Conforme anunciado, o Papa Francisco e o
Patriarca Kirill se encontraram hoje, dia 12 de fevereiro, no aeroporto de
Havana em Cuba.
Segundo a Agencia Ecclesia[1],
o Papa Francisco dirigiu-se ao Patriarca dizendo: "Somos irmãos, temos o
mesmo Batismo".
A seguir, o Papa o abraçou e o
beijou e disse “finalmente”.
O
Papa agradeceu ao patriarca de Moscou por ter alterado as datas da sua viagem,
após não lhe ter sido possível responder afirmativamente a uma primeira
proposta de encontro.
Mas
finalmente, o encontro aconteceu, presentes foram trocados e um documento final
de Esperança para as igrejas foi expedido.
Massimo
Faggioli, professor de Teologia e diretor do Instituto para o
Catolicismo e Cidadania da Universidade de St. Thomas (E.U.A.)[2],
partindo de sua afirmação de que o Papa Francisco é “alguém que assume alguns
riscos, e este evento certamente envolve alguns deles”.
O mencionado professor, no seu
artigo abaixo citado, menciona três riscos:
Em primeiro lugar, há a dimensão
político-diplomática do encontro. O papa está indo se reunir com o líder de uma
igreja que é vista, cada vez mais, como parte do regime autoritário de Vladimir
Putin e um apoio ideológico para a sua política externa neoimperial.
Esta crítica salienta os riscos à credibilidade de Francisco, especialmente se
se considerar o papel da Igreja Ortodoxa Russa na sustentação das ações
militares de Putin na Síria e na Ucrânia. (Kirill foi,
no entanto, mais cauteloso com respeito à Ucrânia, dadas as consequências
potenciais da perda da Crimeia e da guerra na Ucrânia oriental para as relações
interortodoxas entre Moscou e Kiev.)
Em
segundo lugar, há a política interna das igrejas ortodoxas à luz não só das
rivalidades históricas entre Moscou e Constantinopla pela supremacia dentro da
ortodoxia oriental, mas também do vindouro Grande Sínodo das Igrejas Ortodoxas
na ilha grega de Creta, no mês de junho. Alguns consideram Francisco como
ingênuo com respeito à forma como o Patriarcado de Moscou poderá usar este
encontro para afirmar uma nova supremacia em um período crítico para o futuro
das igrejas ortodoxas. Aqui também a guerra na Ucrânia atua como um fator
importante.
Em
terceiro lugar, há a dimensão ecumênica do encontro. A Igreja Ortodoxa Russa
tem estado muito menos engajada no diálogo ecumênico com a Igreja Católica do
que o tem o Patriarca de Constantinopla; ao concordar em se encontrar com
Kirill, Francisco
é acusado de se sentar à mesa com um líder que não tem mostrado um mínimo de
espírito ecumênico exigido para dar início a um diálogo com o papa.
Digitou esse texto
Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.
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