Tive uma grande surpresa, ao saber que o arcebispo de Cali -
Colômbia, Dom Darío de Jesús Monsalve, presidiu uma reunião neste local,
destinada a preparação da comemoração do 50º aniversario da morte do Pe. Camilo Torres. Na
mesma participaram comunidades de base, grupos acadêmicos da igreja popular,
animadores sociais, religiosos e meios de comunicação!
Ora, este
padre fora um sacerdote católico colombiano, pioneiro da Teologia da
Libertação, co-fundador da primeira Faculdade de Sociologia da América Latina e
membro do grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN)!
Tudo parecia
fadado ao olvido: “Submetido até em seus restos mortais ao segredo de Estado,
ao silêncio da Igreja e ao estigma guerrilheiro sobre seu nome, tem muito a
oferecer e ensinar”.[1]
Mas quem
foi, na verdade o Pe. Camilo Torres?
Ele nasceu
em Bogotá, no dia 3 de fevereiro de
1929. Camilo foi ordenado sacerdote em 1954. Em seguida, viajou a Bélgica para
estudar sociologia na Universidade de Lovaina. Durante sua estadia na Europa,
travou contato com a Democracia Cristã, com o movimento sindical cristão e com
grupos de resistência argelina em Paris, fatores que o levaram a se aproximar
da causa dos oprimidos. Fundou, com um grupo de estudantes colombianos da
universidade, o ECISE (Equipe Colombiana de Investigação Socioeconômica) e o
Movimento Universitário de Promoção Comunal (MUNIPROC), onde desenvolveu
trabalhos de investigação e de ação social em bairros populares.
Em 1959, retornou a Bogotá e foi nomeado
capelão da Universidade Nacional. Em 1960 na Universidade Nacional, junto a
Orlando Fals Borda, fundou a Faculdade de Sociologia, à que esteve vinculado
como professor, até que o cardeal Concha Córdoba não aprovou seu labor e o destituiu
como capelão, e das atividades acadêmicas da Universidade. Pelo que em 1965
abandonou o sacerdócio e dedicou-se completamente à atividade política revolucionária.
Após constituir a Frente Unido do Povo, organização que convocou importantes manifestações
e atos, contatou o Exército de Liberação Nacional com quem acordou a
continuação da agitação política nas cidades, e seu posterior ingresso à organização
e faleceu em San Vicente de chucurí, Santander, no dia 15 de fevereiro do 1966.
Nessa época, eu era estudante de filosofia
no Seminário Central do Ipiranga- São Paulo, e eu, e alguns colegas,
acompanhavamos as noticias e artigos sobre o Pe. Camilo e torcíamos pelo seu
êxito nesta empreitada, completamente nova de um padre católico. Sua morte
deixou-nos tristes e frustrados.
Agora, o arcebispo de Cali, ressuscita a
imagem e seu significado. “Que seu pensamento social e teológico, sua liderança
pela unidade, sua obra e suas cinzas, voltem à memória do povo e da Igreja, ao
patrimônio acumulado para a paz com verdade e justiça social, com reconciliação
e perdão, como base de garantias do nunca mais” disse o mencionado arcebispo.
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