O
SÍNODO CONTINUA
Francisco
de Assis Correia
O evento
Sínodo – foi encerrado pelo Papa Francisco no dia 25 de outubro próximo
passado.
O
encerramento, contudo, não significa que o objetivo do mesmo tenha se esgotado.
Primeiro, por que as conclusões publicadas ainda dependem do parecer final ou
documento final do Papa. Segundo, por que, queiramos ou não, este Sínodo mudou
para sempre a maneira de a Igreja abordar a temática da família e do
matrimonio. O teólogo leigo italiano, Andrea Grillo - professor do Pontifício
Ateneu S. Anselmo, de Roma, do Instituto Teológico Marchigiano, de Ancona, e do
Instituto de Liturgia Pastoral da Abadia de Santa Giustina, de Pádua- por
exemplo, em relação a este tema escreveu recentemente: “O Sínodo que "se
superou" na disciplina das bodas cristãs, abrindo o caminho para um
repensamento das práxis com que se abordar as crises matrimoniais, teve que
assumir um problema eclesial muito maior e espinhoso: ou seja, a pretensão de
não perder monopólio da sexualidade ordenada à vida unida, indissolúvel e
fecunda.
Desde que o Estado moderno "requisitou" a
competência sobre o matrimônio, a Igreja muitas vezes reagiu de modo apenas
institucional, exibindo uma competência original e inoxidável sobre o
"sacramento-contrato". Essa história, de dois séculos de duração,
ainda influencia pesadamente sobre o modo de abordar as questões individuais:
não raramente, ao lado do "pastor", sempre apareceu um
"farmacista" à espreita, com a sua balança. Muitas vezes na mesma pessoa!
Aceitar que haja uma "diferença" entre família e
matrimônio é, para essa mentalidade clássica, o começo do fim. O Sínodo nos
disse que os "pastores" prevaleceram sobre não poucos
"farmacistas", além de alguns "lobos". Para inúmeros
Pastores presentes no Sínodo, essa reviravolta foi não um trágico fim, mas um
início promissor”[1].
Terceiro,
não se pode resumir o tema do Sínodo à questão: “Comunhão aos divorciados e
recasados”. Este é um dos pontos que deverá ser decidido, depois de um
criterioso discernimento à luz do “Principio da Misericórdia”, sobre o qual
tanto tem insistido o Papa Francisco.
Alias, um dos Padre sinodais, mais influente, Cardeal – Arcebispo de
Washington, Dom Donald Wuerl afirmou: “A Igreja Católica está se deslocando do
legalismo à misericórdia”. [2]
Quarto,
anoto, ainda, outras questões muito pertinentes, levantadas, também por Andrea
Grillo:
A insuficiência por si só das distinções clássicas:
- Familiaris consortio e a diferença entre comunhão eclesial
e comunhão sacramental;
- Foro externo, foro interno: e o "foro íntimo"?
- Caminho penitencial e caminho eucarístico: ainda são
possíveis?
Grillo conclui, prudentemente da seguinte
forma:
“Sobre essas "perguntas abertas", se medirá a
discussão e a experiência eclesial dos próximos meses: a menos que Francisco
não nos surpreenda mais uma vez, "jogando com antecipação" já em
algumas semanas, talvez em torno do limiar jubilar. Quem poderia excluir isso?”
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