A teóloga de
vanguarda e destacada professora de Teologia na Fordham University (E.U.A.),
Irmã Elizabeth Johnson da Congregação de São José falando sobre a criação na
Mary House, casa do Movimento do Trabalhador Católico (em inglês, “Catholic
Worker Movement”), em Nova York, propôs a substituição da imagem da pirâmide na
qual o homem aparece no topo da criação, pela imagem de Circulo da Vida, que
abraça a evolução e a história biológica compartilhada entre todas as criaturas
do planeta.
“Temos de concluir, de forma muito
radical, que o sopro de vida em nós tem a mesma fonte enquanto sopro de vida
nos animais. Porque somos todos criados por Deus, temos mais em comum do que
aquilo que nos separa enquanto criaturas”, disse ela.
Francisco contribui com algo novo para
este longo debate, ao acentuar a comunidade da criação. Não há justificativa
para a dominação sobre as demais criaturas, pois elas também possuem um valor
intrínseco e compartilham do amor de Deus.
Além disso, os maus tratos à natureza e à
criação é algo profundamente pecador e contradiz a vontade do criador de que o
mundo deve florir, disse a palestrante.
A conversão à terra inclui componentes
intelectuais, emocionais, éticos e espirituais. Intelectualmente, o
distanciamento de uma visão da vida centrada no ser humano irá honrar a
presença de Deus “na, com e sob a comunidade ecológica de todas as espécies”,
afirmou Johnson.
Emocionalmente, há uma necessidade de nos
afastarmos da ilusão do ser “ser humano em separado” e das “demais espécies
isoladas” em direção a um parentesco e uma afiliação sentida com todas as
criaturas. Se este esforço for bem-sucedido, imagens tais como a do “irmão sol,
irmã lua” – personagens centrais no Cântico das
Criaturas de São Francisco de Assis – tornar-se-ão verdades sentidas
e não poesia.
Eticamente, a conversão requer que a
sociedade “se relacione com a terra com respeito, não com rapacidade”, disse
ela.
“Um universo moral limitado à pessoa
humana não é mais apropriado. Devemos centrar novamente a atenção em toda a
comunhão de vida”.
“Uma tal conversão nos leva a trazer de
volta o mundo natural para dentro do nosso imaginário religioso com oração,
arte, música, justiça e caridade. O desafio é desenvolver uma espiritualidade
que faz do amor à terra e às suas criaturas ser parte intrínseca da fé em Deus,
em vez de um elemento opcional”, declarou, acrescentando:
“Uma conversão ecológica significa
apaixonar-se pela terra como uma comunidade viva inerentemente valiosa na qual
participamos, e esforçar-se para ser fiel ao seu bem-estar criativo, porque
amamos Deus, que ama a terra incondicionalmente”.
“Não estamos falando simplesmente de uma
obrigação moral. Temos aqui um chamado para uma relação mais profunda com o
Deus que nos transforma para uma maior generosidade em ressonância com o amor
que nos criou e que nos fortalece”, disse Johnson.
“Como Deus poderia criar o mundo todo e
deixar apenas uma espécie reinar?”, concluiu.[1]
Digitou esse texto
Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.
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