domingo, 29 de março de 2015

DIÁRIO DE UM TAXISTA (6) (Serie 70, 55°)

 O TAXISTA E O SEXO

            Quando mentalmente entabulei este artigo, lembrei-me logo de uma obra clássica de um dos pais da sociologia contemporânea, Luc Boltanski (1940)1 As Classes Sociais e o Corpo e, igualmente de uma escritora brasileira militante da causa feminista Rose Marie Muraro (1930 – 2014)2. Não, não pensem, leitores, que eu vá tratar, aqui, de um assunto acadêmico! É só uma referência para dizer o que os taxistas experimentam no dia-a-dia, os pesquisadores traduzem na linguagem dos acadêmicos.
            Não se trata também de expor a vida sexual do taxista. Isso é lá com ele! O que se quer aqui, abordar é como ele presta serviços aos passageiros que desejam usufruir do sexo. Lembro-me, por isso de Boltanski e de Muraro. Os trabalhadores rurais e os trabalhadores de construção civil usam o sexo diferentemente da classe média para cima. Esses últimos pouco usam o taxi. Têm suas próprias conduções para os lugares que desejam. Os primeiros quando podem, usam o taxi para os levarem aos locais de seus sonhos: hotéis, motéis, etc.
            Estes entendem a prática sexual como satisfação pessoal, sem, porém, compromisso de vida. No entanto, quando casados o sexo é visto, ainda como prática necessária para ter filhos. O objetivo é o de mais ter filhos do que obter prazer, permanece ainda um antigo preconceito machista, patriarcal, quirial!
            Para os pertencentes à classe média e dela para cima o sexo é prazer que deve ser contabilizado ao máximo, sem compromisso, sem fidelidade.
            O taxista não está preocupado com essas considerações acadêmicas, mas percebe sutilmente o que acontece entre as quatro paredes dos casais que ele conduz.

Citações
1. As Classes Sociais e o Corpo. Editora Graal. 2004.
2. Sexualidade da mulher brasileira. Editora Rosa dos Tempos. 1996; Feminino e Masculino: uma Nova Consciência para o Encontro das Diferenças. Editora Sextante. 2002; História do Masculino e do Feminino. Editora Zit. 2007.

Digitou este artigo: Vinicius  Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).

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