ELE
TAMBÉM AJUDA
A
outra face do taxista apresenta-se como alguém que ajuda: ajuda socorrendo
pessoas que caíram no centro da cidade, por alguma causa como desmaio, perda de
equilíbrio, hipoglicemia, ou até mesmo, infarto ou AVC. Para não demorar
esperando a ambulância populares mesmos chamam o taxista para levar a pessoa a
uma UBS ou uma UPA e, na maioria das vezes, esta ajuda não é recompensada por
ninguém. Ele, porém, sente-se gratificado por ter feito um bem fundamental,
salvando uma vida.
Outras
vezes, ele houve história do passageiro ou da passageira, que, com toda a
sinceridade revela-lhe sua situação verdadeira de miséria.
João
Luís ouviu a história de uma senhora que mal podia andar, por isso, tinha que
se servir de táxi. Contou-lhe que ela e o marido – idoso como ela – mas doente,
acamado, dependia da esposa. A aposentadoria que recebiam era insuficiente para
pagarem aluguel de pequena casa, luz elétrica, água, telefone, remédios,
alimentação, vestuário etc. Ela procurava, para complementar a aposentadoria,
vender papelão e latinhas de bebidas recolhidos pelas ruas. Vizinhos também os
ajudavam e assim procuravam sobreviver. João Luís comoveu-se com a história
real desta senhora. Chegando em casa contou ao pai esta realidade. Os dois
montaram uma cesta básica e João Luís levou-a à casa do referido casal
necessitado. Depois, a namorada do João, a irmã dela, também, mandaram outra
cesta básica; e assim, se formou uma rede de ajuda a esse casal.
Isto,
sim, é caridade efetiva e primária, pois socorre a quem precisa agora. Quem tem
fome, precisa comer. Quem tem cede, precisa beber... É a primeira instância da
caridade. Porém, não se pode contentar com ajuda. O pobre precisa passar de
dependente, de objeto de caridade à sujeito responsável por sua vida. Este
segundo nível da caridade, chama-se caridade promocional, que pode ser resumida
no provérbio chinês que diz: “Ao invés de dar o peixe, ensine a pescar”.
Convenhamos, contudo, que é preciso verificar sobre tudo hoje, se há ainda,
peixe em rios com tão baixo nível de água.
O
mais importante nível da caridade é aquele que leva em conta que precisamos transformar
as estruturas injustas. São elas que geram a pobreza, a miséria, a marginalização
e o rebaixamento das pessoas, a ponto de elas se tornarem descartáveis.
A
ajuda, entretanto, é sempre bem-vinda.
Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (enfermeiro e cuidador do Autor).
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