domingo, 13 de março de 2016

MUSICA CLASSICA (Serie 71 anos, 215°)


            Aprendi a gostar de musica clássica ainda adolescente, graças a duas pessoas em Jardinópolis: Dr. Paulo Portugal (1902 – 1982) e Pe. Geraldo Van Rooyen, SCJ (1913 – 1963). Este ultimo era capelão do Colégio Sagrado Coração de Jesus de Jardinópolis. Como bom holandês, adquiriu uma vasta cultura de musica erudita e sabia aprecia-la com o necessário silencio para não perder nenhum detalhe do que se ouvia.  Ademais, ele tinha sido Professor de Teologia e escrevera vários artigos teológicos na Revista REB (Revista Eclesiástica Brasileira) de grande circulação entre o clero.
            Sua permanência na cidade devia-se a motivos de saúde. Varias vezes o acompanhei à casa do Dr. Paulo Portugal para ouvirmos determinados compositores, com as preleções do anfitrião. Dr. Paulo era dentista aposentado e possuía no município uma fazenda: A fazenda São Francisco, com uma casa grande e, ao lado, uma capela dedicada ao Santo de acordo com a planta por ele desenhada que é, em miniatura a própria basílica de São Francisco de Assis na cidade de Assis, por ele visitada.
            Dr. Paulo se sentia como um professor informal para falar aos jovens sobre musica clássica e sobre literatura. Além dos encontros informais que ele organizava em sua casa na fazenda, tentou fundar um centro cultural no próprio salão paroquial da matriz. Teve inauguração e pouco tempo de funcionamento. Ele se sentia impotente diante do que ele chamava de “cultura dominante do futebol” na cidade, por isso, de balde foram seus esforços. Alguns desses jovens, porem, desenvolveram a semente por ele lançada. Mui justa, pois, a homenagem prestada por ele pela administração municipal outorgando-lhe seu nome para Museu e Casa da Cultura Dr. Paulo Portugal.
            O motivo desta crônica, entretanto, deveu-se a passagem do Dia Nacional da Musica Clássica (05 de março).
            A musica clássica tem uma especificidade que lhe é própria: ela tem a marca da transcendência, ela nos faz meditar, entrar dentro de nos mesmos e, ao mesmo tempo, ultrapassar a nós mesmos. Ela nos traz inspiração, prazer auditivo e também, orar, agradecendo a Deus que deu aos grandes compositores a graça de nos transmitir a preciosidade de suas inspirações. Ela tem igualmente um fator terapêutico, constituindo em um saudável momento de recuperação da saúde, ou pelo menos de um saudável tempo de adiamento ou de esquecimento da dor.


 Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor. 


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