sábado, 16 de abril de 2016

A VISITA DO PAPA A LESBOS (Serie 71 anos, 252°)


            “A ilha de Lesbos está localizada no nordeste do Mar Egeu, em frente a península da Anátólia, e o seu centro principal é Mitilene. Justamente por causa dessa sua posição geográfica, a ilha, há ao menos dois anos, é centro nevrálgico para os refugiados sírios que cruzam parte da Turquia para se dirigir a Europa”.[1]
            A viagem do papa é, acima de tudo pastoral  e humanitária. Ele quer chamar atenção de todas as nações para o problema dos refugiados e prófugos. Como fizera na ilha de Lampeduza, na Itália, repete-se agora o gesto novamente com o sentido também ecumênico. Pois ele irá acompanhado de Sua Santidade Bartolomeu Patriarca de Constantinopla e do Primaz da Grécia, Sua Beatitude Jerônimo II.
            Não faltou, porém, protesto de três autoridades da igreja ortodoxa, afirmando que foi muito apressada a decisão desta visita e faltou consulta ao Santo Sínodo!
            O programa divulgado ontem, pelo Vaticano compreendia o seguinte:
           
7h – Partida do aeroporto internacional de Roma-Fiumicino para Mytilene
10h20 – Chegada do Aeroporto Internacional de Mytilene
CERIMÔNIA DE BOAS-VINDAS
O Santo Padre é recebido pelo primeiro-ministro; recebe, depois, as boas-vindas de Sua Santidade Bartolomeu, Patriarca Ecumênico de Constantinopla, de Sua Beatitude Hieronymos, arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, e, logo depois, de Sua Ex.ª Revma Dom Fragkiskos Papamanolis, OFM Cap, presidente da Conferência Episcopal Grega.
10h35 – Encontro privado com o primeiro-ministro (no aeroporto)
10h55 – Deslocamento em microônibus com Sua Santidade Bartolomeu e Sua Beatitude Hieronymos para o campo de refugiados de Moria (16 km).
11h15 – Chegada ao campo de refugiados de Moria (que abriga cerca de 2.500 refugiados requerentes de asilo)
VISITA AOS REFUGIADOS
Ao longo das barreiras, estão reunidos cerca de 150 menores abrigados no centro. Os líderes religiosos atravessam o pátio dedicado ao registro dos refugiados e chegam à grande tenda onde cumprimentam individualmente cerca de 250 requerentes de asilo.
12h25 – Discursos do arcebispo Hieronymos; do Patriarca Bartolomeu e do Santo Padre Francisco do pódio no pátio do registro dos refugiados.
12h40 – Assinatura da declaração conjunta.
12h45 – Almoço dos três líderes religiosos com alguns refugiados no contêiner atrás do pódio.
13h30 – Deslocamento em microônibus para o porto (8 km)
13h45 – Chegada Presidio da Guarda Costeira.
ENCONTRO COM CIDADANIA E COM A COMUNIDADE CATÓLICA. MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DAS MIGRAÇÕES.
Discurso do Santo Padre.
Ao término, os três líderes religiosos rezam, cada um, uma breve oração pelas vítimas das migrações.
Chamado um minuto de silêncio, os três líderes recebem de três crianças coroas de louros, que serão lançadas ao mar.
14h15 – Deslocamento em microônibus para o aeroporto (3 km).
14h30 – No aeroporto:
Encontro privado com arcebispo de Atenas e de toda a Grécia.
Encontro privado com o Patriarca Ecumênico.
Reunião privada com o primeiro-ministro.
15h – Cerimônia de despedida.
15h15 – Partida de avião do Aeroporto Internacional de Mytilene para Roma.
16h30 – Chegada ao aeroporto de Roma-Ciampino.

            Cumprida a programação, o papa Francisco, em entrevista durante o voo de retorno à Roma, disse aos jornalistas:
            “Depois daquilo que vi, daquilo que vistes, naquele campo de refugiados, dava vontade de chorar”.
Francisco mostrou três desenhos que crianças refugiadas lhe tinham oferecido, explicando que os meninos e meninas apenas querem “paz”.
Num dos desenhos há uma criança que se afoga, em que o sol chora.
“Trago isto no coração, hoje havia mesmo que chorar”, explicou.
O Papa decidiu levar para o Vaticano um grupo de 12 refugiados, incluindo seis menores, que estavam na ilha grega de Lesbos, após a visita que realizou hoje.
As três famílias sírias são muçulmanas e Francisco disse aos jornalistas que não fez qualquer “escolha”.
“Estas famílias tinham os papéis em ordem e era possível avançar. Havia duas famílias cristãs, mas não tinham os documentos”, revelou.
O Papa assumiu que se trata de um “pequeno gesto” e citou a Madre Teresa de Calcutá para sublinhar que “é uma gota de água no mar, mas depois desta gota, o mar já não será o mesmo”.
Em relação aos problemas ligados às fronteiras comunitárias e ao Tratado de Schengen, Francisco disse compreender “um certo medo” das populações, mas apelou ao “acolhimento”.
“Erguer muros não é uma solução, vimos no século passado a queda de um, não se resolve nada”, declarou.
O pontífice argentino lamentou a existência de “guetos” que são potenciados pelos terroristas, fruto da ausência de uma “política de integração”, em particular na Europa.
A Europa, prosseguiu, preciso de políticas de acolhimento, integração, crescimento, trabalho e reforma da Economia para poder construir “pontes” em vez de “muros”.
O Papa disse depois que os "traficantes de armas" deveriam passar um dia no campo de refugiados de Mória, em Lesbos, junto de quem foge “da guerra e da fome”.
Francisco esteve em Lesbos para uma visita de cinco horas, na qual começou por visitar um campo de refugiados e homenagear os migrantes que morreram no mar, acompanhado pelo patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu, e pelo arcebispo ortodoxo de Atenas, Jerónimo II, com quem assinou uma declaração conjunta”[2].





 Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. 





[1] IHU. 06/03/2016
[2] Agenacia Ecclesia. 16/04/2016

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