domingo, 29 de novembro de 2015

VISITA DO PAPA À ÁFRICA (6) (Serie 71 anos, 93°)


Neste dia 29 de novembro, o papa Francisco deverá cumprir o seguinte programa: seguirá para a República Centro-Africana, cuja capital é Bangui. No país, visitará o presidente, o campo de refugiados e os bispos. Saudará, ainda, as comunidades evangélicas na Faculdade de Teologia Evangélica e celebrará missa na catedral de Bangui, onde haverá confissões e vigília de oração.
No palácio presidencial, segundo a Agencia Ecclesia 29/12/2015, o papa falou: “Trata-se de viver e construir a partir da maravilhosa diversidade do mundo circundante, evitando a tentação do medo do outro, de quem não nos é familiar, de quem não pertence ao nosso grupo étnico, às nossas opções políticas ou à nossa confissão religiosa”.
A chefe de Estado da transição da RCA, Catherine Samba-Panza, saudou a “coragem” de Francisco por visitar o país e pediu perdão pelo conflito que se arrasta há vários anos, tendo provocado centenas de mortos e quase um milhão de refugiados e deslocados internos.
No ‘Palais de la Renaissance’, perante autoridades políticas, membros do corpo diplomático e representantes das organizações internacionais, o Papa apresentou-se como “peregrino de paz” e “apóstolo de esperança”.
“Renovo a disponibilidade da Igreja presente nesta nação a contribuir cada vez mais para a promoção do bem comum, nomeadamente através da busca da paz e reconciliação”, acrescentou.
Francisco afirmou que já se “caminha gradualmente para a normalização da vida sociopolítica” na RCA e deixou votos de que as próximas eleições “permitam ao país empreender serenamente uma nova fase da sua história”.
A intervenção partiu do lema deste país africano, ‘Unidade – Dignidade – Trabalho’, um compromisso para os responsáveis políticos. “Soube, com prazer, que a República Centro-Africana é o país do «Zo kwe zo», o país onde cada pessoa é uma pessoa. Então, que tudo se faça para tutelar a condição e a dignidade da pessoa humana”, pediu.
Francisco desejou que a prioridade seja “ajudar os mais pobres” e promover o acesso à educação, alimentação e cuidados de saúde. “O trabalho de construção duma sociedade próspera deve ser uma obra solidária”, precisou.
O Papa realçou, por outro lado, a “excecional riqueza de biodiversidade” desta região, alertando para a grave responsabilidade de uma boa exploração dos recursos ambientais. “Possa o povo centro-africano, bem como os seus dirigentes e todos os seus parceiros apreciar, no seu justo valor, estes benefícios, trabalhando sem cessar pela unidade, a dignidade humana e a paz fundada na justiça”, concluiu.
Depois disso, o papa visitou um campo de refugiados aos quais dirigiu as seguintes palavras:  “sejam capazes de perdoar e promover a fraternidade, que possais viver em paz, qualquer que seja a vossa etnia, cultura, religião ou estatuto social, em paz, porque todos somos irmãos”
            A seguir,  o papa, na Faculdade Teológica Evangélica de Bangui, perante 400 representantes das comunidade evangélicas, sublinhou: “Deus não faz diferença entre aqueles que sofrem” ... “Asseguro-vos que a minha oração vos acompanha neste caminho fraterno de serviço, reconciliação e misericórdia, um caminho longo mas cheio de alegria e esperança”.
            E por fim,  as 17:00 no horário local, o Papa Francisco apelou hoje na República Centro-Africana ao fim da “espiral” da vingança, num dia em que fez história, ao abrir, pela primeira vez, a porta santa de um Jubileu fora de Roma.
“Uma das exigências essenciais da vocação à perfeição é o amor aos inimigos, que protege contra a tentação da vingança e contra a espiral das retaliações sem fim”, disse, na homilia da Missa a que presidiu em Bangui, perante padre, religiosos, catequistas e jovens católicos.
A celebração começou com a abertura da porta do Ano da Misericórdia (8 de dezembro de 2015-20 de novembro de 2016), convocado pelo Papa, que hoje começou de forma excecional na República Centro-Africana (RCA).
“A todos aqueles que usam injustamente as armas deste mundo, lanço um apelo: deponham esses instrumentos de morte; armem-se, antes, com a justiça, o amor e a misericórdia, autênticas garantias de paz”, pediu Francisco, na Catedral da Imaculada Conceição, que reuniu cerca de 2500 pessoas no seu interior; outros milhares acompanharam a celebração no exterior da Sé.
Para o Papa, o rito de abertura da Porta da Misericórdia na RCA fez hoje de Bangui a “capital espiritual do mundo”.
Durante este rito, Francisco sublinhou que quis visitar “uma terra que sofre há anos a guerra, o ódio, a incompreensão, a falta de paz”. “Nesta terra sofredora também estão todos os países do mundo que passam pela guerra”, observou, numa intervenção improvisada, à porta da catedral. “Bangui torna-se a capital espiritual da oração pela misericórdia de Deus”, acrescentou.
O Papa convidou a rezar pela paz “para Bangui, para toda a República Centro-Africana, para todo o mundo, para todos os países que sofrem a guerra”.
Francisco surpreendeu a multidão ao falar em língua sango para pedir “amor e paz”.
Após a fórmula de abertura da Porta Santa, o Papa rezou em silêncio e entrou na Sé de Bangui, à frente da procissão.
Já na homilia da Missa, com a ajuda de um tradutor, Francisco deixou uma saudação a todos os centro-africanos, “os doentes, as pessoas idosas, os feridos pela vida”.
A intervenção convidou os habitantes da RCA a rejeitar “conceções de família e de sangue que dividem”. “Depois de nós mesmos termos feito a experiência do perdão, devemos perdoar”, defendeu.
Neste contexto, o Papa desejou que os responsáveis da Igreja sejam “artesãos do perdão, especialistas da reconciliação, peritos da misericórdia”. “Em todos os lugares, mas sobretudo onde reinam a violência, o ódio, a injustiça e a perseguição, os cristãos são chamados a dar testemunho deste Deus que é amor”, precisou.
No início do tempo litúrgico do Advento, tempo de preparação para o Natal no calendário católico, Francisco insistiu na importância da “força do amor que não recua diante de nada”. “Reconciliação, perdão, amor e paz”, concluiu, sob os aplausos da assembleia.
Na saudação da paz, o pontífice argentino desceu do altar e cumprimentou dois elementos da plataforma inter-religiosa para as negociações de paz: o pastor Nicolas Guerekoyame Gbangou, presidente da Aliança das Igrejas Evangélicas Centro-africanas, e o imã Oumar Kobine Layama, presidente do Conselho Islâmico da RCA.
            Após a Missa, o programa da visita papal inclui uma vigília de oração com os jovens da RCA, junto à Catedral de Bangui.



Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. 999



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