O Papa Francisco afirmou hoje na abertura
da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Italiana (CEI) que o sacerdote
“não é um burocrata”, é “estruturalmente missionário” e um “critério decisivo”
para uma decisão vocacional está na capacidade de se relacionar.
“Neste tempo pobre para fazer amizades, o
nosso primeiro compromisso é o de construir comunidade; a abertura ao
relacionamento é, assim, um critério decisivo de discernimento vocacional”,
afirmou o Papa no discurso de abertura da 69.ª Assembleia Plenária da CEI.
O discurso de abertura da reunião dos
bispos italianos, que vai decorrer até ao dia 19, foi feito pelo Papa
Francisco, como acontece há três anos, enquanto bispo de Roma e primaz da
Itália, e não pelo presidente da CEI, o cardeal Angelo Bagnasco, no cargo desde
2007.
Referindo-se ao tema principal da
Assembleia Plenária em curso esta semana, o Papa referiu que o padre é
“estruturalmente missionário”, mais do que um líder com uma “missão para
cumprir”, e deve sentir-se pertença do povo de Deus onde é enviado, condição de
distanciamento da autorreferencialidade que “isola e aprisiona”.
Para Francisco o sacerdote “não é um
burocrata ou um funcionário anónimo de uma instituição, não está consagrado a
um papel clerical, nem se move por critério de eficiência”, “não procura
seguranças terrenas ou títulos honoríficos, que levam á confiança no homem” e
“não exige nada para além das reais necessidades”.
“O seu estilo de vida simples e essencial,
sempre disponível, fá-lo credível aos olhos das pessoas e aproxima-o dos
humildes, numa caridade pastoral que o torna livre e solidário. Servo da vida,
caminha com o coração e o ritmo dos pobres”, sublinhou o Papa.
Francisco acrescentou que a comunhão com
os leigos, valorizando a participação de cada um, é uma “marca distintiva” da
vida do sacerdote e o “cenáculo do presbitério” é “vital” para a seu
ministério.
“Esta experiência – quando não é
participada de forma ocasional nem por força de uma colaboração instrumental –
liberta do narcisismo e dos ciúmes clericais; faz crescer a estima, o apoio e a
benevolência recíproca; favorece uma comunhão não só sacramental ou jurídica,
mas fraterna e concreta”, afirmou o Papa.
“A comunhão é de facto um dos nomes da
Misericórdia”, acrescentou.
O Papa desafiou os bispos italianos a
promoverem uma renovação do clero que inclua uma “visão evangélica” sobre a
gestão de estruturas e dos bens, evitando referências a uma “pastoral de
conservação” que é obstáculo para a “abertura à perene novidade do
Espírito”
“Conservai apenas o que pode servir para a
experiência de Fé e de caridade do povo de Deus”, concluiu[1].
Digitou esse texto
Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.
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