quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

O PÓS-CARNAVAL (Serie 70, 34°)



Em tudo, há um antes, um durante e um depois.
Antes do carnaval há uma preparação psicológica, que é característica de toda espera de festa, pois esta, seja do tipo que for, sempre representa uma interrupção da rotina para ser momento de alegria, momento de convivialidade, de gratuidade, de suspensão do trabalho etc.
Tanto as festas religiosas como as assim chamadas seculares têm essas mesmas características.
Lembro aqui, o que disse sobre o carnaval o escritor Gilberto Amado (1887 – 1969):
“O carnaval entre nós deixa de ser ... a festa pagã que o cristianismo não estragou de todo – e em que resta alguma vivacidade e algumas alegrias dionisíacas – para ser mais do que tudo isto: uma tradição venerável, uma festividade adorada, um hábito da sociedade que tem a significação de um desafogo na existência árida do brasileiro, que vive sem comodidade, sem dinheiro, sem orgulho, sem heroísmo, sem coisa nenhuma.”1
Ou como dizia Ribeiro Couto (1898 – 1963):
"O carnaval é a única festa nacional que consola a gente do calor, da queda do mil-réis, da política, dos programas de salvação pública e dos desastres de aviação militar.”2
Ou, finalmente, como disse Júlio Camargo (1928 – 2007):
“O carnaval é uma amostra, na terra, de como será o inferno no céu.”3
Quando o carnaval termina, faz-se querendo ou não uma avaliação explícita ou implicitamente: pode significar estar-se gratificado por ter participado dele; satisfeito com a festa; ou também sentindo-se chateado consigo mesmo por ter usado excessivamente do álcool, ou abusado dionisiacamente do eros ou, enfim, ter absolutizado uma festa que, como todas as outras têm infelizmente seu fim e só resta esperar pela próxima. Afinal, “tudo que é bom dura pouco”. Apesar de tudo é preciso esperar.
  
Citações:
1. PAULO RÓNAI. Dicionário Universal de Citações. São Paulo: Nova Fronteira S.A., 1985, p. 144;
2. Idem;
3. Ibidem.

Digitou este Artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor)

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