terça-feira, 22 de setembro de 2015

“O VÔ PERDEU O SALARIO” (Serie 71, 16º)

       Por volta das quatro horas da tarde o Sr. Elias Gibaile, fiscal da fazenda Niágara fez os pagamentos do mês, daqueles que estavam no terreirão e secando café. Cada um com seu rastelo fazia sua parte, um subia rastelando, o outro descia. Quando encerraram o dia cada um foi pegar seu embornal e voltar para suas casas.
            Meu avô, Antônio Pedro da Silva, ficou procurando onde tinha posto o salario recebido. Bolso por bolso. Nada de encontrar seu parto salário recebido. Perguntou para um, perguntou para outro, e ninguém nem tinha achado, nem visto. Desolado e muito triste voltou para a casa e contou para sua esposa, que lhe fez muitas perguntas. Sempre de voz baixa, como era costume na família e em casa, nada de falar alto, nada de contar para estranhos o que se passava em casa.
            Minha avó, minhas tias e meus tios, todos choraram. Jantaram, mas o jantar teve gosto de tristeza e raiva. Acabou logo e em seguida, todos foram dormir pensando: quem será que encontrou o salário? Não se encontrava resposta satisfatória.
            Ao final ele, apesar de pouco, fazia-se possível para pagar o armazém e outras contas do mês. Minha avó apelava para a Divina Providência, enquanto minhas tias e tios, faziam trabalho redobrado para compensar a perda.
            Mais de sessenta anos passaram-se, e lembro-me hoje dessa tristeza familiar.
            Foi muito forte e pesado!




Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário