terça-feira, 10 de novembro de 2015

A SORTE DOS PAPAS REFORMADORES (Serie 71 anos, 69°)


            Em artigo recente, Enzo Bianchi, prior e fundador da Comunidade de Bose, lembrou a sorte que tiveram os papas que tentaram reformar a igreja “da cabeça aos membros” [1]. 
            O papa Celestino V, no fim do século XIII, foi eleito papa sem sua vontade e, depois, teve que renunciar por ter se mostrado fraco e impotente diante das manobras da Cúria e das intrigas dos cardeais. O supracitado autor refere-se a obra literária sobre isso de autoria de Silone [1900-1978, escritor e político italiano], com a sua obra: "A aventura de um pobre cristão" .
            O papa Adriano VI, eleito em 1522, logo encontrou muita oposição da Cúria romana por causa de sua vida austera. Ele lutou também contra os maus costumes dos eclesiásticos e teria entendido em que sentido a reforma de Lutero estava certa. Pediu uma limitação das despesas da corte, promoveu uma vigilância sobre o uso do dinheiro e sobre a administração lucrativa das indulgências, iniciou uma drástica redução dos escritórios curiais. morreu depois de um ano e alguns meses de pontificado, com apenas 54 anos.
            O papa Marcelo II, que participou como Cardeal do Concilio de Trento, contestando àquela cúpula a qualificação de "representar a Igreja universal", pois estavam ausentes tanto o Oriente cristão quanto os reformados protestantes. Em 1555, foi eleito papa, manteve o seu nome de batismo e rejeitou qualquer pompa e fausto triunfais para a sua coroação como papa. Logo se mostrou convencido da urgência da reforma da Igreja – começando pela Cúria – e da vida de padres e monges, já acostumados a abusos e comportamentos escandalosos, não concedeu favores aos parentes e assumiu ele mesmo, com rigor, um estilo de vida evangélico, pobre e humilde. Mas o seu pontificado durou menos de um mês...
            O mesmo autor lembra, por fim, o Papa João XXIII e o Concílio por ele desejado – continuado e levado a cumprimento por Paulo VI – realizam uma reforma tanto do estilo do papado, quanto de toda a vida litúrgica e espiritual da Igreja, quanto ainda do modo de ser dos cristãos na companhia dos homens.
            O papa Francisco, desde o inicio de seu pontificado, propôs-se a trabalhar pela reforma da Igreja, a começar de si mesmo como papa referindo-se sempre como "bispo de Roma, a Igreja que preside na caridade"
            A historia é mestra e nos ensina que não será em vão seu proposito e seu êxito, não imediato, ser alcançado pois, como diz um axioma eclesiológico, “A Igreja deve ser sempre reformada”.
É verdade, como advertir Enzo Biachi “Quanto mais o Papa Francisco realizar a reforma da Igreja, mais pesada será a cruz sobre as suas costas: ao lado do reconhecimento e da gratidão dos cristãos que tentam viver o Evangelho e dos "justos" até mesmo não cristãos, ao lado do reconhecimento dos pobres, aparecerá o desprezo, a deslegitimação, a ofensa dos poderes mundanos, internos e externos ao mundo eclesial.”



Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. 






[1]  A cruz da reforma. Artigo de Enzo Bianchi”. IHU 09/11/2015

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