Em artigo
recente, Enzo Bianchi, prior e fundador da Comunidade de Bose, lembrou a sorte
que tiveram os papas que tentaram reformar a igreja “da cabeça aos membros” [1].
O papa
Celestino V, no fim do século XIII, foi eleito papa sem sua vontade e, depois,
teve que renunciar por ter se mostrado fraco e impotente diante das manobras da
Cúria e das intrigas dos cardeais. O supracitado autor refere-se a obra
literária sobre isso de autoria de Silone [1900-1978, escritor e político
italiano], com a sua obra: "A aventura de um pobre cristão" .
O papa
Adriano VI, eleito em 1522, logo encontrou muita oposição da Cúria romana por
causa de sua vida austera. Ele lutou também contra os maus costumes dos eclesiásticos
e teria entendido em que sentido a reforma de Lutero estava certa. Pediu uma
limitação das despesas da corte, promoveu uma vigilância sobre o uso do
dinheiro e sobre a administração lucrativa das indulgências, iniciou uma
drástica redução dos escritórios curiais. morreu depois de um ano e alguns
meses de pontificado, com apenas 54 anos.
O papa
Marcelo II, que participou como Cardeal do Concilio de Trento, contestando
àquela cúpula a qualificação de "representar a Igreja universal",
pois estavam ausentes tanto o Oriente cristão quanto os reformados
protestantes. Em 1555, foi eleito papa, manteve o seu nome de batismo e
rejeitou qualquer pompa e fausto triunfais para a sua coroação como papa. Logo
se mostrou convencido da urgência da reforma da Igreja – começando pela Cúria –
e da vida de padres e monges, já acostumados a abusos e comportamentos
escandalosos, não concedeu favores aos parentes e assumiu ele mesmo, com rigor,
um estilo de vida evangélico, pobre e humilde. Mas o seu pontificado durou menos
de um mês...
O mesmo
autor lembra, por fim, o Papa João XXIII e o Concílio por ele desejado –
continuado e levado a cumprimento por Paulo VI – realizam uma reforma tanto do
estilo do papado, quanto de toda a vida litúrgica e espiritual da Igreja, quanto
ainda do modo de ser dos cristãos na companhia dos homens.
O papa
Francisco, desde o inicio de seu pontificado, propôs-se a trabalhar pela
reforma da Igreja, a começar de si mesmo como papa referindo-se sempre como "bispo
de Roma, a Igreja que preside na caridade"
A historia é
mestra e nos ensina que não será em vão seu proposito e seu êxito, não
imediato, ser alcançado pois, como diz um axioma eclesiológico, “A Igreja deve
ser sempre reformada”.
É verdade, como advertir Enzo Biachi “Quanto mais o Papa Francisco
realizar a reforma da Igreja, mais pesada será a cruz sobre as suas costas: ao
lado do reconhecimento e da gratidão dos cristãos que tentam viver o Evangelho
e dos "justos" até mesmo não cristãos, ao lado do reconhecimento dos
pobres, aparecerá o desprezo, a deslegitimação, a ofensa dos poderes mundanos,
internos e externos ao mundo eclesial.”
Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador
do autor.
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