Neste sábado,
24 de outubro, segundo a Agencia Ecclesia, “Os participantes no Sínodo dos
Bispos propuseram hoje um “caminho de discernimento” para os católicos
divorciados que voltaram a casar civilmente, no relatório final dos trabalhos. O
texto que vai ser agora entregue ao Papa refere que é missão dos padres
“acompanhar as pessoas no caminho do discernimento segundo o ensinamento da
Igreja e as orientações do bispo”.
Na conclusão de três semanas de trabalho sobre a família, 178
dos 265 participantes que votaram esta tarde (mais um voto do que os
necessários para a maioria de dois terços), aprovaram o número 85, em que se
apela a um “exame de consciência” das pessoas em causa sobre a forma como
trataram os seus filhos ou como viveram a “crise conjugal”. O documento
questiona ainda se houve “tentativas de reconciliação”, qual a situação do
“cônjuge abandonado” e quais as consequências da nova relação “sobre o resto da
família e a comunidade dos fiéis”. “Uma reflexão sincera pode reforçar a misericórdia
de Deus, que não é negada a ninguém”.
Este relatório não aborda diretamente a possibilidade de
acesso à Comunhão pelos divorciados recasados, que é negada pela Igreja
Católica.
Os participantes apresentam critérios de reflexão, recordando
que há “condicionamentos” que podem anular ou diminuir a responsabilidade de
uma ação, pelo que o juízo sobre uma situação objetiva “não deve levar a um
juízo sobre a imputabilidade subjetiva”. “Por isso, mesmo apoiando uma norma
geral, é necessário reconhecer que a responsabilidade em relação a determinadas
ações ou decisões não é a mesma em todos os casos”, pode ler-se.
O relatório final aponta a um “discernimento pastoral” que tem de acompanhar
cada situações, pelo que “as consequências dos atos realizados não são
necessariamente as mesmas em todos os casos”.
O texto cita o ensinamento
de São João Paulo II na ‘Familiaris Consortio’: “Saibam os pastores que, por
amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações. Há, na realidade,
diferença entre aqueles que sinceramente se esforçaram por salvar o primeiro
matrimónio e foram injustamente abandonados e aqueles que por sua grave culpa
destruíram um matrimónio canonicamente válido”. “Há ainda aqueles que
contraíram uma segunda união em vista da educação dos filhos, e, às vezes,
estão subjetivamente certos em consciência de que o precedente matrimónio
irreparavelmente destruído nunca tinha sido válido”, acrescentava o Papa
polaco, na sua exortação apostólica sobre a família. No número 84 do relatório
final, aprovado com 187 votos (o segundo menor número de aprovações), os
participantes no Sínodo 2015 afirmam que os divorciados recasados têm de estar
“mais integrados nas comunidades cristãs”.
“A sua participação pode exprimir-se em diversos serviços
eclesiais”, aponta o texto.
Já o número 86 (190 votos a favor) refere-se a um “percurso
de acompanhamento e discernimento” junto de um sacerdote, no chamado “foro
interno” (privado), sobre aquilo que coloca “obstáculos a uma mais plena
participação na vida da Igreja e sobre os passos que a podem favorecer”.
“Para que isto aconteça, têm de ser garantidas as necessárias
condições de humildade, reserva, amor à Igreja e ao seu ensinamento”,
prossegue.
O relatório
conclui-se com um pedido ao Papa para que avalie a oportunidade de um
“documento sobre a família”.
Digitou esse texto
Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.
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