A
primeira vez que eu ouvi o nome de Enezita Barroso foi em janeiro de 1954.
Minha mãe tinha acabado de ter os seus filhos caçulas, gêmeos. Minha avó
paterna, dona Brasilina Colli Corrêa, estava arrumando a cozinha, junto à pia
quando me perguntou o nome de seus novos netos: Luís Antônio e Maria Inês.
Minha avó me disse:
-
Inês! Lembra a Enezita.
-
Quem é essa Enezita?
-
É uma grande cantora, lá em São Paulo.
Eu
tinha exatamente 10 anos, nunca tinha ouvido Enezita Barroso. Só em 1965, em
São Paulo, que a ouvi e vi na televisão! Desde essa época até o presente,
procurei acompanhá-la pela televisão por aquilo que ela representava para a
música caipira, verdadeiramente genuína e tão querida pelo povo.
Ela
entendia muito bem de folclore, que ela sempre insistiu em falar folk-lore,
ou seja, música do povo ou também, tudo que é produzido pelo povo. Foi
professora de folclore na USP, mas soube valorizar a música genuinamente
popular, conhecida como caipira ou sertaneja. Pelos seus programas, divulgou e
promoveu essa música e como ela dizia, “essa música não pode acabar nunca”.
Foi
reconhecida por muitos cantores como sua “madrinha” e assim era chamada por
eles. Não era um parentesco batismal, porém, musical. Com que carinho de
público eles a chamavam de “madrinha”.
Foi
chamada também de “dama da música caipira”. Tão simples, sem nunca perder seu
perfil de mulher educada. Sensível à situações mais delicadas dos seres
humanos.
Ela
passa para a história como mestra educadora e senhora da cultura caipira, que
não podemos perder jamais.
Que
saudade já nos dá a frase por ela, tantas vezes repetida:
-
Programa: Viola Minha Viola. Êta programa que eu gosto!
Agora, só gosto na saudade!Digitou este artigo: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).
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