Pela
importância do texto e oportunidade do mesmo (Kairós), resolvi compartilhar com
os meus leitores este vocabulário do Sínodo de autoria do professor Alberto
Melloni da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação de
Ciências Religiosas João XXIII de Bolonha.
“Sinodalidade
Sem modificar um
único cânone, o Papa Francisco deu uma estatura inédita ao Sínodo dos bispos: mesmo tendo sofrido a
ausência dos peritos teólogos que desde sempre alimentam cada conciliaridade, o
Sínodo foi um órgão deliberante. E todos, hoje, o percebem como tal. Ele
colocou novamente na agenda da Igreja – também das Igrejas nacionais e
diocesanas – a sinodalidade como instrumento de comunhão. "A colegialidade
episcopal se manifesta em um caminho de discernimento espiritual e
pastoral" é um princípio operante.
Bispo
Não
é verdade que o Sínodo disse para se abordar a questão dos
divorciados recasados "caso a caso". Teria sido uma banalidade. Ele
disse que o "bispo" é "pastor e cabeça" da sua Igreja e,
portanto, "juiz". Por isso, os seus padres não são os terminais de
ordens centrais, mas produtores da "discretio" com a qual devem
"acompanhar" as pessoas "de acordo com o ensinamento da Igreja e
as orientações do bispo". E é difícil imaginar que a orientação do bispo
ou dos bispos de uma nação não nasça sinodalmente, para escutar não os quadros,
mas as comunidades.
Universal
No Sínodo, há uma implícita mas
seca reformulação da categoria de "universal". Não há um poder
universal que é exercido em nome da "Igreja universal" (nunca citada)
através do monarcato pontifício, guardião da doutrina e hermeneuta da natureza.
Tudo foi deslocado para as comunidades. "Universal" é o adjetivo da
fraternidade na família humana e da declaração "universal" dos
direitos humanos.
Objetivo
Antes
do Sínodo, em um livro-manifesto
alarmado e alarmante, Ruini dissera que os divorciados estavam em
uma "condição objetiva" de pecado. A bofetada do Sínodo é firme e
implacável: ele diz que "o juízo sobre uma situação objetiva não deve
levar a um juízo sobre a imputabilidade subjetiva", com muitas citações de
um ato do cardeal Herránz do ano 2000. As implicações da tese de
Ruini era muitas; as desta, ainda mais.
Gênero
O Sínodo abandona as polêmicas sobre as
"teorias" do gênero. Ele denuncia uma "ideologia do
gênero", que prospecta "uma sociedade sem diferenças de sexo"
(denúncia tão extrema que não tem imputados e é politicamente inutilizável).
Ele reconhece, contudo, que, "segundo o princípio cristão, alma e corpo,
bem como sexo biológico (sex) e papel sociocultural do sexo (gender) podem ser
distinguidos, mas não separados". Se não tivesse feito isso, a cristologia
entraria em colapso.
Reino
"Cristo. A
palavra e a atitude de Jesus mostram claramente que o Reino de Deus é o
horizonte dentro do qual toda relação se define", diz o Sínodo. Contra aqueles que, há
um ano, diziam que bastava repetir "a doutrina", Francisco mostrou que o trabalho do papa não é
fazer repetições do catecismo, mas compreender mais a fundo as exigências e a
graça do Evangelho. Uma "boa notícia" que supera as odiosas
categorizações dos seres humanos em namorados, noivos, casados, quase casados,
não casados, pré-casados, pós-casados, conviventes, divorciados etc.
Pessoas
homossexuais
O Sínodo não chamou de amor aquilo que é vivido
entre pessoas do mesmo sexo (mas reconheceu que, nas pessoas unidas pelo
casamento civil e nas coabitações, pode haver "aqueles sinais de amor que
propriamente correspondem ao reflexo do amor de Deus"). Mas disse que cada
pessoa deve ser "respeitada na sua dignidade e acolhida com
respeito". Para alguns países, incluindo a Itália, isso já seria um
progresso.”
Citação:
·
IHU,
27 de outubro de 2015.
Digitou este artigo Vinicius Maniezo Garcia enfermeiro e cuidador do autor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário