quinta-feira, 17 de março de 2016

A MADRE SUPERIORA ME PÔS FORA DO GALPÃO (Serie 71 anos, 220°)


            O galpão era grande e servia para aulas de ginastica das alunas, para os recreios no intervalo das aulas, etc.  Foi usado até mesmo para duas ordenações presbiterais: a do padre João Batista Scotta e do padre Aryclenes Rodrigues Barbosa!
            Pois, foi neste galpão que entrei uma manhã com a minha caixa de engraxate e logo apareceram algumas freguesas, pedindo que engraxasse seus sapatos. As meninas do colégio vestiam uma saia azul marinho plissada e uma camisa branca com o distintivo do colégio. “Neste tempo” as meninas ainda eram muito recatadas e não se expunham facilmente.
            Estava engraxando o sapato de uma quando a madre Eulália, superiora do colégio apareceu e, aos gritos me pôs pra fora!
            Ela não percebeu que, pela minha idade, só queria mesmo ganhar uns trocados com meu oficio de engraxate e nem me passou pela cabeça, o que passou na dela: pensou que eu estivesse me aproveitando para ver as “pererecas”.... e fui enxotado pior que um cachorro vira-lata.
            Depois de padre nos encontramos umas duas vezes. Ela estava aposentada e residindo em Amparo. Nunca falei com ela sobre o que ela me fez. Mas, até hoje, tenho comigo esta sua injustiça. Afinal, em tempos de misericórdia, a gente perdoa.



 Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. 


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