“A ilha de
Lesbos está localizada no nordeste do Mar Egeu, em frente a península da
Anátólia, e o seu centro principal é Mitilene. Justamente por causa dessa sua
posição geográfica, a ilha, há ao menos dois anos, é centro nevrálgico para os
refugiados sírios que cruzam parte da Turquia para se dirigir a Europa”.[1]
A viagem do
papa é, acima de tudo pastoral e
humanitária. Ele quer chamar atenção de todas as nações para o problema dos
refugiados e prófugos. Como fizera na ilha de Lampeduza, na Itália, repete-se
agora o gesto novamente com o sentido também ecumênico. Pois ele irá
acompanhado de Sua Santidade Bartolomeu Patriarca de Constantinopla e do Primaz
da Grécia, Sua Beatitude Jerônimo II.
Não faltou,
porém, protesto de três autoridades da igreja ortodoxa, afirmando que foi muito
apressada a decisão desta visita e faltou consulta ao Santo Sínodo!
O programa divulgado
ontem, pelo Vaticano compreendia o seguinte:
7h – Partida do aeroporto internacional de Roma-Fiumicino
para Mytilene
10h20 – Chegada do Aeroporto Internacional de Mytilene
CERIMÔNIA DE BOAS-VINDAS
O Santo Padre é recebido pelo primeiro-ministro; recebe,
depois, as boas-vindas de Sua Santidade Bartolomeu, Patriarca Ecumênico de
Constantinopla, de Sua Beatitude Hieronymos, arcebispo de Atenas e de toda a
Grécia, e, logo depois, de Sua Ex.ª Revma Dom Fragkiskos Papamanolis, OFM Cap,
presidente da Conferência Episcopal Grega.
10h35 – Encontro privado com o primeiro-ministro (no
aeroporto)
10h55 – Deslocamento em microônibus com Sua Santidade
Bartolomeu e Sua Beatitude Hieronymos para o campo de refugiados de Moria (16
km).
11h15 – Chegada ao campo de refugiados de Moria (que abriga
cerca de 2.500 refugiados requerentes de asilo)
VISITA AOS REFUGIADOS
Ao longo das barreiras, estão reunidos cerca de 150 menores
abrigados no centro. Os líderes religiosos atravessam o pátio dedicado ao
registro dos refugiados e chegam à grande tenda onde cumprimentam
individualmente cerca de 250 requerentes de asilo.
12h25 – Discursos do arcebispo Hieronymos; do Patriarca
Bartolomeu e do Santo Padre Francisco do pódio no pátio do registro dos
refugiados.
12h40 – Assinatura da declaração conjunta.
12h45 – Almoço dos
três líderes religiosos com alguns refugiados no contêiner atrás do
pódio.
13h30 – Deslocamento em microônibus para o porto (8 km)
13h45 – Chegada Presidio da Guarda Costeira.
ENCONTRO COM CIDADANIA E COM A COMUNIDADE CATÓLICA. MEMÓRIA
DAS VÍTIMAS DAS MIGRAÇÕES.
Discurso do Santo Padre.
Ao término, os três líderes religiosos rezam, cada um, uma
breve oração pelas vítimas das migrações.
Chamado um minuto de silêncio, os três líderes recebem de
três crianças coroas de louros, que serão lançadas ao mar.
14h15 – Deslocamento em microônibus para o aeroporto (3 km).
14h30 – No aeroporto:
Encontro privado com arcebispo de Atenas e de toda a Grécia.
Encontro privado com o Patriarca Ecumênico.
Reunião privada com o primeiro-ministro.
15h – Cerimônia de despedida.
15h15 – Partida de avião do Aeroporto Internacional de
Mytilene para Roma.
16h30 – Chegada ao aeroporto de Roma-Ciampino.
Cumprida a
programação, o papa Francisco, em entrevista durante o voo de retorno à Roma,
disse aos jornalistas:
“Depois
daquilo que vi, daquilo que vistes, naquele campo de refugiados, dava vontade
de chorar”.
Francisco mostrou três desenhos que
crianças refugiadas lhe tinham oferecido, explicando que os meninos e meninas
apenas querem “paz”.
Num dos desenhos há uma criança que se afoga, em que o sol
chora.
“Trago isto no coração, hoje havia mesmo
que chorar”, explicou.
O Papa decidiu levar para o Vaticano um
grupo de 12 refugiados, incluindo seis menores, que estavam na ilha grega de
Lesbos, após a visita que realizou hoje.
As três famílias sírias são muçulmanas e
Francisco disse aos jornalistas que não fez qualquer “escolha”.
“Estas famílias tinham os papéis em ordem
e era possível avançar. Havia duas famílias cristãs, mas não tinham os
documentos”, revelou.
O Papa assumiu que se trata de um “pequeno
gesto” e citou a Madre Teresa de Calcutá para sublinhar que “é uma gota de água
no mar, mas depois desta gota, o mar já não será o mesmo”.
Em relação aos problemas ligados às
fronteiras comunitárias e ao Tratado de Schengen, Francisco disse compreender
“um certo medo” das populações, mas apelou ao “acolhimento”.
“Erguer muros não é uma solução, vimos no
século passado a queda de um, não se resolve nada”, declarou.
O pontífice argentino lamentou a
existência de “guetos” que são potenciados pelos terroristas, fruto da ausência
de uma “política de integração”, em particular na Europa.
A Europa, prosseguiu, preciso de políticas
de acolhimento, integração, crescimento, trabalho e reforma da Economia para
poder construir “pontes” em vez de “muros”.
O Papa disse depois que os
"traficantes de armas" deveriam passar um dia no campo de refugiados
de Mória, em Lesbos, junto de quem foge “da guerra e da fome”.
Francisco esteve em Lesbos para uma visita
de cinco horas, na qual começou por visitar
um campo de refugiados e homenagear
os migrantes que morreram no mar, acompanhado pelo patriarca ortodoxo de
Constantinopla, Bartolomeu, e pelo arcebispo ortodoxo de Atenas, Jerónimo II,
com quem assinou uma declaração
conjunta”[2].
Digitou esse texto
Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.
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