Em
sua viagem pelo México, o Papa Francisco será acompanhado o tempo todo pelo
bispo Raúl Vera. Ele é o bispo, estranhamente, mais ameaçado! “Ele é o rebelde.
O prelado que nos anos 90 virou as costas aos ditados do Vaticano e se somou em
Chiapas ao clero indigenista; o mesmo que agora defende os homossexuais e que
enfrenta em rosto descoberto o cartel dos Zetas”1.
Da
sua entrevista ao jornalista Jan Martínez Ahrens, publicada em El País, destaco as suas seguintes
respostas:
-
Perguntado se a viagem do Papa ao México é um percurso pelos problemas, dom
Raúl Vera, respondeu: “Os lugares são emblemáticos, começando pela Basílica de Guadalupe, o primeiro que quis visitar. Francisco vem
muito preocupado com a migração, com a necessidade de irmanar-se frente a um
modelo econômico que impõe a morte e trata os seres humanos como mercadoria”.
-
Inquerido sobre as consequências da visita, respondeu: “Será uma chamada de
atenção para ser mais responsável. México é
um dos países mais destruídos do planeta; aqui se aplicaram à força as leis
mercantilistas, as grandes empresas se apossaram da nação e amplas regiões
estão submetidas à violência. Não esqueçamos Ayotzinapa. Foi um horror. Levaram os normalistas à vista de
todos. E agora o Exército não se deixa interrogar sobre o que se passou”.
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Por fim, à pergunta “E para um episcopado tão
ortodoxo como o mexicano, o que significará a presença do Papa?”, respondeu: “Francisco fala de misericórdia e de vergonha.
Escutar aqui sua forte palavra nos levará a cerrar fileiras em torno ao
sofrimento, a escutar e atender a voz das vítimas. O sofrimento precisa
rebelar-se. Por isso o Papa vai onde a população, como a indígena, vive uma situação
difícil, onde não são reconhecidos como cidadãos completos, onde não recebem
trabalho, senão caridade... A nós, os bispos, deve fazer-nos pensar o que
escolheu o Papa: a migração, a violência...”.
Citação:
1.
IHU ONLINE. “Há um efeito Francisco nos
cidadãos, mas ainda não na Igreja”. O bispo mexicano mais ameaçado acompanhará
o Papa na visita ao México. 11 de fevereiro de 2016.
Digitou este artigo Vinicius Maniezo Garcia enfermeiro e cuidador do autor.
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