Em artigo recente tracei a biografia de
Paulo Bomfim, a partir da lembrança do distrito de Bomfim Paulista. Neste
artigo, servindo-me de uma pagina desse poeta confirmo pelo seu próprio
testemunho, a origem de Bomfim Paulista como homenagem ao seu avô Francisco
Rodrigues dos Santos Bomfim, nestes termos: “A tocaia.
Em sua coluna “Há um século, O Estado de
São Paulo reproduz noticia de 14 de setembro de 1900: “Ribeirão Preto. Correu
aqui o boato de que havia sido preso nessa capital um individuo de cor preta,
que confessara ter sido o autor do misterioso assassinato do milionário
Francisco Rodrigues dos Santos Bomfim, a mando de outrem, facto acontecido há
cerca de três anos, em Cravinhos, município desta comarca.” Com a tocaia que
ceifou a vida do meu avô Francisco, os Bomfim se dispersaram pela rosa dos
ventos do sertão. O nome do desbravador permanece junto a Ribeirão Preto, em
Bomfim Paulista, por ele fundada; no bairro que também guarda seu nome em
Campinas, onde meu pai nasceu, e na primeira igreja que mandou erguer em
Cravinhos sob a invocação de São Benedito, em 1888, juntamente com o Cemitério
Municipal que ofereceu à cidade em 1892, onde se encontra sepultado. Ao lado de
seu jazigo, o tumulo do troleiro que morreu na emboscada tentando defende-lo.”[1]
Curiosa e surpreendente é a ligação do que
até agora se falou com o que ele chamou ao final desse texto de “lendas”: “A lenda do velho Bomfim e a
lenda do Dioguinho”, que segundo ele “prosseguiram percorrendo, paralelamente,
os trilhos da Mogiana.”[2]
Paulo Bomfim narra o seguinte:
“certa feita, visitando com minha avó
Maria as fazendas que pertenceram a esse antepassado, ela aponta o batente de
uma porta marcado por uma carga de chumbo: - Foi tiro do Dioguinho. Era inimigo
de seu avô e prometera mata-lo. Li em algum lugar que Dioguinho teria
assassinado Francisco Bomfim, mas o certo é que quando ele foi vitima da tocaia
que o matou, Dioguinho havia desaparecido há mais de um ano. Em 1943, fui com meu
pai a Cananeia onde conhecemos o Coronel Martiniano de Carvalho, veterano de
Canudos. Ficamos amigos e um noite, sob a luz sonolenta do lampião de
querosene, o militar vira-se para papai e diz: - Dr. Bomfim, sei da inimizade
de seu pai com o Dioguinho e vou contar um segredo que guardo há quarenta anos.
Eu comandava a “captura” de bandidos quando me hospedei numa fazenda nas
barrancas do Rio Mogi-Guassu. O fazendeiro ficou meu amigo. Indaga se eu
poderia guardar m segredo. Dou-lhe minha palavra. Manda arrear os cavalos e me
levava até o fundo de uma invernada onde existia uma palhoça. Abre a porta,
convida-me a entrar e, no lusco-fusco da tapera diviso um vulto deitado sobre
um catre. Está todo deformado.
-
Sabe que é ele?
-
Não –
respondo
-
É Dioguinho.
-
Mas como pode ser? – indago
- Quando
a policia, comandada pelo Tenente Coronel França Pinto atirou nele e em seu
irmão, Dioguinho, mortalmente ferido, rodou o rio e veio dar numa praia em
minha fazenda. Recolhi o homem que fora duramente atingido pelas balas. Estava
paralitico e acabei por traze-lo para este rancho onde se encontra esperando
pela morte.
O coronel Martiniano de Carvalho, meu pai e
eu ficamos em silencio. Pela primeira vez essa versão é escrita.”
Li,
a poucos anos – o que acho ter sido a ultima obra sobre Dioguinho – de João
Garcia Duarte, o livro Dioguinho: o matador dos punhos de renda, publicado em (2002).
Não
me lembro, todavia, de este autor ter feito qualquer alusão a este final do
famoso matador que agiu na nossa região entre 1894 a 1897!
Digitou esse texto
Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.
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