Um dos enfermeiros que
cuidam de mim, de segunda a sexta-feira, é de Brodowski. De manhã à tarde ele
observa o tempo e me fala como está o clima: se vai ou não chover. Sua
preocupação não é tanto, se o volume vai ser de grande ou pequena intensidade.
Para ele o problema é ter de usar o guarda-chuva, pois acha esta “indumentária”
incômoda: carrega-lo chovendo ou não, aberto ou fechado é sempre “um castigo”
previsto como consequência do pecado original; é trabalhoso, é custoso...
Um escritor de língua
espanhola, com razão, expressou-se: “abrir um guarda-chuva é como disparar
contra a chuva (RAMÓN GÓMEZ DE LA SERNA, 1888 – 1963)”.
Para o Reis (nome do
enfermeiro), entretanto é sempre o guarda-chuva que dispara contra ele: de onde
ele trabalha até a rodoviária, a distância é de cerca de 500 metros. Mas,
quando chove forte, a distância parece dobrar. Os obstáculos até lá são:
pessoas aglomeradas e portando guarda-chuva impedem o caminhar pela calçada,
sobretudo quando paradas em ponto de ônibus; pede licença e ninguém dá: ou por
indiferença ou por não querer sair da fila e perder o lugar; outro obstáculo, é
andar pela beirada da calçada, e levar um jato d’água de enxurrada provocado
por algum veículo; outro dia ele reclamou de um ônibus que lhe lançou um jato
molhando-lhe parte da calça e do tênis; outro, é quando se chega perto do
Mercadão e se fica exposto à ventania; o guarda-chuva num combate contra o
vento forte apanha do vento de todos os lados; parece estar como tampa de
panela em cima de panela com água fervendo, vai para cima e para baixo; decola
e desloca o portador e muitas vezes, como aconteceu com o Reis, o vento ganhou
e ele perdeu o guarda-chuva, restando-lhe apenas, as varetas, pois o cabo do
guarda-chuva aterrissou no chão.
Por fim, quando se
entra no ônibus para Brodowski, é aguentar guarda-chuva pingando de 30 a 40
pessoas ao mesmo tempo, sem reclamar.
Digitou esta Crônica: Vinicius Maniezo Garcia (Enfermeiro e Cuidador do Autor).
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