Por volta das quatro horas da tarde o Sr. Elias Gibaile,
fiscal da fazenda Niágara fez os pagamentos do mês, daqueles que estavam no
terreirão e secando café. Cada um com seu rastelo fazia sua parte, um subia
rastelando, o outro descia. Quando encerraram o dia cada um foi pegar seu
embornal e voltar para suas casas.
Meu avô,
Antônio Pedro da Silva, ficou procurando onde tinha posto o salario recebido.
Bolso por bolso. Nada de encontrar seu parto salário recebido. Perguntou para
um, perguntou para outro, e ninguém nem tinha achado, nem visto. Desolado e
muito triste voltou para a casa e contou para sua esposa, que lhe fez muitas
perguntas. Sempre de voz baixa, como era costume na família e em casa, nada de
falar alto, nada de contar para estranhos o que se passava em casa.
Minha avó,
minhas tias e meus tios, todos choraram. Jantaram, mas o jantar teve gosto de
tristeza e raiva. Acabou logo e em seguida, todos foram dormir pensando: quem
será que encontrou o salário? Não se encontrava resposta satisfatória.
Ao final
ele, apesar de pouco, fazia-se possível para pagar o armazém e outras contas do
mês. Minha avó apelava para a Divina Providência, enquanto minhas tias e tios,
faziam trabalho redobrado para compensar a perda.
Mais de
sessenta anos passaram-se, e lembro-me hoje dessa tristeza familiar.
Foi muito forte e pesado!
Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de
Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.
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