terça-feira, 6 de outubro de 2015

MURILO MENDES (1901 – 1975) - (Serie 71, 30°)


Quando me perguntam qual o poeta brasileiro que eu prefiro, sempre respondo não ter um preferido, mas alguns me tocam mais a fundo. Assim, toca-me profundamente a poesia de Murilo Mendez, por aquilo que ela tem de transcendente, de profundeza, de contemplação e de espiritualidade não evasiva, mas profundamente concreta.
Murilo Monteiro Mendes (Juiz de Fora, 13 de maio de 1901 – Lisboa, 13 de agosto de 1975) foi um poeta e prosador, expoente do surrealismo  brasileiro. Murilo Monteiro Mendes era filho de Onofre Mendes e Eliza M. de Barros Mendes. Fez seus primeiros estudos em Juiz de Fora e depois, no Colégio Salesiano de Niterói. Telegrafista, auxiliar de contabilidade, notário e Inspetor do Ensino Secundário do Distrito Federal. Foi escrivão da quarta Vara de Família do Distrito Federal, em 1946. De 1953 a 1955 percorreu diversos países da Europa, divulgando, em conferências, a cultura brasileira. Em 1957 se estabeleceu em Roma, onde lecionou Literatura Brasileira. Manteve-se fiel às imagens mineiras, mesclando-as às da Sicília e Espanha, carregadas de história.
            Sua obra é imensa: "A Poesia em Pânico" (1937); "O Visionário" (1941); "As Metamorfoses" (1944); "Mundo Enigma" e "O Discípulo de Emaús" (1945); "Poesia Liberdade" (1947); "Janela do Caos" (1949), na França, numa edição especial com litografias de Francis Picabia; "Contemplação de Ouro Preto" (1954); e, no mesmo ano, também na França, saiu "Office Humain", antologia de poemas traduzidos para o francês; Parábola (1946-1952) e Siciliana (1954–1955), publicados em Poesias (1925–1955), Tempo Espanhol (1959); A Idade do Serrote (1968), Livro de memórias e Poliedro (1972).
            Foi casado com Maria da Saudade Cortesão, mas não tiveram filhos

São Francisco de Assis de Ouro Preto

A Lúcio Costa

Solta, suspensa no espaço,
Clara vitória da forma
E de humana geometria
Inventando um molde abstrato;
Ao mesmo tempo, segura,
Recriada na razão,
Em número, peso, medida;
Balanço de reta e curva,
Levanta a alma, ligeira,
À sua Pátria natal;
Repouso da cruz cansada,
Signo de alta brancura;
Gerado, em recorte novo,
Por um bicho rastejante,
Mestiço de sombra e luz;
Aposento da Trindade
E mais da Virgem Maria
Que se conhecem no amor;
Traslado, em pedra vivente,
Do afeto de um sumo herói
Que junta o braço do Cristo
Ao do homem seu igual.



 Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. 



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