sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O PAPA DAS HOMILIAS (Seria 71, 73°)


         Desde o início do seu pontificado, um dos pontos em que o papa Francisco tem insistido no ministério dos bispos, dos padres e dos diáconos é a homilia.
         Pouco tempo faz, ele manifestava sua desaprovação às homilias abstratas e moralistas.
         O Diretório da Homilética da Congregação para o Culto divino, saiu com a sua aprovação mas não de acordo com que ele pretendia.
         O papa insiste, a partir de sua própria experiência de pregador, que é necessário “recuperar o fascínio da beleza, o estupor tanto de quem celebra, quanto das pessoas. É preciso entrar em uma atmosfera espontânea, normal, religiosa, mas não artificial”1. E acrescentou à mesma época: “recupera-se o estupor, aquilo que se sente no encontro com Deus”. Estupor que “nos atrai e nos deixa em contemplação” e, “contra o estupor, vai todo tipo de artificialidade”. É indispensável “pregar normalmente diante de Deus, com a comunidade”1.
         Mas o papa também advertiu contra o padre “showman”, contra os sermões muito longos, complexos, artificiais, sofisticados, cheio gestos...
         Mais recentemente ao presidir a ordenação episcopal de um bispo auxiliar de Roma, voltou-se para o tema da homilia. Ao novo bispo disse:
         “Anuncie a Palavra em todas as ocasiões oportunas e, às vezes, não oportunas; admoesta, repreenda, mas sempre com doçura; exorte com toda a magnanimidade e doutrina. Que as suas palavras sejam simples, que todos entendam que não sejam longas homilias”2.
         E acrescentou mais à frente:
         “Que as homilias sejam precisamente a transmissão da graça de Deus: simples, que todos entendam e que todos tenham a vontade de se tornar melhores”2.
         Andrea Grillo - leigo italiano, professor do Pontifício Ateneu S. Anselmo, de Roma, do Instituto Teológico Marchigiano, de Ancona, e do Instituto de Liturgia Pastoral da Abadia de Santa Giustina, de Pádua – em artigo publicado hoje pelo IHU3 vai além elogiando as homilias do papa Francisco, com as seguintes palavras:
         “Nos discursos de Francisco, ressoa liberdade da poesia de Borges, o neorrealismo do cinema italiano, a força da grande literatura europeia e norte-americana dos séculos XIX e XX. Ele não mereceria o Nobel da Paz, mas um doutorado honoris causa em literatura italiana, como reconhecimento por parte do humanismo italiano em relação a uma voz que, mesmo vindo do fim do mundo – ou talvez precisamente por causa disso – soube dar uma leitura dele tão cheia de autoridade quanto original”3.
         E mais:
         “ O discurso é “simples”, as frases individuais são lineares e incisivas, deixam-se citar com facilidade, mas escondem uma trama de “figuras retóricas, de “sequências argumentativas” e de “repentinas mudanças de registro”, com eficácia totalmente supreendente”3.

Citação:

1.     Manual do Papa Francisco para a homilia perfeita. IHU ONLINE. 20 de fevereiro de 2015.
2.     “Que as suas palavras sejam simples, que todos entendam, que não sejam longas homilias”, diz o Papa Francisco a novo Bispo. IHU ONLINE. 10 de novembro de 2015.

3.     O segredo de “sermões” de Francisco: a forma inquieta dos discursos e a sua “orationis ratio”. Artigo de Andrea Grillo. IHU ONLINE. 13 de novembro 2015.

Digitou este artigo Vinicius Maniezo Garcia enfermeiro e cuidador do autor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário