segunda-feira, 9 de março de 2015

ENEZITA BARROSO (1925 - 2015) In memoriam (Série 70, 46°)


            A primeira vez que eu ouvi o nome de Enezita Barroso foi em janeiro de 1954. Minha mãe tinha acabado de ter os seus filhos caçulas, gêmeos. Minha avó paterna, dona Brasilina Colli Corrêa, estava arrumando a cozinha, junto à pia quando me perguntou o nome de seus novos netos: Luís Antônio e Maria Inês. Minha avó me disse:
            - Inês! Lembra a Enezita.
            - Quem é essa Enezita?
            - É uma grande cantora, lá em São Paulo.
            Eu tinha exatamente 10 anos, nunca tinha ouvido Enezita Barroso. Só em 1965, em São Paulo, que a ouvi e vi na televisão! Desde essa época até o presente, procurei acompanhá-la pela televisão por aquilo que ela representava para a música caipira, verdadeiramente genuína e tão querida pelo povo.
            Ela entendia muito bem de folclore, que ela sempre insistiu em falar folk-lore, ou seja, música do povo ou também, tudo que é produzido pelo povo. Foi professora de folclore na USP, mas soube valorizar a música genuinamente popular, conhecida como caipira ou sertaneja. Pelos seus programas, divulgou e promoveu essa música e como ela dizia, “essa música não pode acabar nunca”.
            Foi reconhecida por muitos cantores como sua “madrinha” e assim era chamada por eles. Não era um parentesco batismal, porém, musical. Com que carinho de público eles a chamavam de “madrinha”.
            Foi chamada também de “dama da música caipira”. Tão simples, sem nunca perder seu perfil de mulher educada. Sensível à situações mais delicadas dos seres humanos.
            Ela passa para a história como mestra educadora e senhora da cultura caipira, que não podemos perder jamais.
            Que saudade já nos dá a frase por ela, tantas vezes repetida:
            - Programa: Viola Minha Viola. Êta programa que eu gosto!
            Agora, só gosto na saudade!

Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).

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