terça-feira, 17 de novembro de 2015

PADRE CAMILO TORRES (Serie 71 anos, 77°)

 
Tive uma grande surpresa, ao saber que o arcebispo de Cali - Colômbia, Dom Darío de Jesús Monsalve, presidiu uma reunião neste local, destinada a preparação da comemoração do 50º  aniversario da morte do Pe. Camilo Torres. Na mesma participaram comunidades de base, grupos acadêmicos da igreja popular, animadores sociais, religiosos e meios de comunicação!
            Ora, este padre fora um sacerdote católico colombiano, pioneiro da Teologia da Libertação, co-fundador da primeira Faculdade de Sociologia da América Latina e membro do grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN)!
            Tudo parecia fadado ao olvido: “Submetido até em seus restos mortais ao segredo de Estado, ao silêncio da Igreja e ao estigma guerrilheiro sobre seu nome, tem muito a oferecer e ensinar”.[1]
            Mas quem foi, na verdade o Pe. Camilo Torres?
            Ele nasceu em Bogotá,  no dia 3 de fevereiro de 1929. Camilo foi ordenado sacerdote em 1954. Em seguida, viajou a Bélgica para estudar sociologia na Universidade de Lovaina. Durante sua estadia na Europa, travou contato com a Democracia Cristã, com o movimento sindical cristão e com grupos de resistência argelina em Paris, fatores que o levaram a se aproximar da causa dos oprimidos. Fundou, com um grupo de estudantes colombianos da universidade, o ECISE (Equipe Colombiana de Investigação Socioeconômica) e o Movimento Universitário de Promoção Comunal (MUNIPROC), onde desenvolveu trabalhos de investigação e de ação social em bairros populares.
Em 1959, retornou a Bogotá e foi nomeado capelão da Universidade Nacional. Em 1960 na Universidade Nacional, junto a Orlando Fals Borda, fundou a Faculdade de Sociologia, à que esteve vinculado como professor, até que o cardeal Concha Córdoba não aprovou seu labor e o destituiu como capelão, e das atividades acadêmicas da Universidade. Pelo que em 1965 abandonou o sacerdócio e dedicou-se completamente à atividade política revolucionária. Após constituir a Frente Unido do Povo, organização que convocou importantes manifestações e atos, contatou o Exército de Liberação Nacional com quem acordou a continuação da agitação política nas cidades, e seu posterior ingresso à organização e faleceu em San Vicente de chucurí, Santander, no dia 15 de fevereiro do 1966.
Nessa época, eu era estudante de filosofia no Seminário Central do Ipiranga- São Paulo, e eu, e alguns colegas, acompanhavamos as noticias e artigos sobre o Pe. Camilo e torcíamos pelo seu êxito nesta empreitada, completamente nova de um padre católico. Sua morte deixou-nos tristes e frustrados.
Agora, o arcebispo de Cali, ressuscita a imagem e seu significado. “Que seu pensamento social e teológico, sua liderança pela unidade, sua obra e suas cinzas, voltem à memória do povo e da Igreja, ao patrimônio acumulado para a paz com verdade e justiça social, com reconciliação e perdão, como base de garantias do nunca mais” disse o mencionado arcebispo.


  Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. 






[1] IHU 17/11/2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário