No inicio de
dezembro, do corrente ano, o vaticanista, Marco Politi lançou a segunda edição
da sua biografia sobre o papa Francisco, cujo nome é: Francisco entre os lobos.
O segredo de uma revolução[1].
Segundo o
próprio autor, em entrevista dada a Pierluigi Mele na revista Rai News[2]
Perguntado
sobre os frutos, até agora das reformas que o papa Francisco fez na Igreja ele
respondeu: “No seu livro, de título emblemático, "Francisco entre os
lobos", dentre outras coisas, você analisa a ação reformadora do Papa
Bergoglio. Quais foram os frutos, até agora, da obra de Francisco? O papa já
trouxe muita limpeza para o banco e para os assuntos financeiros vaticanos.
Foram fechadas milhares de contas, foi criado um comitê contra a lavagem de
dinheiro no Vaticano, foram firmados acordos de cooperação judiciária com
muitos Estados, foi criado um Secretariado para a Economia, que irá
supervisionar contratos que são fonte de corrupção, foi potencializado o papel
da Autoridade de Informação Financeira. Os bolsões de maus negócios que
resistem – e é meritória, a partir desse ponto de vista, a obra de informação
dos livros de Fittipaldi e
Nuzzi – demonstram que toda reforma esbarra em interesses opacos poderosos.
Francisco começou a dar ao Sínodo dos bispos um verdadeiro poder propositivo,
criou um órgão de consulta internacional ao seu lado: o Conselho dos nove
cardeais. E começou a descentralizar, dando a faculdade aos bispos locais de
decidirem autonomamente em certos casos sobre a nulidade dos casamentos
religiosos. Francisco reabriu o diálogo entre Igreja e sociedade pluralista
moderna: hoje, são muitos os que pertencem a outras religiões ou os agnósticos
e os ateus que escutam com interesse a sua mensagem. Por fim, Francisco está
dizendo palavras claras sobre a exploração de uma massa enorme de homens e
mulheres e sobre a degradação ambiental, que, por sua vez, envolve graves
custos sociais.
Interrogado
sobre “a solidão do papa”, não obstante o “imenso amor do povo de deus” por
ele, Politi respondeu: “Muitos disseram isso: o bispo Bregantini, o secretário
da Conferência Episcopal Italiana, Dom Galantino:
não basta aplaudir o pontífice, é preciso ajudá-lo ativamente na sua obra de
mudança. Muitos bispos, muitos sacerdotes muitos fiéis estão parados. Às vezes
por inércia, às vezes por medo, às vezes para sabotar passivamente.
O
entrevistador perguntou sobre os inimigos do papa e dentre esses, quais os mais
perigosos? O autor respondeu:
“Os adversários são aqueles que, na
hierarquia, impediram o Sínodo de pronunciar uma palavra definitiva sobre a acolhida
aos divorciados recasados e sobre o reconhecimento do valor afetivo e solidário
de um casal homossexual. Os adversários são aqueles que continuam fazendo um
mau uso dos bens econômicos da Igreja, aqueles que viram a cabeça para o outro
lado quando se trata de estabelecer mecanismos concretos para combater os
abusos sexuais. Aqueles que fingem não ouvir que as mulheres devem ser chamadas
a papéis decisionais. Especialmente na internet, assiste-se na Itália e no
mundo a uma campanha sistemática de difamação do pontífice. E também o caso
Vatileaks 2 demonstra que os seus colaboradores na Cúria fazem operações
desestabilizadoras e rompem os mais elementares pactos de lealdade, gravando as
intervenções do papa em reuniões privadas e, depois, espalhando isso para fora.”
Por fim, o entrevistador, quis saber qual
o significado da ampulheta que o papa tem sobre sua mesa de trabalho, e Politi
respondeu o que o papa disse à televisão mexicana, no dia do segundo
aniversario de sua eleição: “ele também, em um certo momento, estará disponível
para renunciar. ele imagina que o seu pontificado vai durar quatro ou cinco
anos. Dois anos e meio já se passaram!”
Digitou esse texto
Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.
[1] Em
português de Portugal existe a primeira edição: Marco Politi. Francisco
Entre os Lobos , O Segredo de uma Revolução. Lisboa: Editora Texto
& Grafia.. 201
[2] IHU. 07/12/2015.
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