, por não ter seus direitos respeitados, por lhe faltar quase tudo para uma vida digna, por ser discriminado, por falta de saúde, de casa, de terra, de água etc.
            Não é um local. É a pessoa toda que sofre. Ou, populações inteiras que sofrem e se perguntam: como nos libertaremos disso?
            Há, por fim, a morte “esta megera das gentes” como dizia Pedro Nava, para muitos, a morte é um absurdo!
            Heidegger com razão constatou: “Desde que se nasce, já se é suficientemente maduro para morrer!” ou, simplesmente como diz o nosso povo: “Basta estar vivo para morrer”.
                        Este sentimento diante da morte divide opiniões. Para um ateu como era Luiz Buñuel, que, quando jovem, estudara em colégio de padres, confirmou e confessou que a morte seria um absurdo, “um caminhar para a destruição, para o nada, pois nada há depois da morte”.
            Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayte) bendisse o dia de sua morte, pois “partiria para a vida plena, eterna, para a ressureição”.
            Leonardo Boff retomou uma ideia dos Santos Padres, o conceito de que a “morte é o verdadeiro dia de natal” do ser humano, pois ela é partida para a vida plena, a qual fomos destinados. Ele também nos lembra que: “não nascemos para morrer, mas morremos para ressuscitarmos”.

            Nossa finitude é real, porém, aponta sempre para a Infinitude que almejamos.

Digitou este artigo: Ricardo Rodrigues de Oliveira (Enfermeiro e Cuidador do Autor).

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

PADRE ALSZEGHY: HOMENAGEM E LAMENTO (Serie 70, 31°)


O primeiro objetivo desse artigo é homenagear o padre Zoltán Alszeghy, por seu primeiro centenário de nascimento. Junto-me à Universidade Gregoriana de Roma, nesta comemoração, como ex-aluno desse Mestre em teologia e no método de fazer teologia.
Fui seu aluno na Gregoriana no período de 1967 a 1971. Mas desde o começo, percebi nele um mestre no saber teológico e no método de fazer teologia.
Não só mestre com muito saber teológico fundamental e atual, mas igualmente mestre com sabor no seu ensinamento, o que dava, a nós, alunos, um imenso interesse em levar a frente, os caminhos que nos abria pela frente.
Tanto tempo se passou, e ainda me lembro de uma pergunta que costumava fazer no “Como fazer teologia”.
            ... “como podemos trabalhar esta palavra”?
            E vinham as respostas: primeiro, que não basta saber a etimologia da palavra, é preciso verificar seu uso. As vezes, o uso da palavra, mais do que sua etimologia, permite-nos entender seu conceito.1
            A esse mestre de saber e de sabor presto minha modesta e agradecida homenagem.
            Hoje, felizmente, entende-se o reconhecimento do trabalho do padre Alszeghy em várias dimensões da teologia (da Criação; do Pecado Original; na compreensão evolutiva da criação, da Graça; na questão da opção fundamental; do Pecado; da redenção de Cristo e etc.).
            A ele minha homenagem de modesto aluno e de professor de teologia, que entre a bibliografia usada no meu curso de introdução à Teologia, nunca deixou de citá-lo e comentá-lo.
O segundo objetivo deste artigo é fazer um lamento contra o que escreveu o padre Fernando Bastos de Ávila2, na sua autobiografia, sobre os padres Alszeghy e Flick, parceiros inseparáveis de pesquisa e de publicações que levam seus nomes. Os três da Companhia de Jesus (SJ).
É verdade que em geral, as autobiografias, primam-se pelos auto elogios, pelo engrandecimento próprio e desmerecimento dos outros que lhe são mais próximos.
Perde-se muitas vezes, o sentido crítico, pessoal e o reconhecimento dos demais, como se sua pessoa fosse o herói, o bom em tudo, e os demais, não fossem nada mais do que ninguém. É-se injusto até mesmo com os próprios irmãos.
Creio que esse foi um dos erros da autobiografia do padre Fernando e lamento por isso.

Notas
1. Zoltan Alszeghy e Maurício Flick. Como se faz teologia: introdução ao estudo da teologia dogmática. São Paulo: Edições Paulinas, 1979.

