domingo, 22 de novembro de 2015

WALESKA PAIXÃO FIGURA ÍMPAR DA ENFERMAGEM NO BRASIL (I) (Serie 71 anos, 84°)



Quando comecei a lecionar historia da enfermagem, na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP – USP), Perguntei à docente Margarita Villar, o paradeiro da autora de um famoso livro Historia da Enfermagem  .  A autora, Waleska Paixão, respondeu-me ela, tinha deixado todos os seus trabalhos no Rio de Janeiro, e se dedicado à pratica de enfermagem em um lugar pequeno e bastante pobre do nordeste do Brasil, cujo nome ela não tinha. Impressionou-me à época o desprendimento de Waleska e sempre procurei descobrir seu fim. Não vou adianta-lo agora, por que isso aparecerá em sua biografia, que passo a escreve-la.

Biografia de Waleska Paixão 


Waleska Paixão nasceu em Petrópolis – RJ, no dia 3 de novembro de 1903, filha de Dr. Henrique Paixão e de Ludovina Vale da Paixão. 
“Aos 15 anos de idade começou seu envolvimento com a Enfermagem. A doença de uma de suas irmãs levou-a a aprender a aplicar injeção. A partir daí, começou a ser chamada para atendimento domiciliar. Nessas visitas, buscava atender não só o que fora recomendado pelo médico. Atendia aos doentes, atentando para detalhes como a alimentação, o posicionamento, a necessidade que eles tinham de ser ouvidos. É Waleska quem relata as suas primeiras aproximações com o "lidar com os doentes", pensando no bem-estar dos mesmos.”
Ela confessou alhures que, nesse período, aos 15 anos começou, então, a se dedicar à enfermagem, tratando de doentes em seu domicilio, onde, não apenas aprendeu os primeiros cuidados de enfermagem, mas igualmente, os cuidados com os mesmos, como: o lençol, o banho, a alimentação, o saber ouvir o doente, etc.
Ela confessou também, a dificuldade que a família lhe imporia, por que essa profissão não era reconhecida e não era bem vista.
“O trabalho da enfermagem, em seus primórdios, compreendia, segundo ela, três elementos principais: o espírito de serviço (ou ideal), a habilidade (arte) e a ciência. O espírito de serviço teria sido o primeiro em ordem cronológica e de importância para ela.
É importante destacar que Laís Netto dos Reys e waleska Paixão exerceram marcante militância na educação da enfermagem brasileira.
Depois de um período em que esteve envolvida com catequese em Belo Horizonte, ela volta para o Rio de Janeiro e se torna docente e ao mesmo tempo aluna da Escola de Enfermagem Carlos Chagas (EECC) em 1935, lecionando as seguintes disciplinas: Ética e História da Enfermagem; Enfermagem Cirúrgica; Português; Matemática; Cálculos e Soluções; Psicologia; Nutrição; Higiene Geral e Histologia.
Atendendo exigência para o exercício do cargo de Diretora de Escola de Enfermagem, Waleska Paixão teve que complementar sua formação. Para tanto, fez, em 1943 e 1944, o curso de Administração e Ensino, nos Estados Unidos. Com bolsa de estudos do Instituto de Assuntos Interamericanos, ficou dez meses na Universidade de Cornell, em Nova Iorque, Estados Unidos, onde fez estágios, visitou escolas e serviços de saúde. Ao regressar dos Estados Unidos, preocupada em formar novos líderes da enfermagem, ela indicou o nome de Celina Viegas, egressa e instrutora de enfermagem da EECC, para fazer a complementação de estudos naquele Instituto. A sua indicação teve imediata repercussão, e Celina Viegas organizou e dirigiu a Escola de Enfermagem Hermantina Beraldo, em Juiz de Fora, Minas Gerais, criada pelo Departamento Estadual de Saúde, em 1946.
“Durante o período em que permaneceu em Belo Horizonte (1935-1948), além das atividades na EECC, Waleska Paixão colaborou em trabalhos de catequese, fez cursos de Teologia e Filosofia no Instituto Superior de Cultura Católica; lecionou Francês e Matemática no Colégio Santa Maria e na Escola de Comércio de Belo Horizonte.”
Após contato com Laís Netto dos Reys, mudou-se para o Rio de Janeiro em maio do mesmo ano. Nesse sentido, Waleska Paixão, estando apta a assumir direção de Escolas de Enfermagem, tornou-se, novamente, sucessora de Laís Netto dos Reys, em 1959, iniciando sua trajetória na EEAN.
“Entre as inúmeras homenagens que recebeu, destacam-se, em 1960, a Medalha Comemorativa do Centenário da Escola do Hospital São Tomas, criada pela ABEn, com a efígie de Florence Nightingale; em 1963, a comemoração realizada na EEAN pelos 25 anos de sua formatura, ocasião em que a EECC se fez representar; em 1968, o prêmio Enfermeira do Ano, oferecido pela ABEn ; em 1983, o título de "Professor Honoris Causa" outorgado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Waleska Paixão aposentou-se em 1970 e nos vinte anos seguintes, dedicou-se a trabalho pastoral na Arquidiocese do Estado de Sergipe. Devido a problemas de saúde, retornou a Petrópolis, onde faleceu em 25 de novembro de 1993. Determinação e persistência são características dessa personagem”. 


 Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. 



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