quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

VIAGEM DO PAPA AO MÉXICO - 11 (Serie 71 anos, 181°)


No seu ultimo dia de viagem ao México, ontem, dia 17 de fevereiro de 2016, em Ciudad Juarez, segundo a jornalista Rita Siza[1], a referida cidade é o lugar onde “milhares de pessoas morreram nos últimos anos a tentar passar para o Texas – existe um pequeno altar que Francisco fez questão de incluir no seu trajeto: foi ali que se construiu o palco que acolheu a última missa celebrada pelo Papa no México, para a qual foram distribuídos mais de 215 mil bilhetes. Além disso, a cerimônia tinha direito a transmissão em direto do outro lado da fronteira – as portas do estádio Sun Bowl, de El Paso, estavam abertas e esperava-se uma multidão de 30 mil pessoas.
A solidariedade manifestada pelo Papa com os migrantes que tentam entrar nos EUA valeu críticas do favorito na corrida à nomeação republicana para a Casa Branca, Donald Trump, que prometeu reforçar o muro que separa os dois países se for eleito Presidente. “Não me parece que o Papa perceba o perigo que a fronteira com o México representa”, declarou o milionário, que causou polêmica ao descrever os imigrantes mexicanos como criminosos, traficantes e violadores.
Antes da missa, Francisco visitou o Centro de Reinserção Social número 3 do complexo penal de Juárez, “o inferno”, como era conhecido o estabelecimento prisional mais perigoso do México nos tempos em que era dominado pelo cartel Sinaloa. “Aqui matava-se por nada”, recordou um ex-detido de 48 anos, referindo-se à sequência de motins, agressões e violações a que assistiu durante o seu encarceramento.
Era uma réplica da vida que se vivia fora da cadeia: para os moradores de Juárez, a visita do Papa é a prova acabada das mudanças profundas por que a cidade passou nos últimos cinco anos, depois de ficar conhecida em todo o mundo como o epicentro da violência  e brutalidade dos cartéis do narcotráfico e o símbolo do fracasso da guerra às drogas.
A chegada em força do Exército, a purga das forças policiais locais, e o fim da guerra territorial entre cartéis contribuiu para que, entre 2010 e 2015, o número de homicídios em Ciudad Juárez caísse do recorde de 3000 para 300 – uma descida tão impressionante que chega a iludir a dura realidade que ainda se vive na cidade. Raptos e abusos de mulheres continuam a ser ocorrências comuns; toxicodependentes e sem abrigo, ou prostitutas e “falcões” ocupam bairros inteiros e afugentam os visitantes; a extorsão ainda “come” uma parte das receitas do comércio.
Mas se a presença de Francisco deu azo a elogios ao sucesso das medidas de segurança, também ofereceu uma oportunidade para a população “reclamar” das suas condições de vida: do desemprego ou dos baixos salários, da carência de infraestruturas e também de escolas. O Papa esteve reunido com uma delegação de empresários e dirigentes políticos, a quem lembrou que “o melhor investimento que se pode fazer é nas pessoas, nas famílias”. Para “os jovens que estão expostos à falta de oportunidades de estudo ou de trabalho sustentável” é muito fácil “cair no ciclo do narcotráfico e da violência”, observou Francisco”.

Digitou esse texto Ricardo Rodrigues de Oliveira, enfermeiro cuidador do autor.





[1] IHU. 18/02/2016.

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