Aprendi a
gostar de musica clássica ainda adolescente, graças a duas pessoas em
Jardinópolis: Dr. Paulo Portugal (1902 – 1982) e Pe. Geraldo Van Rooyen, SCJ
(1913 – 1963). Este ultimo era capelão do Colégio Sagrado Coração de Jesus de
Jardinópolis. Como bom holandês, adquiriu uma vasta cultura de musica erudita e
sabia aprecia-la com o necessário silencio para não perder nenhum detalhe do
que se ouvia. Ademais, ele tinha sido
Professor de Teologia e escrevera vários artigos teológicos na Revista REB
(Revista Eclesiástica Brasileira) de grande circulação entre o clero.
Sua
permanência na cidade devia-se a motivos de saúde. Varias vezes o acompanhei à
casa do Dr. Paulo Portugal para ouvirmos determinados compositores, com as
preleções do anfitrião. Dr. Paulo era dentista aposentado e possuía no
município uma fazenda: A fazenda São Francisco, com uma casa grande e, ao lado,
uma capela dedicada ao Santo de acordo com a planta por ele desenhada que é, em
miniatura a própria basílica de São Francisco de Assis na cidade de Assis, por
ele visitada.
Dr. Paulo se
sentia como um professor informal para falar aos jovens sobre musica clássica e
sobre literatura. Além dos encontros informais que ele organizava em sua casa
na fazenda, tentou fundar um centro cultural no próprio salão paroquial da
matriz. Teve inauguração e pouco tempo de funcionamento. Ele se sentia
impotente diante do que ele chamava de “cultura dominante do futebol” na
cidade, por isso, de balde foram seus esforços. Alguns desses jovens, porem,
desenvolveram a semente por ele lançada. Mui justa, pois, a homenagem prestada
por ele pela administração municipal outorgando-lhe seu nome para Museu e Casa
da Cultura Dr. Paulo Portugal.
O motivo
desta crônica, entretanto, deveu-se a passagem do Dia Nacional da Musica
Clássica (05 de março).
A musica
clássica tem uma especificidade que lhe é própria: ela tem a marca da
transcendência, ela nos faz meditar, entrar dentro de nos mesmos e, ao mesmo
tempo, ultrapassar a nós mesmos. Ela nos traz inspiração, prazer auditivo e
também, orar, agradecendo a Deus que deu aos grandes compositores a graça de
nos transmitir a preciosidade de suas inspirações. Ela tem igualmente um fator
terapêutico, constituindo em um saudável momento de recuperação da saúde, ou
pelo menos de um saudável tempo de adiamento ou de esquecimento da dor.
Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador
do autor.
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