sábado, 31 de outubro de 2015

PAULO BOMFIM E BOMFIM PAULISTA (Serie 71 anos, 61°)


Em artigo recente tracei a biografia de Paulo Bomfim, a partir da lembrança do distrito de Bomfim Paulista. Neste artigo, servindo-me de uma pagina desse poeta confirmo pelo seu próprio testemunho, a origem de Bomfim Paulista como homenagem ao seu avô Francisco Rodrigues dos Santos Bomfim, nestes termos: “A tocaia.
Em sua coluna “Há um século, O Estado de São Paulo reproduz noticia de 14 de setembro de 1900: “Ribeirão Preto. Correu aqui o boato de que havia sido preso nessa capital um individuo de cor preta, que confessara ter sido o autor do misterioso assassinato do milionário Francisco Rodrigues dos Santos Bomfim, a mando de outrem, facto acontecido há cerca de três anos, em Cravinhos, município desta comarca.” Com a tocaia que ceifou a vida do meu avô Francisco, os Bomfim se dispersaram pela rosa dos ventos do sertão. O nome do desbravador permanece junto a Ribeirão Preto, em Bomfim Paulista, por ele fundada; no bairro que também guarda seu nome em Campinas, onde meu pai nasceu, e na primeira igreja que mandou erguer em Cravinhos sob a invocação de São Benedito, em 1888, juntamente com o Cemitério Municipal que ofereceu à cidade em 1892, onde se encontra sepultado. Ao lado de seu jazigo, o tumulo do troleiro que morreu na emboscada tentando defende-lo.”[1]
Curiosa e surpreendente é a ligação do que até agora se falou com o que ele chamou ao final desse texto  de “lendas”: “A lenda do velho Bomfim e a lenda do Dioguinho”, que segundo ele “prosseguiram percorrendo, paralelamente, os trilhos da Mogiana.”[2]
Paulo Bomfim narra o seguinte:
“certa feita, visitando com minha avó Maria as fazendas que pertenceram a esse antepassado, ela aponta o batente de uma porta marcado por uma carga de chumbo: - Foi tiro do Dioguinho. Era inimigo de seu avô e prometera mata-lo. Li em algum lugar que Dioguinho teria assassinado Francisco Bomfim, mas o certo é que quando ele foi vitima da tocaia que o matou, Dioguinho havia desaparecido há mais de um ano. Em 1943, fui com meu pai a Cananeia onde conhecemos o Coronel Martiniano de Carvalho, veterano de Canudos. Ficamos amigos e um noite, sob a luz sonolenta do lampião de querosene, o militar vira-se para papai e diz: - Dr. Bomfim, sei da inimizade de seu pai com o Dioguinho e vou contar um segredo que guardo há quarenta anos. Eu comandava a “captura” de bandidos quando me hospedei numa fazenda nas barrancas do Rio Mogi-Guassu. O fazendeiro ficou meu amigo. Indaga se eu poderia guardar m segredo. Dou-lhe minha palavra. Manda arrear os cavalos e me levava até o fundo de uma invernada onde existia uma palhoça. Abre a porta, convida-me a entrar e, no lusco-fusco da tapera diviso um vulto deitado sobre um catre. Está todo deformado.
-       Sabe que é ele?
-        Não – respondo
-       É Dioguinho.
-       Mas como pode ser? – indago
-       Quando a policia, comandada pelo Tenente Coronel França Pinto atirou nele e em seu irmão, Dioguinho, mortalmente ferido, rodou o rio e veio dar numa praia em minha fazenda. Recolhi o homem que fora duramente atingido pelas balas. Estava paralitico e acabei por traze-lo para este rancho onde se encontra esperando pela morte.
O coronel Martiniano de Carvalho, meu pai e eu ficamos em silencio. Pela primeira vez essa versão é escrita.”
            Li, a poucos anos – o que acho ter sido a ultima obra sobre Dioguinho – de João Garcia Duarte, o livro Dioguinho: o matador dos punhos de renda, publicado em (2002).
            Não me lembro, todavia, de este autor ter feito qualquer alusão a este final do famoso matador que agiu na nossa região entre 1894 a 1897!


Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. 




[1] PAULO BOMFIM. O caminheiro. São Paulo. Ed. Green Florest Brasil, 2001, p.108-109.
[2] Idem, p. 109

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