2. Fernando Basto de Ávila. A alma de um padre. Bauru, SP: EDUSC, 2005.

Digitou este artigo: Ricardo Rodrigues de Oliveira (Enfermeiro e Cuidador do Autor).

70° ANIVERSÁRIO DO SEMINÁRIO DE RIBEIRÃO PRETO (Serie 70, 30°)


Motivo desse artigo é relembrar as fases históricas do Seminário de Ribeirão Preto. Ele, primeiro, nasceu Seminário Diocesano Maria Imaculada de Ribeirão Preto; depois, tornou-se Seminário Arquidiocesano Maria Imaculada de Ribeirão Preto; a seguir, foi Seminário Maior Provincial da Arquidiocese de Ribeirão Preto; e por fim, acabou sendo Seminário Maior da Arquidiocese de Ribeirão Preto, estágio em que se encontra, hoje.
A fase pré-histórica do Seminário
Esta fase compreende o seguinte: Dom Alberto José Gonçalves comprou, em Batatais, a Escola Agrícola dos Padres Salesianos que passou a se chamar Colégio Diocesano São José, em 1910, e foi confiado aos Padres da Congregação do Verbo Divino (verbitas). Estes, por motivo de guerra, tiveram de abandonar a direção do Colégio e deixaram Batatais. Dom Alberto, então, vendeu este colégio aos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (claretianos) e esses continuaram com o colégio São José com vagas internas para os seminaristas da Diocese de Ribeirão Preto.
A experiência foi por pouco tempo, enquanto Dom Alberto construía o seu seminário, em Ribeirão Preto, à rua Rui Barbosa, nº 1032, em frente ao atual Hospital São Francisco.
Etapas do Seminário Diocesano Maria Imaculada
Quando Dom Alberto terminou de construir o Seminário Diocesano, em Ribeirão Preto, ele não teve alunos para abrir o seu seminário, por isso, o alugou aos Padres Estigmatinos.
Aos 19 de março de 1945 (daí a celebração neste ano, dos 70 anos da fundação do Seminário Diocesano Maria Imaculada).
Dez anos depois o terceiro bispo diocesano de Ribeirão Preto, Dom Luís do Amaral Mousinho, lançou a pedra fundamental de um novo Seminário Diocesano.
Quando, em 1958 a Diocese de Ribeirão Preto foi elevada à categoria de Arquidiocese, o Seminário passou a ser Seminário Arquidiocesano Maria Imaculada. Agora, não em Ribeirão Preto como pensara o segundo bispo diocesano Dom Manuel da Silveira D’Elboux, quando comprou a chácara São José (hoje local do Conjunto Habitacional Dom D’Elboux), mas em Brodowski – SP. O novo prédio foi inaugurado aos 12 de dezembro de 1961.
O Seminário Arquidiocesano Maria Imaculada (SAMI) funcionou de julho de 1961, com toda sua pujança, até 1975.
O Curso de Preparação ao Presbiterato (CPP). 1968 – 1972
O CPP foi instituído por Dom Frei Felício César da Cunha Vasconcellos, O.F.M. em 19 de março de 1968, destinado, conforme o nome, aos jovens candidatos ao presbiterato que concluíram o ginásio e o colegial, e, então, receberiam complementação filosófica no Salão Dom Alberto, e ao mesmo tempo, cursariam uma faculdade à sua escolha. Morariam em uma casa paroquial, teriam assistência do próprio pároco, e, também algum trabalho pastoral, ou na paróquia onde residiam ou em um outro setor.
Durou cinco anos: 1968 – 1972, quando iniciou-se o CEARP (Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto).
O SEMARP
Por decreto datado de 19 de março de 1978, Dom Bernardo José Bueno Miele instituiu o SEMARP, ou seja, Seminário Maior da Arquidiocese de Ribeirão Preto.
Seminário Provincial de Ribeirão Preto
O trabalho conjunto das dioceses na Pastoral Vocacional levou Dom Miele a criar, então, o Seminário Provincial de Ribeirão Preto, aos 19 de março de 1979, com duas residências, uma para a Filosofia, à rua Prudente de Morais, n° 423; outra para Teologia, à rua Barão do Amazonas, n° 881.
Em 1984, por decisão de Dom Romeu Alberti, as duas residências de Filosofia e Teologia, passaram para o Seminário de Brodowski.
Atualmente, o Seminário Diocesano Maria Imaculada de Brodowski conta com 15 alunos da Arquidiocese de Ribeirão Preto e 8 da Diocese de Ituiutaba – MG.
Padres que trabalharam no Seminário e que foram nomeados Bispos
Dom Angélico Sândalo Bernardino;
Dom David Picão;
Dom Diógenes Silva Matthes;
Dom Emilio Pignoli;
Dom Frei Francisco Javier Hernandes Aruedo, OAR;
Dom Gilberto Pereira Lopes;
Dom Jaime Luiz Coelho;
Dom João Bergese;
Dom Wilson Angotti Filho.
Ex-Alunos do Seminário Arquidiocesano Maria Imaculada que foram nomeados Bispos
Dom Ângelo Pignoli;
Dom Devair Araújo da Fonseca;
Dom Diógenes Silva Matthes;
Dom Luis Antônio Cipolini;
Dom Luiz Gonzaga Bergonzini;
Dom Messias dos Reis Silveira;
Dom Milton Kenan Junior;
Dom Wilson Angotti Filho;

Dom Ilson de Jesus Montanari.

Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

33° ANIVERSARIO DE MORTE DE DOM MIELE (Serie 70, 6°)


Artigo redigido no mês de Dezembro/2014


            No dia 22 do corrente, transcorre o 33° aniversario de morte de Dom Bernardo Jose Bueno Miele, nosso quarto Arcebispo Metropolitano. Nasceu na Vila de São Bernardo- hoje São Bernardo do Campo- SP, no dia 10 de setembro de 1923.
            Foi ordenado presbítero para o serviço da Arquidiocese de São Paulo, em Roma, na “Chiesa del Gesu”, no dia 08 de dezembro de 1950.
            Antes de ser nomeado Bispo auxiliar de Campinas, em 22 de novembro de 1962, exerceu as seguintes funções:
Secretario da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção,  diretor espiritual do Seminário Central da Imaculada Conceição do Ipiranga, encarregado sucessivamente, da organização das novas paroquias de Nossa Senhora das Mercês, de Santo Antônio da Várzea do Ipiranga, de São Pedro do Jardim Independência, de São Francisco de Sales, na Vila Gumercindo, foi auxiliar na paroquia de Nossa Senhora de Sião e Capelão do Serviço de Migração e Colonização de São Paulo. Em 1961 é nomeado Reitor do Seminário Filosófico Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida, onde lecionou Ética e Questões Cientificas.
            Aos 25 de janeiro de 1967, o papa Paulo VI nomeou Dom Miele Arcebispo Coadjutor de Dom Frei Felício Cesar da Cunha Vasconcellos, com direito a sucessão, tendo tomado posse no dia 03 de abril do mesmo ano.
            Com Dom Miele, iniciou-se o verdadeiro processo de recepção e implementação do Concilio Vaticano II, com estudos voltados para os padres e leigos dirigidos por teólogos e pastoralistas.
            Surgiram, a partir dai: o Concelho Presbiteral, o Concelho Arquediocesano de Pastoral, a figura do Coordenador de Pastoral (o primeiro foi o Cônego Angélico Sândalo Bernardino, hoje, Bispo Emérito de Blumenau – SC, residente em São Paulo capital), os secretariados de pastoral etc. etc. etc.
            Trabalho todo que, depois de ter vivido uma frutuosa primavera, acabou num longo e rotineiro inverno com o seu sucessor.
            De maneira incansável, realizou Dom Miele assídua e zelosamente inúmeras visitas pastorais a todas a paroquias da arquidiocese, impulsionando sempre a criação e a atividade dos Conselhos Paroquiais de Pastoral, dos Conselhos Paroquiais de Administração, mantendo contato com os Agentes de Pastoral e os Movimentos de evangelização, incentivando o espirito de iniciativa, o estimulo e a corajosa caminhada do Povo de Deus em suas múltiplas possibilidades de apostolado.
            Criou três paroquias em Ribeirão Preto: santa Terezinha, Santo Estevam Diácono e Nossa Senhora das Graças.
Ordenou os seguintes padres para a arquidiocese de Ribeirão Preto: Pe. Alfeu Piso, Pe. Wilson Bertoldi, Pe. Francisco de Assis Correia, Pe. Cicero Barbosa do Nascimento, Pe. Eloy Pupin, Pe. Jose  Carlos Rossini, Pe. Nilton Elias de Barros e Pe. Cesar Vanderley Cerri. Foi Dom Miele quem implantou o diaconato permanente na arquidiocese, ordenando dez diáconos permanentes: Diác. Pedro Cossalter, Diác. Antonio Del Lama, Diác. Luis Alves Cangussu, Diác. Livans de Crastro, Diác. Ignacio Toneto, Diác. Jose Joaquim dos Santos, Diác. Walter Adami, Diác. José Alves Palma da Silva, Diác. Ricardo Domingos Cossalter, Diác. Orlofe Cleto Nunes Sampaio.
A palavra orientadora de Dom Miele – sempre precedida pelo seu exemplo- chegou a todos os recantos da arquidiocese, tanto oralmente como através de suas mensagens escritas por ocasião da Pascoa e do Natal de cada ano.
            A do Natal de 1981, pouco antes de sua morte, ecoa ate hoje em nosso ouvidos. Eis um trecho, tão atual ontem como hoje:
            “Como cristãos temos fé na ação de Deus na historia. E sabemos que podemos colaborar com Deus e entre nós para viver o evangelho, criando condições melhores de vida cristã e humana para o futuro. Por isso a igreja continua trabalhando pra formar apóstolos e construtores da civilização do amor. Por isso a Igreja continua empenhando-se em formar comunidades eclesiais que sejam escolas de solidariedade humana e cristã. Por isso a Igreja continua acreditando nos jovens auxiliando-os a assumirem a pastoral da juventude, por isso a Igreja confia na ação insubstituível da família cristã, encorajando-a a ser, pela pastoral da família, a construtora silenciosa e eficiente do mundo de amanha.  Que o Natal deste ano ajude a todos a despertar a esperança e a alegria de encarnar na vida concreta a forca salvadora que vem do Nascimento de Cristo!”

Digitou este artigo: Ricardo Rodrigues de Oliveira (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

NATAL (Serie 70, 5°)

Artigo redigido no mês de Dezembro/2014


        O natal é o nascimento do Filho de Deus, Jesus Cristo, entre a humanidade.
        A revelação de Deus foi ao longo da história, uma evolução progressiva e constante através de séculos. Foi de uma imagem de Deus que se fez presente na criação, depois, de um Deus que habitava nos céus, a seguir que habitava no topo das montanhas para uma imagem de sua presença no templo de Jerusalém. Com a encarnação do Filho de Deus, dá-se a presença de Deus Pai no seu filho, Jesus Cristo, que faz habitação entre a humanidade. Então, o que celebramos no Natal é esta presença de Deus no meio da humanidade, tornando-nos filhos dele e irmãos uns dos outros. Por isso, não deveria haver entre nós nenhuma separação, nem discriminação, nenhuma injustiça e violência, uma vez que formamos uma só família. Celebrar o natal consequentemente implica constante trabalho em favor desta realidade.
       Alguns cardeais, bispos e padres conservadores têm ultimamente criticado o Papa Francisco, acusando-o de falar mais dos homens do que de Deus.
        Esquecem-se esses que a partir de Jesus Cristo importa levar a sério o ser humano em toda a sua totalidade ou como disse recentemente JUAN ARIAS (ex-padre filósofo, teólogo e jornalista): “Francisco sabe muito bem que para a Igreja primitiva, nascida do judaísmo que desejava universalizar-se, o rosto de Deus era visível somente na dor dos homens e na sede de justiça proclamada pelos profetas. O Deus encarnado não é o que vive distraído e feliz sobre as nuvens, e sim muito preocupado, como se fosse uma mãe, com a vida real das pessoas. Francisco prefere ser, simplesmente, um cristão das origens. É pouco?”.

Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)