Desde
o início do seu pontificado, um dos pontos em que o papa Francisco tem
insistido no ministério dos bispos, dos padres e dos diáconos é a homilia.
Pouco
tempo faz, ele manifestava sua desaprovação às homilias abstratas e moralistas.
O
Diretório da Homilética da Congregação para o Culto divino, saiu com a
sua aprovação mas não de acordo com que ele pretendia.
O
papa insiste, a partir de sua própria experiência de pregador, que é necessário
“recuperar o fascínio da beleza, o estupor tanto de quem celebra, quanto das
pessoas. É preciso entrar em uma atmosfera espontânea, normal, religiosa, mas
não artificial”1. E acrescentou à mesma época: “recupera-se o
estupor, aquilo que se sente no encontro com Deus”. Estupor que “nos atrai e
nos deixa em contemplação” e, “contra o estupor, vai todo tipo de
artificialidade”. É indispensável “pregar normalmente diante de Deus, com a
comunidade”1.
Mas
o papa também advertiu contra o padre “showman”, contra os sermões muito
longos, complexos, artificiais, sofisticados, cheio gestos...
Mais
recentemente ao presidir a ordenação episcopal de um bispo auxiliar de Roma,
voltou-se para o tema da homilia. Ao novo bispo disse:
“Anuncie
a Palavra em todas as ocasiões oportunas e, às vezes, não oportunas; admoesta,
repreenda, mas sempre com doçura; exorte com toda a magnanimidade e doutrina.
Que as suas palavras sejam simples, que todos entendam que não sejam longas
homilias”2.
E
acrescentou mais à frente:
“Que
as homilias sejam precisamente a transmissão da graça de Deus: simples, que
todos entendam e que todos tenham a vontade de se tornar melhores”2.
Andrea
Grillo - leigo italiano, professor do Pontifício Ateneu S. Anselmo, de Roma, do
Instituto Teológico Marchigiano, de Ancona, e do Instituto de Liturgia Pastoral
da Abadia de Santa Giustina, de Pádua – em artigo publicado hoje pelo IHU3
vai além elogiando as homilias do papa Francisco, com as seguintes palavras:
“Nos
discursos de Francisco, ressoa liberdade da poesia de Borges, o neorrealismo do
cinema italiano, a força da grande literatura europeia e norte-americana dos
séculos XIX e XX. Ele não mereceria o Nobel da Paz, mas um doutorado honoris causa em literatura italiana,
como reconhecimento por parte do humanismo italiano em relação a uma voz que,
mesmo vindo do fim do mundo – ou talvez precisamente por causa disso – soube
dar uma leitura dele tão cheia de autoridade quanto original”3.
E
mais:
“
O discurso é “simples”, as frases individuais são lineares e incisivas,
deixam-se citar com facilidade, mas escondem uma trama de “figuras retóricas,
de “sequências argumentativas” e de “repentinas mudanças de registro”, com
eficácia totalmente supreendente”3.
Citação:
1.
Manual do Papa Francisco para a homilia
perfeita. IHU ONLINE. 20 de fevereiro de 2015.
2.
“Que as suas palavras sejam simples, que
todos entendam, que não sejam longas homilias”, diz o Papa Francisco a novo
Bispo. IHU ONLINE. 10 de novembro de 2015.
3.
O segredo de “sermões” de Francisco: a
forma inquieta dos discursos e a sua “orationis ratio”. Artigo de Andrea
Grillo. IHU ONLINE. 13 de novembro 2015.
Digitou este artigo Vinicius Maniezo Garcia enfermeiro e cuidador do autor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário